Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), núcleo de Pesquisa, Difusão e Inovação ligados à Fapesp mostra que tendência de verticalização foi acentuada nas últimas décadas; para empresário do setor imobiliário, comodidade proporcionada por residências em edifícios tem atraído cada vez mais moradores
Uma pesquisa recente realizada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), núcleo de Pesquisa, Difusão e Inovação ligados à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), apontou que, pela primeira vez na história, a cidade de São Paulo passou a contar com mais apartamentos que casas.
De acordo com o estudo, produzido a partir de registros de imóveis, coletados entre 2000 e 2020 e armazenados na Secretaria Municipal de Fazenda da Prefeitura de São Paulo, o número de apartamentos saltou de 767 mil unidades em 2000 para 1,38 milhão em 2020, em um crescimento da ordem de 80%. Por outro lado, a quantidade de casas situadas na capital paulista subiu de 1,23 milhão para 1,37 milhão (aumento de apenas 11,8%).
A pesquisa ainda indicou que, em termos de metragem, a área total somada dos apartamentos na cidade subiu de 386,3 milhões de m², em 2000, para 534,8 milhões de m², em 2020.
Para o engenheiro civil Willian Gonzales Sorensen, CEO e sócio-administrador da SWA Realty, empresa de empreendimentos residenciais de médio padrão, a pesquisa reforça a ideia de que os edifícios, sobretudo aqueles vinculados a condomínios residenciais, são cada vez mais atrativos para uma grande parcela da população.
“A segurança, a comodidade e os recursos de lazer que esses empreendimentos oferecem continuam sendo os principais fatores que contribuem para que essa procura por apartamentos siga em alta”, afirma o empresário. Para ele, casais e jovens universitários compõem o público que, em sua análise, rotineiramente procuram por moradia em condomínios.
Na opinião de Maria Encarnação Sposito, especialista em geografia urbana e professora no câmpus da Unesp em Presidente Prudente, há uma preferência por parte do mercado imobiliário na venda de residências em edifícios. “A verticalização é o formato mais interessante para o mercado imobiliário. Dessa forma, é possível embutir o custo do terreno em que o prédio foi construído no preço de todos os apartamentos à venda”, afirmou ao Jornal da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo).
Para ela, considerando o alto valor da terra em uma metrópole como São Paulo, em especial nas áreas próximas aos eixos de transporte, os edifícios representam uma oportunidade de maximizar o lucro do empreendimento.
A verticalização da capital paulista, nesse sentido, consoante com a análise de Sposito, tem se desenvolvido com o apoio das autoridades municipais e dos técnicos da área de urbanismo. Isso se dá pelo fato de que, desde 2014, o PDE (Plano Diretor Estratégico) de São Paulo – legislação municipal que estabelece regras para o desenvolvimento urbano da cidade – estimula a construção de grandes edifícios nos eixos de transporte público, como os corredores de ônibus e as estações de metrô e de trem.
Sorensen afirma que a localização próxima a estações de metrô, dessa maneira, tem se mostrado um dos principais fatores a serem considerados no momento da escolha de um imóvel. “Há um interesse grande pela facilidade de locomoção”, diz ele. “Morar perto de uma estação de metrô, por exemplo, pode trazer mais qualidade de vida, haja visto que é possível acessar diversos pontos turísticos da cidade com este meio de locomoção”.
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