A Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou a avaliação de risco de contágio e de impacto do coronavírus, a nível global, de "alto" para "muito alto", igualando a classificação mundial à da China. No entanto, a entidade não declarou o surto uma pandemia. "O contínuo aumento no número de casos e de países afetados nos últimos dias é uma clara preocupação", afirmou o diretor-geral da Organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Segundo a OMS, fora do país asiático, 4.351 pessoas foram diagnosticadas com a doença em 49 países, entre as quais 67 morreram.
Já em território chinês, são 78.959 casos e 2.791 mortes. "Nas últimas 24 horas, a China reportou 329 casos - o menor número em mais de um mês", revelou Tedros. Apesar disso, o órgão internacional acredita que, embora tenha potencial para se tornar uma pandemia, não seria prudente declará-la como tal neste momento, porque essa classificação sugere que todas as pessoas do mundo serão expostas ao vírus, o que ainda não é o caso. "Ainda temos chances de conter o coronavírus, se forem tomadas ações robustas para detectar casos cedo, isolar e tratar pacientes e identificar a rede de transmissão", explicou o diretor-geral.
Mesmo assim, o diretor executivo da entidade, Michael Ryan, alertou que os sistemas de saúde, em todo o mundo, ainda não estão totalmente preparados para um cenário pandêmico. Genoma Em apenas 48 horas desde a confirmação do primeiro caso brasileiro de infecção pelo novo coronavírus, pesquisadores brasileiros conseguiram sequenciar o genoma do vírus que chegou ao País.
Acompanhe as últimas notícias sobre o coronavírus em tempo real. O trabalho foi conduzido por cientistas do Instituto Adolfo Lutz, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP e da Universidade de Oxford. Eles fazem parte de um projeto chamado Cadde, apoiado pela Fapesp e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, que desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real. Conhecer os genomas completos do vírus, que recebeu o nome de SARS-CoV-2, nos vários locais onde ele aparece, é importante para compreender como se dá sua dispersão e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença. Isso pode ajudar no desenvolvimento de vacinas e de tratamentos. A amostra, retirada do paciente de 61 anos de São Paulo, que passou quase duas semanas na região da Lombardia, a mais afetada da Itália, confirma que ela veio da Europa.
É geneticamente parecida com a de um genoma sequenciado na Alemanha. Pesquisadores italianos já isolaram o vírus que circula no país, mas não depositaram ainda o sequenciamento do genoma em nenhum banco público para comparação. "Uma sequência só não revela muita coisa, mas a importância é mostrar que rapidamente somos capazes de fazer e colocar isso à disposição de outros cientistas do mundo. Quanto mais genomas tivermos, mais podemos entender como a epidemia vai evoluindo no mundo. Por isso precisamos ter isso muito rapidamente", explicou ao jornal O Estado de S. Paulo a pesquisadora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical. Em média, no resto do mundo, os grupos de pesquisa estão levando cerca de 15 dias para conseguir fazer o sequenciamento. O projeto brasileiro foi lançado justamente com o objetivo de agilizar esse processo, para ajudar a fornecer informações com mais rapidez. (AE)