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Jornal do Brasil online

Sangue quente, o trunfo dos dinossauros

Publicado em 13 novembro 2009

Uma nova pesquisa reforça a tese de que os dinossauros eram animais com sangue quente e não lagartos gigantes com sangue frio. Esta característica seria um dos principais motivos do sucesso evolucionário dos dinossauros durante os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo.

Os dinossauros ganharam esse nome do biólogo inglês Richard Owen (1804-1892), com o significado de "lagartos terríveis". Mas estudos feitos por paleontólogos nos últimos anos têm enfatizado não a semelhança, mas sim a diferença na fisiologia dos vertebrados gigantescos pré-históricos com a dos lagartos atuais.

A nova pesquisa, publicada na revista PLoS One, investigou se os dinossauros eram endotérmicos ou ectotérmicos. Ou seja, se eram mais parecidos com os mamíferos e aves atuais, de sangue quente, ou com o répteis, de sangue frio. O estudo praticamente atesta que os dinossauros eram endotérmicos.

Então, se os dinossauros eram endotérmicos, eles teriam tido capacidades físicas similares às dos mamíferos e das aves. Poderiam, por exemplo, ter sobrevivido a hábitats mais frios, como montanhas e regiões polares, que matariam os animais ectotérmicos.

Mas essas vantagens têm um preço. Os animais de sangue quente precisam de mais comida do que os outros, porque seu metabolismo mais acelerado exige uma provisão constante de energia.

A pesquisa combinou análise de fósseis, dados da fisiologia de animais atuais e técnicas de modelagem em computador. Um importante dado utilizado foi o gasto energético para andar e correr. Ele está associado com o tamanho da perna - a medida do quadril aos pés é capaz de estimar com 98% de eficácia o gasto energético de animais terrestres.

Estudos anteriores feitos com animais atuais mostraram que os endotérmicos podem sustentar taxas muito mais elevadas de gasto energético. Mamíferos e aves estão sempre em movimento e queimando energia. Como se estima que os dinossauros se movimentavam bastante, o estudo sugere que eles não poderiam ter sido ectotérmicos.

No novo trabalho, Herman Pontzer, da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, e sua equipe aplicaram esses princípios para examinar modelos anatômicos de 14 espécies de dinossauros. Em computador, os pesquisadores reconstruíram os membros dos animais extintos, calculando o volume de músculo necessário para andar ou correr em diferentes velocidades.

Ao comparar os resultados para cada espécie, e organizá-las em uma árvore familiar evolucionária, os autores verificaram que a endotermia pode ter sido uma condição ancestral para todos os dinossauros. Isso levaria a característica de sangue quente para muito tempo antes do que se imaginava.

Da Agência Fapesp