Um robô nacional, ainda sem nome, está tomando vida na cidade de São Carlos, situada a 230 km a Noroeste de São Paulo. Ele poderia muito bem ser chamado de “Frank” (nome reduzido de Frankstein) devido às diferentes partes possíveis para a sua montagem, mas o seu nome de batismo ainda está sendo discutido pelas 25 pessoas que formam a “Cientistas Associados” empresa incubada na Fundação ParqTec.
Na verdade, quando o projeto estiver concluído, o robô não terá uma “cara” definida porque os Cientistas Associados estão passando a maior parte do tempo desenvolvendo os módulos possíveis para que escolas ou amantes da Robótica possam montar o seu próprio robô. Logo, haverá robôs com garra, com reconhecimento de voz, imagem, integrado a celular, com câmeras, etc, ou um único robô com todas essas funções integradas. “O coração do robô é a placa-mãe junto com o microcontrolador MSP 430 que é fabricado pela Texas Instruments. A partir da placa, o mesmo robô poderá ser montado de diversas formas” adianta Cláudio Adriano Policastro, coordenador do projeto.
O aspecto tecnológico é um dos itens que chamam a atenção no desenvolvimento desse robô. Junto com o microcontrolador, ele terá um software adequado para programação, enquanto que todos os módulos estão sendo planejados pelos próprios pesquisadores da empresa. Além disso, o software de programação será embutido no DSP via rádio. É algo novo na robótica brasileira.
“Nossa preocupação foi o de montar uma interface muito amigável. A pessoa faz a programação apenas arrastando ícones” disse Policastro. A equipe de design e mecânica está desenvolvendo o módulo “garra” com dois graus de liberdade, enquanto que a equipe de eletrônica e química está estudando o uso de baterias “verdes” que não agridam o meio ambiente. No final do projeto, os pesquisadores esperam poder atender a qualquer cliente que queira iniciar ou aprimorar seus estudos na Robótica, seja através de um robô completo ou por partes.
Mas os Cientistas Associados não querem criar apenas kits robóticos. Os planos, na verdade, são um pouco mais audaciosos. Policastro, que participou de diversas competições envolvendo robôs, também está desenvolvendo com a sua equipe toda a infra-estrutura necessária para organizar “Futebol de Robôs”. Os planos são para montar uma seleção paulista, bem como vender as partes que envolvem essas competições (sistema de visão, kits robóticos, câmera e estratégias de ação).
Esta é a segunda versão do robô desenvolvida pelos Cientistas e recebeu R$ 300 mil da Fapesp-Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Em um prazo de 24 meses, ele será estruturado sob a ótica da pedagogia, sociologia, eletrônica, mecânica, design, química, ciências da computação, entre outras áreas do conhecimento.
Linhas de ação - A Cientistas Associados é uma empresa que está bem além da venda de kits robóticos. Os pesquisadores também prestam serviços para outras empresas na área de sistemas robóticos; divulgam a empresa e sistemas tecnológicos através do projeto social “Robô na Escola”; criaram o “Comitê de Clientes” para ouvir sugestões daqueles que desejam comprar ou compravam robôs da empresa; desenvolvem robôs de segurança; e prestam consultoria para empresas que queiram obter financiamento para pesquisas via Governos estadual, federal ou municipal.
* Matéria originalmente publicada na revista Mecatrônica Facil; Ano: 4 N° 22; Maio / Jun - 2005