Notícia

Agência C&T (MCTI)

Sabonete repele mosquito da dengue

Publicado em 09 maio 2008

Misture glicerina obtida em óleo de cozinha reciclado com essências naturais de plantas como cravo-da-índia, citronela e capim-limão e mais algumas substâncias químicas que aumentam o tempo de ação do produto e está feito um sabonete repelente contra o mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue. O produto começou a ser desenvolvido em outubro do ano passado por pesquisadores do Laboratório de Ciências Químicas da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e foi concluído no final de abril. A expectativa é de que poderá atuar como coadjuvante no combate à dengue.

A intenção inicial, segundo o pesquisador Edmilson José Maria, coordenador da pesquisa e chefe do Setor de Síntese Orgânica do Laboratório de Ciências Químicas da Uenf, é disponibilizar o produto a órgãos públicos ligados à saúde no Rio de Janeiro. A universidade vai produzir um lote de mil unidades do sabonete. A previsão é de que estejam prontos até o final do mês. "Estamos em busca de parcerias com a iniciativa privada para a fabricação em larga escala e comercialização do produto" , afirmou.

Foram feitos testes com concentrações variadas para delinear o maior poder repelente, com a ajuda de áreas de bioquímica e biologia da universidade e chegou-se a uma formulação que garante o poder repelente por até seis horas. "A fêmea do mosquito Aedes aegypti atua no período diurno e nossa intenção é a utilização de um sabonete repelente nesse horário para diminuir o tempo de ataque da fêmea e reduzir gradativamente o número de casos da doença" , explicou.

Os pesquisadores, que pretendem patentear o produto, estão abertos a novas parcerias para realização da pesquisa e também para a colocação do produto no mercado. O desenvolvimento de outros produtos com os mesmos efeitos também estão sendo analisados, como uma versão para lavagem de roupas, com maior poder repelente, cremes e adesivos autocolantes.

José Maria disse à Agência Fapesp que, apesar de ter uma ação comprovada contra o Aedes aegypti, que foi o foco dos estudos, o sabonete conta com grande possibilidade de ter ação repelente contra outros vetores. O objetivo agora é ampliar os testes de sua eficácia contra insetos que transmitem outras doenças humanas e animais.

De acordo com o pesquisador, a eficácia do sabonete foi comprovada em testes com cobaias e humanos. "Primeiramente, aplicamos o sabonete em camundongos, que ficaram em contato com mosquitos Aedes aegypti. Esses insetos são criados em cativeiro no laboratório a partir de uma linhagem que não tem o vírus da dengue, fazendo com que as gerações posteriores do mosquito também não desenvolvam a virulência" , explicou.

Nos testes em humanos, o produto foi aplicado na mão e no antebraço de voluntários da universidade. "Em seguida, inserimos os braços dos voluntários, sucessivamente em um período de seis horas, em gaiolas cheias de mosquitos para verificar se haveria algum tipo de contato dos insetos com a pele, o que não ocorreu" , afirmou José Maria. "Fizemos ainda uma contraprova, em que a mesma base do sabonete sem as substâncias repelentes foi aplicada. Seguimos a mesma metodologia e identificamos um alto número de pousos dos mosquitos na pele dos voluntários."

José Maria disse que "o período de seis horas de atuação do sabonete é o tempo médio em que uma criança, por exemplo, sai de casa usando o produto, vai até a escola e retorna à sua residência" .

Agência Anhangüera