Conhecido por realizar pesquisas de ponta o investir cada vez mais na aquisição de conhecimento, o Instituto de Física de São Carlos inaugurou, no último dia 8, vários equipamentos adquiridos através do "Programa Emergencial de Apoio à Recuperação e Modernização da Infra-estrutura de Pesquisa do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia", da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Ao todo, foram investidos R$ 4,4 milhões em novos equipamentos e reformas.
O evento contou com a presença de várias personalidades, como o reitor da Universidade de São Paulo. Flávio Fava de Moraes, a diretora do Instituto de Física, Yvonne Primerano Mascarenhas, e José Fernando Perez, diretor científico da Fapesp.
De acordo com o reitor, a Universidade, nesses últimos dois anos, investiu US$ 200 milhões em equipamentos e obras físicas para laboratórios em todos os campi. Desse total, US$ 150, milhões tiveram origem em agências de fomento, sendo a Fapesp a principal parceira, e US$ 50 milhões vieram do orçamento da própria Universidade ao longo da gestão do professor Fava. "Isso equivaleu a um projeto do BID, de oito anos atrás, que deveria ser pago posteriormente, porém a diferença é que esse investimento foi feito com recursos próprios, sem nenhum tostão de dívida", afirma Fava. Para ele, o campus de São Carlos, de uma certa forma, foi privilegiado por ser um centro que faz pesquisa em todos os sentidos. Pesquisa pura, intermediária, aplicada e de desenvolvimento de tecnologia.
INVESTIMENTO NA EFICIÊNCIA
Investir na maior eficiência dos pesquisadores do campus do São Carlos, especialmente do Instituto de Física, foi para o diretor da Fapesp uma grande oportunidade de qualificar as atividades do centro de pesquisa mais ativo da USP. Fernando Perez acredita que esses investimentos em infra-estrutura de pesquisa têm um significado muito grande. São eles que permitem que a pesquisa consiga o seu efeito máximo. "As vezes, devido aos problemas de instalações laboratoriais, pesquisadores de alio nível e com projetos de alta qualidade acabam tendo diversas dificuldades. Esse projeto tem o objetivo de corrigir esses problemas."
Segundo a professora Yvonne Mascarenhas, esse programa atende três pontos fundamentais para o Instituto de Física: transformação de laboratórios, manutenção e atualização da infra-estrutura geral do prédio, assim como a reformulação dos espaços e aquisição de material multiusuários. Por exemplo, a Oficina de Criogenia - onde são gerados os líquidos de temperaturas muito baixas como o nitrogênio e o hélio - foi reformada e ampliada para 116m2, e teve seu equipamento trocado. "Essa nova aquisição, o liquefator de nitrogênio e purificador de gás hélio, veio para substituir o equipamento antigo, que está em funcionamento há 25 anos, já bastante desgastado e com baixo rendimento", conta a diretora do Instituto de Física. Além disso, as oficinas mecânicas obtiveram instrumentos de alta precisão para a fabricação de material de pesquisa e também para o aperfeiçoamento do projeto do microscópio óptico brasileiro.
Lentes, prismas e outros objetos, recobertos por camadas finas fotorrefletoras, agora podem contar com o espectrofotômetro para monitoração de filmes e um sistema de ultrassom para cortes e polimentos dos elementos ópticos. O microscópio eletrônico de corte atômico e funilamento para a caracterização de material faz parte desse pacote para incrementar o nível de pesquisa do instituto.
A biblioteca do instituto também recebeu vários reparos tanto do ponto de vista da rede de informações (Internet), como das instalações físicas (ar-condicionado, estantes deslizantes, microcomputadores). O cabeamento óptico foi instalado no instituto, de uma forma geral, possibilitando acesso a todas as pessoas, facilitando, assim, a comunicação com a Universidade de São Paulo.
Outro aspecto do Programa Emergencial, diz Yvonne Mascarenhas, são os equipamentos multiusuários. Estes, também de última geração, serão usados não apenas pelos pesquisadores do IFSC, mas por outros que tenham um programa de pesquisa e necessitem dessa tecnologia.
A diretora do instituto ressalta que, além da verba da Fapesp, também contou com a ajuda orçamentária da própria USP. "O fato de a Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade ter um programa de complementação de auxílio, mesmo sendo de menor magnitude, permite que se faça as complementações e finalizações com eficiência", conta. "Essa foi uma contribuição muito valiosa."
De uma forma ampla, o Instituto de Física vem contribuindo, sob todos os aspectos, no desenvolvimento da pesquisa básica e aplicada. Por exemplo, o microscópio eletrônico é um projeto que poderá incluir a fabricação de equipamentos semelhantes no País, com a mesma tecnologia e qualidade das grandes empresas estrangeiras. "Assim, será possível instrumentalizar muito melhor as universidades, laboratórios e mesmo as firmas privadas que se utilizam desse recurso."
O projeto de planejamento de novos fármacos, principalmente para doenças tropicais, desenvolvido pelo Grupo de Cristalografia de Proteínas, trará grandes benefícios para a sociedade. O Programa por imagem do espectrômetro NMR (tomógrafos de ressonância magnética) já está em operação. "Inclusive temos uma primeira aplicação direta desses instrumentos na Santa Casa de São Carlos", afirma a diretora.
CDCC e novos PROGRAMAS
Outro evento marcado com a presença do reitor foi a criação da unidade do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC), ou seja a sua institucionalização, e inicio das atividades dos projetos Ensino Público e Pró-Ciência, também da Fapesp.
Segundo Dietrich Schiel, diretor do CDCC, recursos de R$ 640 mil foram investidos em projetos de ensino a distância via Internet. "Esse projeto tem várias abordagens, uma de física, duas de educação ambiental, desenvolvimento das bacias hidrográficas e dos resíduos sólidos (aproveitamento do lixo). Conta também com um laboratório modelo para o ensino de Biologia do 2º grau."
Fava mostrou-se entusiasmado com as atividades do Centro e afirmou que tanto Dietrich Schiel quanto Ernst Hamburger, coordenador da Estação Ciência, também presente no evento, "dedicam-se bravamente ao ensino das ciências no Brasil".
Para o Projeto Experimentoteca estava prevista a assinatura do convênio de exploração de patente junto à empresa Brink Mobil Indústria e Comércio de Brinquedos Ltda. Devido a problemas burocráticos, a assinatura foi adiada.
O diretor, há 17 anos trabalhando pelas atividades do Centro, disse que esse é mais um passo para a profissionalização, já que desde o início as atividades eram desenvolvidas de uma forma artesanal. "A partir desses investimentos será possível pôr em prática as idéias de uma maneira profissional para que consigamos impacto nacional."
Já para Ernesto Rafael Gonzáles, diretor do Instituto de Química, todos os projetos visam a melhoria do ensino secundário. "Os projetos têm como objetivo a preparação do aluno secundário para a futura carreira universitária." São importantes tanto para os alunos, que através da monitoria se capacitam profissionalmente, como para os professores, que podem colaborar com projetos, orientação de trabalhos e atividades em geral.
Notícia
Jornal da USP