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Riqueza biológica da bacia amazônica está má distribuída (21 notícias)

Publicado em 08 de outubro de 2019

Constatação foi feita por pesquisadores que integram o projeto de colaboração internacional Amazon Fish

O número de espécies está má distribuída na bacia amazônica. A constatação foi feita por pesquisadores que integram o projeto de colaboração internacional Amazon Fish. Acredita-se que esse conjunto hidrográfico concentre a maior diversidade de peixes de água doce no mundo, com 2257 espécies descritas, ou 15% do total conhecido pela ciência para o habitat.

Segundo o modelo de distribuição desenvolvido pelos pesquisadores do Amazon Fish, a riqueza de espécies está concentrada a oeste da bacia (lado da nascente) e, uma menor porção, está a leste (onde está a foz). “Pelo padrão clássico, a distribuição da riqueza de espécies nos rios se concentra próximo à foz, onde a vazão de água é maior e, portanto, suportaria uma maior quantidade de espécies”, disse Gislene Torrente-Vilara, pesquisadora responsável pela plataforma Amazon Fish, à Agência FAPESP.

“No entanto, nossos dados mostram uma tendência invertida desse padrão para a bacia amazônica. É na porção ocidental (a oeste do Arco do Purus, relativamente próximo a Manaus) em que há maior concentração de espécies. Além disso, mostramos que os peixes não estão igualmente distribuídos na bacia e que os endemismos, por exemplo, estão concentrados na parte alta das grandes bacias, como Negro, Madeira, Xingu, Tapajós – regiões com maior quantidade de cachoeiras e fortemente ameaçadas pela construção de hidrelétricas”, completou a pesquisadora.

O padrão inesperado de distribuição sugere que os processos de surgimento de novas espécies foram mais intensos em um lado da bacia. Para confirmar as possíveis hipóteses que explicassem a distribuição da variedade de peixes na região, o grupo analisou a diversidade de peixes em 97 sub-bacias que integram a bacia amazônica e correlacionou os dados com as variáveis históricas de clima e da formação da bacia.

Os pesquisadores também testaram o padrão de aumento na riqueza de espécies, que foi testado para 15 famílias de peixes, das quais 14 (cerca de 78% das 2257 espécies) coincidem com esse modelo.

Liderado por cientistas do Institut de Recherche pour le Développement (IRD), da França, e o ERANet-LAC, o projeto conta com a colaboração de pesquisadores dos países que abrigam a bacia amazônica (Brasil, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana e Bolívia) e também da Bélgica. Os resultados mais recentes foram publicados na revista Science Advances.