As cidades do Estado de São Paulo atingiram um total de 5.147 mortes pelo novo coronavírus ontem. Foram 324 óbitos confirmados da covid-19 em 24 horas, o que representa aumento de cerca de 7%, e mais de mil mortes em apenas uma semana- na terça anterior, 12 de maio, eram 3.949 óbitos.
Ontem, São Paulo também superou o recorde de mortes confirmadas em um só dia, que até agora era de 224 óbitos em 24 horas no dia 28 de abril.
A taxa de ocupação de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) na Região Metropolitana de São Paulo é de 88%. Em todo o Estado, a média é de 71,4% leitos ocupados.
Ao informar os números, o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, fez um apelo para que, durante o feriado prolongado marcado para os próximos dias, a população não saia de casa. “ O feriado que nós temos pela frente não é um feriado de lazer, é um feriado em casa ”, disse. “ Não é para ir para a praia, não é para ir para os parques- mesmo porque estão fechados- tem de usar a máscara do mesmo jeito. ”
O coordenador do centro de contingência para o coronavírus em São Paulo, Dimas Covas, ressaltou que o isolamento da população durante o feriado prolongado é essencial para reverter a tendência de piora nos resultados.
Ele classificou o período entre a quarta, 20, e a próxima segunda-feira, 25, como “ os dias mais importantes dessa batalha contra vírus ”.
“ Estamos perdendo essa batalha contra o vírus, essa é a realidade ”, disse Dimas, acrescentando que nos próximos dias “ a população terá oportunidade de fazer a sua parte ”. “ Os dias que se seguem, na minha opinião, não são dias de feriado. São dias de luto.
” A marca de 5 mil mortos foi atingida enquanto a Prefeitura da capital e o governo estadual tentam estimular a população a ficar em casa.
O governador João Doria (PSDB) enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei que propõe antecipar o feriado de 9 de Julho para a próxima segunda-feira, 25. Já a Câmara Municipal aprovou projeto que autoriza o prefeito Bruno Covas (PSDB) a adiantar tanto o feriado do Corpus Christi quanto o Dia da Consciência Negra para esta semana.
No último domingo, 54% da população paulista ficou em casa- um ponto porcentual a mais do que na semana anterior-, segundo o monitor do governo estadual que verifica o isolamento. No último sábado, o patamar ficou em 50%, mesmo resultado anterior,
Os pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria propõem um modelo de regimes de isolamento social diferenciados entre as regiões do estado de São Paulo. Segundo o trabalho, cada cidade poderia adotar um regime mais adequado à situação da pandemia. “ Nosso projeto vai de encontro ao desafio de desenvolver uma ferramenta que apresenta o nível de mitigação necessário para diferentes cidades em momentos diferentes, com o objetivo de aliviar o impacto sobre as atividades e ao mesmo tempo protegendo o sistema de saúde ”, diz o artigo publicado na plataforma medRxi, ainda não submetido à crítica da comunidade científica. O trabalho é assinado pelos pesquisadores Paulo J. S. Silva, Tiago Pereira e Luis Gustavo Nonato.
O modelo matemático leva em consideração variáveis como o tamanho da população e a capacidade do sistema de saúde dos municípios para estimar o rigor das medidas e a duração dos diferentes níveis de distanciamento. “ No mundo real, a aplicação desses pesos deve ser feita pelos tomadores de decisão levando em consideração os diferentes aspectos políticos e econômicos ”, ponderam os pesquisadores no artigo.
Os cenários elaborados preveem a adoção de medidas de distanciamento social no estado até setembro. Para algumas localidades, os pesquisadores avaliam que o melhor sejam medidas graduais que variam entre o isolamento até o confinamento extremo (lockdown). Em outras cidades, como Osasco, Guarulhos e Santo André, na Grande São Paulo, os pesquisadores sugerem a alternância entre momentos de abertura total e isolamento extremo, como forma de conter a disseminação do coronavírus, preservando ao máximo a atividade econômica.
Para a capital paulista, como o sistema de saúde tem uma capacidade duas vezes maior do que o restante do estado, os especialistas acreditam que será possível abrir mão das medidas de controle antes do que a maior parte dos municípios. Os pesquisadores ressalvam, entretanto, que as previsões precisam de dados acurados para funcionar. “ Porém, o sistema pode ser ajustado à medida que forem recolhidas novas informações ”.
O centro de estudos está sediado no campus de São Carlos, da Universidade de São Paulo, e reúne pesquisadores de universidades estaduais e federais, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).