A secretaria estadual de saúde do Rio Grande do Sul confirmou em suas redes sociais que um segundo paciente testou positivo para a varíola dos macacos no Estado. O homem, que tem 34 anos e mora em Porto Alegre, teria sido infectado em viagem à Europa.
O caso foi confirmado laboratorialmente pelo Instituto Adolf Lutz, na capital paulista De acordo com a secretaria, ele segue em acompanhamento médico, apresenta quadro clínico estável, sem complicações e todos que tiveram contato direto com ele estão sendo monitorados por agentes de saúde de forma preventiva.
Dado Ruvic/Reuters
O caso foi confirmado laboratorialmente pelo Instituto Adolf Lutz. Paciente é homem de 34 anos
Esse é o segundo caso da doença no Estado. Um homem que mora em Portugal e estava em viagem a Porto Alegre foi diagnosticado no último dia 12. Os dois casos da doença confirmados até agora no estado são considerados casos importados por serem em pessoas com histórico recente de viagem a outros países e não há no momento registro de outros casos considerados suspeitos no estado.
Com mais esse diagnóstico, no momento, o Brasil registra sete casos confirmados da doença, além dos quatro de São Paulo e um no Rio de Janeiro, e outros 13 estão em investigação, de acordo com a pasta.
No mundo
O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Austrália, confirmaram casos. Ao menos 1,5 mil casos já foram confirmados.
Monitoramento
A varíola dos macacos não deve causar o mesmo estrago que a covid-19, mas merece ser monitorada com atenção. Essa é a avaliação de Ester Sabino, professora da Universidade de São Paulo (USP) e líder do grupo responsável pelo primeiro sequenciamento do vírus no Brasil, trabalho que foi feito em apenas 18 horas.
Isso ocorreu graças a uma técnica metagenômica rápida desenvolvida no Brasil durante o doutorado de Ingra Morales Claro, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Ela faz parte do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), coordenado por Ester.
“Esse vírus não tem uma tranmissão aérea, assim como a covid-19. Doenças respiratórias transmitem mais. O monkeypox precisa de um contato muito íntimo para que as pessoas se contaminem. Por isso, provavelmente a varíola dos macacos não vai ter a mesma dimensão que teve a covid”, explica a professora também esteve à frente do primeiro sequenciamento de Sars-CoV-2 no país, em março de 2020, e dos primeiros casos da nova variante Gama, surgidos em Manaus cerca de um ano depois.
Em entrevista ao Estadão, Ester destaca a importância da rapidez do sequenciamento do vírus causador da varíola dos macacos em comparação ao causador da covid-19, que levou semanas para ser decifrado quando surgiu na China. Segundo Ester, o trabalho dos cientistas de entender o vírus e acompanhar suas mutações é fundamental para frear o avanço da epidemia.
“Agora, o mais importante é que a gente tenha técnicas de PCR disseminadas pelo país para que os casos sejam reconhecidos rapidamente. E o País precisa ter insumos necessários para fazer PCR (teste de qualidade padrão-ouro, com maior precisão) em um grande número de casos. O sequencimento que fizemos não podemos fazer em todo mundo, então é importante que testes mais simples sejam desenvolvidos”, afirma.