Os vegetais minimamente processados (VMPs), popularmente conhecidos como vegetais frescos higienizados, são uma opção cada vez mais comum nas prateleiras de supermercados e refeições prontas para consumo. No entanto, um recente artigo publicado na revista Foods traz à tona uma preocupação relevante esses produtos podem conter bactérias, levantando questões sobre higiene e saúde pública.
A pesquisa, que examinou a presença de microrganismos indicadores de falta de higiene ou causadores de doenças em VMPs, revelou resultados alarmantes. Entre as bactérias analisadas estavam a Escherichia coli, um indicador primário de contaminação fecal, além da Salmonella spp. e Listeria monocytogenes. As taxas de prevalência variaram consideravelmente, com valores de detecção oscilando entre 0,7% a 100% para a E. coli, 0,6% a 26,7% para a Salmonella spp. e 0,2% a 33,3% para a Listeria monocytogenes.
O grande apelo dos VMPs reside em sua conveniência. São vegetais cortados, higienizados e embalados, prontos para consumo imediato, agilizando a preparação das refeições e reduzindo o desperdício. No entanto, esse processo de processamento tem um preço - os VMPs costumam ser significativamente mais caros do que seus equivalentes in natura.
A maneira de garantir a eliminação de microrganismos causadores de doenças inclui a utilização de sanitizantes durante a lavagem dos vegetais. O cloro é um dos agentes mais comuns usados para esse fim. No entanto, mesmo com os esforços de higienização, os resultados da pesquisa destacam a persistência de bactérias potencialmente prejudiciais em algumas amostras de VMPs.
Segundo Paloma Medeiros, nutricionista que trabalha com estética e saúde da mulher, a conscientização sobre a manipulação correta dos VMPs é de extrema importância. “É necessário sensibilizar as pessoas para que possam entender a importância da manipulação correta de hortaliças prontas, evitando o consumo da mesma fora de casa. Elas se enquadram em um grupo de risco, uma vez que possuem uma elevada carga microbiana, podendo se tornar um dos meios de transmissão de microorganismos patogênicos, tornando-se um problema de saúde pública”, explicou.
Paloma enfatiza que a contaminação dos VMPs pode ocorrer em diversas etapas, desde a irrigação com águas contaminadas até falhas higiênicas e sanitárias durante o preparo. Portanto, a educação do consumidor sobre os riscos potenciais e a adoção de práticas seguras de manipulação e consumo são cruciais para minimizar a ameaça representada por bactérias presentes nesses produtos.
Higienização correta De acordo com a nutricionista, a lavagem das hortaliças é uma prática comum, mas uma simples lavagem não assegura a redução da carga microbiana. A lavagem deve ser melhorada com o uso de soluções sanitizantes. Dentre os diversos tipos, o cloro é o agente químico mais utilizado, por ser de baixo custo e fácil aquisição.
“Lave em água corrente as verduras, folha a folha, frutas e legumes também, um de cada vez. Deixe de remolho em solução de 1 colher (sopa) de hipoclorito de sódio ou (2 a 2,5% de cloro ativo) para 1 litro de água. Deixe por 10 minutos em temperatura ambiente”, orientou.
Paloma finaliza lembrando que no Brasil, o hipoclorito de sódio é o único agente sanitizante permitido pela legislação que pode ser utilizado na higienização dos alimentos e que contribui para redução dos patógenos relacionados às Doenças Veiculadas por Alimentos (DVAs).