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Salto no conhecimento (1 notícias)

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O subsistema revestimento de argamassa deverá dar um salto tecnológico nos próximos três anos, assim que começarem a ser divulgados os resultados de uma pesquisa encomendada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Tudo começou em abril do ano passado, quando o SindusCon-SP convocou uma reunião com os principais elos da cadeia produtiva de revestimentos. Na ocasião, os principais problemas e gargalos foram expostos a cada agente. Desse encontro surgiu um grupo de trabalho, formado pelo SindusCon-SP, Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Associação Brasileira dos Fabricantes de Argamassa Industrializada (Abai) e Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil (Abratec), que passou a se reunir de maneira sistemática para buscar soluções e respostas. A partir daí criou-se um consórcio para desenvolver as ações, viabilizar economicamente a pesquisa e gerenciar o andamento dos trabalhos e resultados. A Escola Politécnica da USP foi convidada a desenvolver a pesquisa, a fim de preencher essas lacunas no conhecimento do subsistema revestimento. Para Luiz Henrique Ceotto, do Comité de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, trata-se de uma prioridade estudar essa área. As mudanças nas tipologias das edificações - que se tornaram cada vez mais altas e com vãos maiores - e o avanço das tecnologias construtivas, não foram acompanhadas pela evolução do subsistema revestimento. "Usamos a argamassa em edifícios que passaram de 15 a 18 andares para 25 a 50 pavimentos, construídos no mesmo prazo. Sabemos que essas construções altas sofrem deformações muito mais intensas e assim aparecem os problemas de fissuração, aderência e outros, causando prejuízos para a cadeia produtiva e para o consumidor", explica Ceotto.. Posição proativa Segundo Carlos Regattieri, coordenador administrativo-financeiro do consórcio, a iniciativa é importante porque é a primeira vez que a indústria encomenda uma pesquisa desse porte à academia na área de revestimentos. "Acredito que o aspecto de gestão da produção desse conhecimento é pioneiro, pois trata-se de uma encomenda, com prazo determinado, de uma pesquisa tecnológica que terá aplicabilidade imediata, sem prejuízo do conteúdo técnico-cientifico", informa. "A pesquisa foi viabilizada por meio de engenharia financeira, envolvendo a indústria da construção, universidade e agências de fomento federais e estaduais, como Finep e Fapesp. respectiva-mente", esclarece Regattieri. Na opinião de Carlos Cavini, secretário-executivo da Abai, além de existir uma carência muito grande de pesquisas sobre o tema, foi a primeira vez que a indústria e as construtoras se uniram em um projeto desse tipo. 'Esse é um dos grandes méritos do consórcio", explica. Os trabalhos de pesquisa irão dar respostas às questões sobre produtividade, aderência, degradação e formas de controle dos revestimentos. Parceria com a Poli A escolha da Escola Politécnica da USP se baseou na excelência e na experiência da instituição, o que a torna capaz de dar respostas aos problemas detectados. "Fizemos isso porque nenhum elo da cadeia produtiva (a indústria, as construtoras e o setor) estava conseguindo resolver a questão. E também porque não existe uma solução única. Na verdade, precisamos proceder ao desenvolvimento do subsistema revestimento com base científica, preenchendo as lacunas de conhecimento que existem. A argamassa é apenas uma parte desse todo e mesmo que ela seja de qualidade não se consegue ter um bom revestimento", lembra Ceotto. Segundo ele, o problema está localizado bem antes, na fase de projeto. "Não se sabe o que é um projeto de revestimento, o que ele deve conter, como deve ser feito e é aí que tudo se inicia", explica Ceotto. A pesquisa tem um prazo de três anos (primeira etapa), prorrogáveis por mais três anos. "O valor total de recursos é da ordem de um milhão de reais por ano", explica Cavini, da Abai. "Em três anos, deveremos ter a maior parte das perguntas respondidas. Acredito que na primeira fase, vamos conseguir obter o domínio de 70% da tecnologia de revestimento de argamassa", prevê Ceotto.