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Jornal do Brasil

Rio tem pós-graduação com nota máxima (1 notícias)

Publicado em 27 de setembro de 1998

Por ALFREDO HERKENHOFF
Três cursos de doutorado da UFRJ e um do Instituto de Matemática Pura e Aplicada são considerados os melhores do Brasil. O Rio pode se orgulhar de ser a sede de quatro das 23 instituições avaliadas como de excelência máxima entre os quase 2 mil programas de pós-graduação examinados em todo o Brasil pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os quatro doutorados são o de Química Biológica do Departamento de Bioquímica, de Ciências Biológicas do Instituto de Biofísica e de Antropologia Social do Museu Nacional, todos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e ainda o de Matemática do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), ligado ao Conselho Nacional de Pesquisa, do Ministério de Ciência e Tecnologia. Com quatro dos 23 programas top, a cidade do Rio tem 17,4% do melhor em pesquisa de ponta. Se for incluído o doutorado de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, que também obteve a nota máxima (7), o percentual sobe para 21,7%. A avaliação foi anunciada em agosto pela Capes, ligada ao Ministério da Educação e que afere a pós-graduação desde os anos 70. Mas, pela primeira vez se adotou um critério que discrimina os melhores entre os melhores. A excelência foi alcançada, segundo representantes dessas quatro instituições, pela combinação de tradição, dedicação dos pesquisadores e verbas. A base para avaliação são os dados do Institute for Scientific Information (ISI), entidade que afere a qualidade de publicações, indexando-as e criando o índice de impacto, que é o número de vezes que um artigo é citado nos dois anos seguintes à sua publicação, numa prova do interesse que desperta. O Rio merece parabéns porque somando os programas de pós-graduação da UFRJ que receberam as notas 6 e a máxima 7, chega-se a um número de publicações em revista indexada por docente parecido com o da Universidade de São Paulo (USP), segundo o coordenador da Bioquímica. Pedro Lagerblad de Oliveira. Parabéns em dobro porque, como informa o subreitor da Uerj (dois doutorados com nota 5 da Capes). Reinaldo Guimarães, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) repassou R$ 160 milhões para a pesquisa naquele estado no ano passado. A equivalente fluminense, a Faperj, só repassou R$ 20 milhões. "Temos aí um fator 8 de reembolso, embora a diferença de comunidade de pesquisa entre Riu e São Paulo tenha um fator de apenas 2,5", declarou Reinaldo. "O Brasil tem enorme dinamismo. Está por exemplo anos-luz a frente da Argentina. Aliás, na América Latina, só existe pesquisa básica no Brasil e México. Nos demais países, a solução é viajar", afirmou o coordenador de pós-graduação do Museu Nacional, Federico Neiburg, que é argentino hoje com dupla nacionalidade e que veio ao Rio, há 10 anos, atraído pela falta do museu. O peruano César Camacho,hoje vice-diretor do Impa, no Horto (Zona Sul), também veio ao Rio atrás de qualidade: "Vim atraído por um indivíduo famoso internacionalmente no meio matemático, o Elon Lages Lima, que demonstrou teoremas na topologia diferencial", contou O professor Antônio Carlos Campos de Carvalho, diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (UFRJ), informou que havia uma tendência de muitas notas A e B quando a avaliação do Capes era feita por letras que iam A a E. Há cerca de três anos 60% dos programas eram A ou B, de tal modo que a velha avaliação não discriminava o topo da pirâmide. Os programas de pós-graduação que antes tinham a letra A, de excelente, agora recebem de 5 a 7. Os mestrados chegam no máximo a 5. Notas 1 e 2 indicam deficiência.