Seis jovens cientistas de instituições gaúchas serão cofinanciados pela Fapergs para desenvolver pesquisa
O Rio Grande do Sul teve o maior número de propostas aprovadas entre os sete estados participantes da 6ª chamada pública de apoio à ciência do Instituto Serrapilheira. Seis jovens cientistas de universidades gaúchas receberão recursos para projetos considerados ousados e arriscados nas áreas de ciências naturais (física, química, geociências e ciências da vida), matemática e ciência da computação. No Estado, os valores serão cofinanciados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), vinculada à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict).
Esse resultado representa uma série de ações e investimentos que vêm sendo feitos no Estado, segundo a titular da Sict, Simone Stülp. Ela cita os R$ 112,3 milhões do programa Avançar, do governo do Estado, que estão sendo aplicados em inovação, ciência e tecnologia, incluindo diversos projetos da Fapergs.
Além disso, o Rio Grande do Sul conquistou o primeiro lugar em inovação, em 2021 e 2022, no ranking de competitividade dos estados, divulgado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). Entre outros critérios de avaliação, estão pesquisa científica e bolsas de mestrado e doutorado.
“O bom desempenho desses jovens cientistas demonstra o nosso caráter de revelar mentes brilhantes na área de produção científica”, destaca Simone. Para corroborar essa visão, a secretária aponta que o Rio Grande do Sul é o primeiro Estado em número de docentes com mestrado e doutorado, além de possuir a maior produtividade acadêmica do Brasil, mesmo com apenas 5,4% da população.
Ao todo, 32 pesquisadores de diferentes partes do Brasil serão contemplados com um financiamento total de R$ 22 milhões. O valor é fruto de uma parceria entre o Serrapilheira, o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e Fundações de Amparo à Pesquisa estaduais (FAPs), que vão financiar parte dos subsídios a cientistas de seus respectivos estados. Ou seja, o Serrapilheira e as FAPs apoiam conjuntamente os selecionados pela chamada pública.
Nessa 6ª chamada, o montante disponibilizado pelo Serrapilheira é de R$ 9,1 milhões. Desse valor, R$ 3,2 milhões são destinados ao chamado bônus da diversidade, a ser investido na formação e integração de pessoas de grupos sub-representados nos grupos de pesquisa. O total oferecido pelas FAPs é de aproximadamente R$ 13 milhões. A distribuição dos valores vai variar conforme alguns critérios, como o tipo de uso a ser feito dos recursos, e está sendo avaliada caso a caso com cada FAP.
“A parceria entre o Confap e o Instituto Serrapilheira fortalece o sistema de apoio à pesquisa no Brasil, possibilitando maior sinergia e complementaridade na seleção e no financiamento de projetos de pesquisa de alto risco e impacto”, destaca o presidente do Confap e diretor-presidente da Fapergs, Odir Dellagostin. “Essa colaboração se traduz em benefícios para a comunidade científica e para a sociedade como um todo, com um aumento significativo na capacidade de financiamento de projetos de pesquisa.”
Nessa chamada, participam as Fundações de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Rio de Janeiro (Faperj), de Minas Gerais (Fapemig), do Ceará (Funcap), do Rio Grande do Sul (Fapergs), do Distrito Federal (FAPDF) e do Paraná (Fundação Araucária).
Cientistas selecionados
A 6ª chamada valorizou projetos de pesquisa arriscados, partindo da premissa de que a ciência avança mais quando assume riscos. Dessa forma, os candidatos deveriam detalhar como suas escolhas poderiam dar errado e o que eles pretendiam fazer caso isso ocorresse.
Os contemplados vão receber entre R$ 200 mil e R$ 700 mil, a serem usados durante cinco anos. Eles também terão acesso a recursos extras – até 30% do subsídio recebido – para investir como bônus da diversidade.
Conheça os cientistas de instituições gaúchas selecionados:
Ciências da vida
Gabriela Cybis
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Projeto: Podemos fazer melhor uso de sequências genéticas para identificar novas variantes virais de rápida propagação antes mesmo de emergirem nos dados?
O projeto vai estudar como usar técnicas de aprendizado de máquina para antecipar e acompanhar o surgimento de novas linhagens de vírus com potencial pandêmico.
Jeferson Vizentin-Bugoni
Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Projeto: As plantas tropicais podem contar com dispersores de sementes para acompanhar as mudanças climáticas e evitar a extinção?
O projeto vai estudar como as diferenças de dispersão de sementes entre plantas tropicais podem afetar seus riscos de extinção, levando em conta o impacto das mudanças climáticas.
Física
Dyana Duarte
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Projeto: Existem fases exóticas no diagrama de fases da cromodinâmica quântica?
O projeto busca entender as implicações de dados recentes sobre ondas gravitacionais na cromodinâmica quântica – a teoria sobre o que se passa no interior das partículas subatômicas, como prótons e nêutrons.
Geociências
Karlos Guilherme Diemer Kochhann
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)
Projeto: As zonas úmidas na Amazônia foram fontes ou sumidouros de carbono durante os últimos estados de aquecimento global?
O projeto busca entender o fluxo de carbono a partir das áreas alagadas da Amazônia no período de aquecimento global do Mioceno, por volta de 14 milhões de anos atrás.
Matemática
Francisco Vanderson Moreira de Lima
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Projeto: Como detectar buracos negros via desigualdades geométricas?
O projeto interdisciplinar une física e matemática, de maneira a buscar formas de detectar buracos negros usando variações geométricas no espaço-tempo.
Renata Rojas Guerra
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Projeto: Modelos dinâmicos para variáveis aleatórias duplamente limitadas: como prever indicadores de desenvolvimento sustentável medidos em taxas e proporções?
Utilizando dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico sobre energia hidrelétrica, o projeto vai buscar técnicas estatísticas para a previsão de indicadores do desenvolvimento sustentável.