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SÃO PAULO: Sob os olhares o mundo (1 notícias)

Publicado em 11 de dezembro de 2002

Por Alexa Salomão
"Por que eu deveria investir numa cidade que alaga quando chove?" A pergunta, feita à queima-roupa por um empresário, surpreendeu Marta Suplicy, a prefeita de São Paulo, durante uma visita oficial ao Japão. O empresário japonês vira pela rede de televisão CNN os carros boiando em mais uma enchente do córrego Aricanduva. A resposta da prefeita foram as obras de drenagem na região, investimento de 130 milhões de reais até agora A experiência deixou duas certezas para Marta' primeiro, não há pior cartão-postal do que a falta de infra-estrutura e a miséria Segundo, os empresários de todo o mundo observam São Paulo. Exagero? O Centro de Estudos sobre Globalização e Cidades do Mundo (GaWC), da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, coloca a capital paulista como uma metrópole global para os negócios, ao lado de Nova York. Londres e Cidade do México. São cidades abertas ao que há de mais moderno no planeta - em tecnologia, gestão e estratégias. O trunfo de São Paulo: funcionar como centro de negócios, amparado no maior potencial de consumo do país, avaliado em 34,2 bilhões de dólares, e numa infra-estrutura financeira com uma centena de bancos nacionais e estrangeiros. Alguns exemplos dessa face moderna de São Paulo parecem saídos dos filmes de ficção científica. Um deles esconde-se no novo prédio que abriga a sede da Serasa, empresa de informações financeiras. No subsolo do edifício, há uma aérea de segurança restrita. Para chegar até lá é preciso atravessar dezenas de portas. A liberação de alguns sistemas depende da leitura da íris. Isso mesmo: o segredo da fechadura está nos olhos. O esquema de segurança que custou 10 milhões de dólares, resguarda as certificações digitais dos negócios realizados pela internet. "A tecnologia se tornou essencial para os negócios locais, cada vez mais internacionais", diz Élcio de Lucca, presidente da Serasa: "Agora fechamos contratos seguros até com a China". A exposição da cidade ao jeito internacional de fazer negócios provoca também uma silenciosa revolução de valores. "Vivemos, acima de tudo, uma mudança de mentalidade", afirma José Fernando Perez, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Tome-se o exemplo do BioLab Sanus. O laboratório farmacêutico prepara-se para investir 2 milhões de dólares na fábrica em Itapecerica e produzir em escala industrial o primeiro hormônio de crescimento humano made in Brazil. O hormônio foi desenvolvido com a utilização da biogenética pela Hormogen, microempresa viabilizada numa incubadora tecnológica da USP. "Ciência e indústria, enfim, se unem no Brasil", diz Dante Alário Jr., sócio do BioLab. Os avanços ganham também as ruas e ajudam a aliviar o trânsito saturado por 4 milhões de veículos. A prefeitura investiu 2,6 milhões de reais na implantação do primeiro terminal de ônibus inteligente da cidade, em Santo Amaro. O sistema computadorizado pode monitorar a velocidade dos veículos e notificarem painéis eletrônicos os horários de chegada e partida de 55 linhas. Duas delas já são controladas por satélite. Catorze câmeras rastreiam as plataformas, reforçando a segurança dos 200 000 passageiros que circulam diariamente pelo local.