Ao todo, 20 equipes de agentes de controle ambiental estão nas ruas
A Secretaria de Saúde de Campinas inicia o ano intensificando as ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti, responsável pela transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Em 2024 foram 121.241 casos de dengue confirmados, representando um aumento de 952% em relação a 2023, quando ocorreram 11.523 casos. O número de mortes aumentou de 3 para 84 pessoas. Com isso, a cidade permanece identificada como área epidêmica. O aumento de casos da dengue no final de 2024 fez a administração pública reforçar o alerta para cuidados na prevenção e combate com o objetivo de evitar novo cenário de emergência em 2025.
Os motivos apontados pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica (Devisa) para o aumento dos casos, foram a circulação de três dos quatro sorotipos da dengue atrelada ao aumento das ondas de calor.
Com o objetivo de combater a doença, a Prefeitura já havia divulgado a expansão do plano de ações em novembro. Nele consta uma parceria com a Polícia Federal para que imagens via satélites sejam utilizadas na busca de criadouros. Além disso, as visitas de agentes do poder público foram apontadas como fundamentais para o sucesso do plano. De acordo com a Secretaria de Saúde, o trabalho de visitas a imóveis é permanente e contínuo. Ocorrendo diariamente de segunda a sexta, com algumas ações programadas para os sábados. As áreas, com casos confirmados de transmissão das arboviroses, são priorizadas para as visitas, no entanto, o objetivo é cobrir todo o território municipal.
São 20 equipes formadas por agentes de controle ambiental da Secretaria da Saúde, que trabalham em conjunto com profissionais contratados de uma empresa de controle de pragas. As ações incluem visitas a imóveis, nebulizações e atendimento às denúncias.
Segundo a administração, 75% dos criadouros do mosquito estão em residências, porém, apesar dos agentes estarem devidamente identificados, muitos moradores recusam a visita.
A Saúde indica que cerca de 52% dos espaços deixaram de ser trabalhados no ano passado, pois, além da recusa, alguns espaços estavam fechados ou desocupados. A pasta afirmou que trabalha para ampliar a conscientização da população a respeito da importância do trabalho. As ações pretendem estabelecer parcerias com lideranças de bairros, comunidades religiosas, campanhas publicitárias educativas em diversos canais de comunicação.
Vale ressaltar que os agentes usam camiseta laranja com gola careca e logo da empresa silkado, enquanto o líder da equipe veste blusa verde com as mesmas características. Em caso de dúvidas sobre se os profissionais estão a serviço do poder público, a orientação da Prefeitura é para que o cidadão se informe pelo telefone 156.
Através da ligação é possível saber se existe uma ação prevista para o bairro naquele dia. Aos sábados, a informação está disponível via o número 199, da Defesa Civil.
A reportagem do Correio Popular acompanhou na tarde de ontem uma equipe de agentes do controle ambiental. As visitas ocorreram nos bairros Real Parque e Jardim São Gonçalo. Miriane Barbosa, líder da equipe, destacou que é necessário uma maior aceitação da população na recepção dos profissionais.
"Devemos criar uma cultura permanente de combate aos criadouros, unindo o poder público com a colaboração da população".
Ela destacou que uma equipe pode cobrir mais de 170 residências em um dia, mas, que em alguns locais, não passam de 20 vistorias. "Dessa forma a lista de pendências aumenta". Durante as visitas os agentes foram instruindo os moradores sobre as melhores estratégias para evitar pontos de proliferação das larvas do mosquito. Miriane contou que já encontrou diversos focos do Aedes Aegypti.
Pratos de plantas com água, piscinas sem o tratamento de cloro adequado, filtro de café descartável, filtro de água de barro, caixa d'água aberta, cachoeiras artificiais de pedra desativadas, vasilhas de ração para cães e gatos, calhas sem manutenção adequada, estão entre os exemplos dados por ela. "Cada bairro tem a sua peculiaridade, por isso, o trabalho tem que ser minucioso".
O aposentado Marcos Cintra, 70, mora com a esposa em uma casa no Jardim São Gonçalo. Ele contou que considera muito importante todas as ações de combate ao Aedes Aegypti.
"Os agentes nos visitam ao menos uma vez por ano e sempre seguimos as orientações". Na casa, os agentes de controle ambiental encontraram os pratos dos vasos de planta com areia ou pedras. "Justamente para não acumular água". As calhas também estavam limpas e não havia materiais mal acomodados, tanto no quintal quanto na casa. "Parabéns pelo seu quintal, está tudo em ordem", elogiou um dos agentes". Após agradecer, Marcos acrescentou que "é fundamental o trabalho de conscientização para que possamos combater essas doenças."
Ainda de acordo com a pasta da saúde, até 16 de dezembro de 2024, data do último relatório das ações de combate e prevenção, ao longo do ano passado foram 1.682.839 visitas a imóveis. Ao todo, foram 263.345 imóveis que passaram pelo processo de nebulização.
VACINAÇÃO
A vacinação é direcionada a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, conforme orientação do Ministério da Saúde. De acordo com a prefeitura, são 65,2 mil pessoas na faixa de imunização. As mensagens via whatsapp são enviadas aos pais ou responsáveis através do número 19-99604-3012, identificado por Acesso Fácil -Saúde Campinas. Os imunizantes estão disponíveis em todos os 68 centros de saúde de Campinas. O esquema vacinal completo é formado por duas doses e a orientação é para intervalo de três meses entre cada aplicação.
Não é preciso realizar agendamento para receber a dose contra a dengue. Basta levar um documento de identidade com foto e a carteira de vacinação, se houver. Segundo Chaúla Vizelli, coordenadora do Programa de Imunização, a dose da vacina é segura e importante para evitar complicações da doença. Frisando que é fundamental que os pais e responsáveis levem as crianças e adolescentes até as unidades básicas de saúde para completar o esquema vacinal, evitando assim, casos graves e até óbitos pela doença.
A Secretaria de Estado da Saúde (Ses-SP) informou que a vacinação segue em curso em 391 municípios paulistas. Em Campinas, de fevereiro até o dia 3 de dezembro de 2024 foram administradas 57.960 vacinas em primeira dose e 22.035 segundas doses.
A Ses ainda anunciou que o Instituto Butantan concluiu, em dezembro, o pedido de registro à Anvisa de sua vacina contra a dengue, a Butantan-DV.
Se aprovada, será a primeira vacina do mundo a imunizar contra a dengue em dose única. Caso isso ocorra, o instituto poderá disponibilizar cerca de 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde nos próximos três anos. A expectativa é de que 1 milhão de doses já sejam entregues em 2025, em caso de aprovação.