Pesquisa da Fapesp indica que os edifícios superaram o número de casas na capital paulista, exceto as favelas.
São Paulo está a cada mais dia verticalizada. Agora, o número de edifícios superaram em quantidade as casas horizontais, de acordo com estudo divulgado pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), da Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O levantamento não inclui habitações de favelas e outros imóveis não regularizados. Os detalhes dessa informação serão divulgados durante O Fórum SP 21, evento a respeito de planejamento urbano de São Paulo que acontecerá dias 21 e 30 deste mês.
Elitização da cidade
Para compor a análise, foram consultadas fontes do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU).
Entre os imóveis verticais com maior tendência de crescimento estão os de padrões médio e alto. A cidade, segundo o Centro de Estudos da Fapesp, caminha, portanto, para um processo de elitização das residências.
Até o ano 2000 existiam 1,23 milhão imóveis residenciais horizontais na cidade, enquanto que os edifícios somavam 767 mil unidades. Dez anos depois, a ordem inverteu, com 1,37 milhão de casas e 1,38 milhão de prédios.
A partir de 2014, com alterações no Plano Diretor e na Lei do Zoneamento, surge um processo de diminuição de terrenos vazios, com a incorporação de novos empreendimentos, e maior demolição de casas de padrão inferior.
Cidade dos arranha-ceús
Assim, a capital paulista vem se mantendo também no topo da lista dos arranha-céus do país.
Em 2022 será inaugurado o prédio mais alto da cidade, o Platina 220, com 50 andares e 172 metros, na Zona Leste.
Atualmente, o edifício de maior altura em São Paulo é o Mirante do Vale, no Anhangabaú, dois metros mais baixo que o novo empreendimento. Em terceiro lugar, e bem próximo em termos de tamanho, está o Figueiras Altos do Tatuapé, com 168 metros e 50 andares.
Esses megaedifícios geram enormes sombras nos imóveis do entorno, ocasionando discussões a respeito do impacto na ventilação e iluminação dos bairros. O edifício Figueiras, por exemplo, quase não pode ser construído. A legislação do município limitava a prédios de nove andares na região de acordo com o Plano Diretor sancionado em julho de 2014.
Entretanto, o pedido de aprovação da obra do Figueiras data de setembro de 2013. O limite de altura dos prédios voltou a pauta de discussão entre diferentes setores visando a revisão do Plano Diretor ainda neste ano. Entidades da sociedade civil querem manter as regras como estão, enquanto setores do mercado imobiliários almejam justamente o contrário - a flexibilização.
A tendência pela construção de grandes prédios remonta a década de 20, quando foi erguido o então polêmico Edifício Sampaio Moreira, no Centro, e com apenas 12 andares - enquanto o padrão da época seguia o estilo parisiense de prédios de até seis andares. Foi considerado de mau gosto. Cinco anos depois do Sampaio Moreira surge o edifício Martinelli, em 1929, com alterações para cima que atingiu 105 metros e 30 andares, em 1934.
E ali perto está o "Prédio do Banespa", ou edifício Altino Arantes, de 1947, e que reinou como a maior construção de concreto armado do mundo por quase 20 aos, além de ser o mais alto de São Paulo durante esse período, com seus 35 andares em 161 metros.
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