Robô desenvolvido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP tem a capacidade de reconhecer e imitar movimentos de seres humanos.
O robô humanoide Nao, usado em estudos de robótica veio com funções básicas, como andar e realizar movimentos do corpo, braços e pernas, além de reprodução de fala ativada por teclado. As novas funções permitem que Nao tenha uma maior interação com as pessoas.
"No momento, o robô caminha de seis maneiras diferentes, para frente e para trás, para os lados e girando o corpo. Ele imita os movimentos do corpo humano, por meio de flexões de pernas, joelhos, braços, cotovelos, tronco e pescoço", afirma o pesquisador Fernando Zuher.
Outra função que o humanoide tem desempenhado é interpretar ordens por meio de comandos de gestos. "Agora o robô Nao segue ordens que podem ser dadas a partir de um gesto. Se apontarmos para o lado direito, ele irá nessa direção", diz Roseli Aparecida Francelin Romero, do Departamento de Ciências da Computação do ICMC.
A maior interação entre o robô e o ser humano está sendo desenvolvido por intermédio do uso do Kinect, um sensor de movimentos desenvolvido para o videogame Xbox 360, fabricado pela Microsoft.
O Kinect criou uma nova tecnologia capaz de permitir aos jogadores interagir com os jogos eletrônicos sem a necessidade do uso de controles (joysticks), inovando o campo da jogabilidade.
Zuher esclarece que o Kinect calcula os movimentos e gera dados referentes à posição de cada membro do corpo em 3D através das junções, como cotovelos e joelhos. Cada junção é representada em 3D, nos eixos X, Y e Z. Como a matriz de rotação não era tão estável quando os testes foram feitos, ele teve de transformar os dados da matriz para Ângulos de Euler.
"Por meio do aparelho, fizemos a transferência da matriz de rotação para o Ângulo de Euler. Através disso é feito um cálculo onde o robô rotaciona as juntas do corpo, como joelhos, braços, cotovelos e pescoço", descreve Zuher.
Movimentos
A professora Roseli ressalta que os movimentos do robô ainda são limitados, devido principalmente ao seu tamanho. "Ele tem cerca de 60 centímetros de altura, o que dificulta tarefas simples, como subir escadas" . No caso do movimento do pescoço, Zuher explica que o pescoço humano tem três diferentes movimentos, enquanto que o robô apenas dois, para os lados e para cima e para baixo.
Dentre os projetos futuros para o Nao, Roseli conta que pretende fazer com que ele passe a entender falas humanas, e que possa interpretá-las e respondê-las por meio de um banco de dados.
"Isso tornará o robô ainda mais humano, o que fará com que ele possa interagir ainda mais com as pessoas, respondendo perguntas e formulando respostas", disse Roseli. A pesquisadora esclareceu que também há planos para que o robô auxilie alunos do ensino fundamental no aprendizado de matemática.
Outro plano para o futuro é a criação de um time de futebol de robôs humanoides para participar da RoboCup, competição que reúne as melhores equipes do mundo e que será realizada no Brasil em julho 2014, em João Pessoa (Paraíba), em paralelo à Copa do Mundo de Futebol.
O equipamento atual foi adquirido pelo ICMC junto à empresa francesa Aldebaran Robotics com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O Grupo de Computação Bioinspirada do ICMC já possui tradição em futebol de robôs. A equipe Warthog Robotics, uma parceria do ICMC com a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), já participou da Robocup em 2011 e já venceu torneios nacionais na categoria Very Small Size.
Roseli explicou o grupo já realizou várias pesquisas com os robôs nessa categoria, como por exemplo, reconhecimento dos companheiros de equipe, cálculo da trajetória da dos robôs e movimento para domínio da bola.
"Agora, o objetivo é melhorar os algoritmos de trajetória da bola e aplicar nos robôs Naos, e também adquirir novos robôs deste tipo", conclui.
Fonte: Isaude.net