Os metais pesados que apareceram nas amostras coletadas no Complexo de Tubarão, em Vitória, incluindo o chumbo, também foram encontrados em algumas espécies dos estuários e manguezais, segundo a pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) Iara da Costa Souza.
Esse é o caso do caranguejo, do camarão, da ostra e do robalo-peva. Nesse peixe, utilizado comumente na tradicional moqueca capixaba, a concentração de arsênio e mercúrio está acima do permitido para o consumo humano.
A pesquisadora explicou que, segundo a Agência Ambiental Norte Americana (USEPA), o consumo recomendado de arsênio é de 21 microgramas ao dia, mas no músculo dos peixes examinados foi encontrada uma quantidade até seis vezes maior.
No caso do mercúrio, a recomendação é de 11,2 miligramas ao dia e os exames mostraram quantidade até cinco vezes maior. E isso pode representar um risco para a saúde dos capixabas, principalmente para quem se alimenta do peixe mais de três vezes por semana.
A respeito das demais espécies citadas, a pesquisadora não detalhou os metais e percentuais exatos encontrados, mas destacou que a presença em si de metais não essenciais nessas espécies já é um indicativo de que há desequilíbrio e contaminação nos manguezais capixabas, incluindo o estuário de Santa Cruz, no litoral Norte do estado.
Metais encontrados em manguezais
Essenciais: Todos aparecem naturalmente e desempenham diversos papéis no metabolismo dos seres vivos. Foram achados: ferro, níquel, cobre, cromo, magnésio, manganês, selênio, zinco e boro.
Não-essenciais: Todos são tóxicos. Foram encontrados: titânio, bismuto, tântalo, nióbio, alumínio, vanádio, arsênio, rubídio, estrôncio, prata, cádmio, mercúrio e chumbo.
De A Gazeta