SÃO PAULO - Criar máquinas capazes de realizar novas descobertas é algo que está saindo do campo da ficção científica. Um dos maiores exemplos na atualidade está no Reino Unido, onde a equipe do professor Ross King, do Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Gales, trabalha há mais de uma década no desenvolvimento de Adam e Eve (Adão e Eva).
O objetivo da dupla automatizada é diminuir o tempo dos ensaios em laboratório para o desenvolvimento de novos fármacos. Além disso, Eve, o modelo de segunda geração, permite encontrar drogas cujos compostos químicos são mais efetivos no tratamento de uma doença e de forma mais rápida e econômica.
Tal façanha é possível graças à capacidade que o robô tem de selecionar compostos, dentre os milhares armazenados em sua biblioteca, que surtirão mais efeito durante os ensaios no combate a determinada doença. E Eve consegue testar mais de um ao mesmo tempo. "Depois, o pesquisador humano analisa os resultados obtidos", disse King à Agência FAPESP.
"Mas mesmo com todos esses recursos é importante destacar que Eve ainda não possui inteligência artificial", completou o professor, que participou nesta quinta-feira (24/2) do Workshop on Synthetic Biology and Robotics, em São Paulo. O evento, organizado pela FAPESP e pelo Consulado Britânico em São Paulo, integra a Parceria Brasil-Reino Unido em Ciência e Inovação.
"Hoje, o robô testa os compostos químicos disponíveis na biblioteca, mas não identifica padrões. A partir da próxima semana trabalharemos para que entenda o trabalho que executa", revelou.
Nessa fase final de desenvolvimento, a meta é tornar Eve capaz o suficiente para identificar novos padrões - combinações de moléculas - que possam vir a ajudar no desenvolvimento de drogas mais eficazes para, em seguida, testá-las.