Para quem tem preguiça de lavar um pé de alface, o consumo de saladas prontas e pré-higienizadas parece ser uma boa opção. No entanto, pesquisadores brasileiros fazem um alerta para a possível presença de coliformes — um grupo de bactérias que indica níveis de contaminação em alimentos e podem provocar quadros de diarreia, dependendo do caso.
Liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), o atual estudo analisou os resultados de outras 33 pesquisas — nacionais e internacionais — que analisaram microscópicamente saladas prontas para o consumo. A revisão, publicada na revista Foods , confirma o risco de patógenos, variando conforme a qualidade dos processos de higienização.
“Os vegetais frescos, incluindo os minimamente processados [VMPs], têm sido frequentemente associados a doenças de origem alimentar, o que gera preocupação” em relação ao consumo, aponta Daniele Maffei, professora da USP e coautora do artigo, para Agência Fapesp .
Como é feita a higienização das saladas prontas?
Antes de seguir, vale explicar que as saladas prontas passam por inúmeras etapas de “processamento” antes de chegar ao consumidor final. Por exemplo, são selecionadas, cortadas, lavadas, desinfetadas com cloro, enxaguadas, centrifugadas, embaladas e transportadas.
A contaminação, através das bactérias coliformes, pode surgir em diferentes momentos desse processo, como a falta de higiene por parte dos funcionários ou das instalações de preparo. O uso de água contaminada pode ser outro problema.CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Por si só, o processamento aumenta o risco de crescimento microbiano. Quando a hortaliça é cortada, o citoplasma do vegetal é exposto e este se torna uma potencial fonte de nutrientes para os microrganismos crescerem, como as bactérias.
Quais bactérias são encontradas nas saladas?
Sem detalhar quais marcas de saladas pré-higienizadas estavam contaminadas nos estudos anteriores, os pesquisadores se concentraram nas espécies de bactérias presentes nas amostras coletadas. A seguir, confira as três mais comuns:
Bactéria
Escherichia coli , a principal indicadora de contaminação fecal;
Listeria monocytogenes
“Outros patógenos transmitidos por alimentos detectados em proporções menores incluem B. cereus C. perfringens C. sakazakii e Shigella spp. ”, afirmam os autores no artigo. Vírus e parasitas foram pouco investigados nos estudos disponíveis.
Medidas para evitar contaminação bacteriana
“Os VMPs passam pela etapa de desinfecção na indústria, mas estudos demonstram a possibilidade de falhas que podem colocar em risco a saúde dos consumidores”, afirma Maffei sobre os resultados da revisão.
Por isso, é preciso implementar “um controle rigoroso para evitar falhas no processo e a ocorrência de contaminação cruzada”, acrescenta. Para a especialista, uma legislação específica é necessária para regulamentar este mercado, aumentando a segurança para os consumidores.