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APM- Associação Paulista de Medicina

Riscos da má alimentação passam de pais para filhos na concepção (42 notícias)

Publicado em 15 de dezembro de 2022

Uma alimentação paterna rica em alimentos doces e gordurosos pode favorecer o aumento de peso e gordura corporal em seus filhos. E o que aponta um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e publicado na revista científica Food Research International. A pesquisa sugere que a qualidade dos alimentos ingeridos pelo pai pode influenciar o eixo intestino-cérebro da prole, sistema que conecta os dois órgãos e está relacionado a problemas metabólicos, entre eles a obesidade.

O trabalho, financiado pela FAPESP, analisou e dosou em ratos proteínas e outros fatores relacionados a homeostase energética (manutenção do equilíbrio entre energia fornecida e dissipada), processos inflamatórios e doenças metabólicas nos filhotes machos e constatou alterações que podem programar a suscetibilidade a doenças.

Na pesquisa, os cientistas induziram a obesidade nos roedores, dando a eles uma dieta com alto teor de gorduras e carboidratos. Para os machos, a alimentação hipercalórica foi fornecida durante as dez semanas que antecederam o acasalamento e, para as fêmeas, durante toda a gestação e a lactaçào.

Amostras de sangue e tecidos dos filhotes machos foram avaliadas em duas ocasiões: logo após a lactaçào, aos 21 dias de vida, e no início da vida adulta, quando completaram 90 dias. Nos dois momentos foram encontradas alterações em fatores associados à homeostase energética. Pesquisadores identificaram o aumento do processo inflamatório, da adiposidade, além de ganho de peso associado ao aumento de neuropeptídeo Y e diminuição de greli- na e de GLP1, hormônio do trato gastrointestinal que atua na regulação do apetite.

Segundo Luciana Pellegrini Pisani, professora do Departamento de Biociências da Unifesp e orientadora do estudo, quando os filhotes se tornaram adultos (aos 90 dias de vida) “houve alteração na adiposidade e parâmetros de controle de fome e saciedade, independentemente da própria dieta”. Isso significa que, mesmo com uma alimentação equilibrada, ocorreram aumento de acúmulo de gordura e alteração no apetite, o que “eleva a probabilidade de desenvolvimento de doenças metabólicas ligadas à obesidade na idade adulta”.

Os resultados permitiram concluir que a alimentação de ambos os genitores pode modular as bactérias na microbiota intestinal da prole e programar sua suscetibilidade a doenças metabólicas.

Fonte: O Globo