Notícia

Guia Viver Bem

Sarcopenia é indicador mais importante de risco de morte em idosos do que síndrome de fragilidade (22 notícias)

Publicado em 19 de março de 2025

Estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London (Reino Unido) mostrou que a sarcopenia deve ser considerada um indicador de risco de morte mais preocupante do que a síndrome da fragilidade. Esse achado, descrito no Journal of Epidemiology and Community Health, auxilia na prática clínica e na triagem de pacientes em risco sem a necessidade de exames complicados.

Fragilidade e sarcopenia são duas síndromes bastante frequentes no envelhecimento, que têm em comum fraqueza muscular e lentidão da marcha e que ajudam a predizer o risco de morte. Na sarcopenia há perda significativa de força, massa muscular e desempenho físico. Já a fragilidade tem um aspecto mais global, podendo ser caracterizada pela presença de três ou mais dos seguintes fatores: perda de peso involuntária, fadiga, fraqueza muscular, diminuição da velocidade de caminhada e baixo nível de atividade física.

Vale explicar que os especialistas classificam como “provável sarcopenia” quando o idoso apresenta somente fraqueza muscular. Já este sintoma associado à baixa quantidade de massa muscular fecha o diagnóstico de sarcopenia. E, quando esse quadro é acompanhado de lentidão da marcha, identifica-se a presença de sarcopenia grave.

“Nem todas as pessoas idosas vão desenvolver sarcopenia ou fragilidade. Mas, em geral, quem tem fragilidade tem sarcopenia. Por isso, a importância desse estudo em direcionar o profissional de saúde na avaliação de risco, como uma forma de auxiliá-lo na tomada de decisão para melhores tratamentos”, afirma Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar e autor do estudo, que foi financiado pela FAPESP.

Os pesquisadores analisaram dados de 4.597 participantes do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA), o estudo longitudinal de saúde da Inglaterra, acompanhados durante 14 anos. E identificaram que, quando a fraqueza muscular era definida pela força da mão menor do que 36 quilos (kg) para homens e 23 kg para as mulheres, o risco de morte foi 17% maior para pessoas idosas com provável sarcopenia, 31% com sarcopenia e 62% com sarcopenia grave, quando comparadas a participantes sem a doença. Por outro lado, o risco de morte foi 49% maior para idosos com fragilidade quando comparado com aqueles sem fragilidade. A condição de “pré-fragilidade” não foi associada a aumento do risco de morte em pessoas idosas.

“Avaliar fragilidade não é complicado, mas acaba sendo mais demorado, pois requer questionários que analisam exaustão e baixo nível de atividade física, além de avaliação da perda de peso não intencional, da força da mão e da velocidade de caminhada. O diagnóstico da sarcopenia é mais simples, feito pela avaliação da quantidade de massa muscular, da força da mão [um indicativo da força global] e da velocidade de caminhada em metros por segundo, sendo que a massa muscular pode ser estimada no consultório com dados relativos a idade, sexo, peso, altura e raça da pessoa idosa”, explica o pesquisador.

Pontos de corte

No meio científico há ainda uma controvérsia sobre qual seria o melhor valor de força da mão capaz de definir fraqueza muscular. Alexandre e os demais autores do artigo defendem a necessidade de aumentar os valores para uma triagem mais acurada (leia mais em: agencia.FAPESP.br/39770).

Os pontos de corte variam desde 36 kg e 23 kg (os mais altos) para homens e mulheres, respectivamente, até 26 kg e 16 kg (os mais baixos). “Nesta pesquisa, analisamos a sarcopenia com os cinco pontos de corte mais frequentes na literatura. E, com isso, identificamos que os mais altos foram os mais eficazes para predizer o risco de morte quando as duas condições – sarcopenia e fragilidade – são postas no mesmo modelo matemático”, afirma.

O estudo Frailty or sarcopenia: which is a better indicator of mortality risk in older adults? pode ser lido em: https://jech.bmj.com/content/early/2024/10/11/jech-2024-222678.

Agência FAPESP* –Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP