Ribeirão Preto deverá sediar a produção de uma tecnologia inédita no mundo que promete acelerar o diagnóstico de dengue, zika vírus e chikungunya: um teste rápido para confirmar ou descartar essas três doenças em apenas 40 minutos – hoje, leva-se em torno de um mês e, no caso de zika vírus, somente gestantes passam por exame laboratorial.
Segundo o diretor da plataforma de medicina translacional da Fiocruz, Rodrigo Stabeli, a previsão é que os kits de diagnóstico estejam disponíveis nos postos de saúde de Ribeirão Preto e do Estado de São Paulo em novembro de 2018, caso seja liberado o financiamento por meio do governo paulista e de outras parcerias. O investimento previsto é de R$ 70 milhões.
De acordo com o projeto, a produção dos kits será realizada inicialmente em uma sala com 170 metros quadrados do Supera Parque e posteriormente em uma fábrica que será construída, também dentro do parque tecnológico, em um terreno com mais de 2 mil metros quadrados.
Os kits de diagnóstico já estão em fase de testes, por meio de uma parceria entre a Fiocruz e a empresa alemã Chipshop.
“Na primeira etapa, a produção do chip para detecção das doenças será lá fora e o kit será finalizado aqui no Supera Parque, com controle de qualidade brasileiro”, explica Stabeli.
Na segunda etapa, será construído o prédio dentro do Supera Parque para que toda a linha de produção seja concentrada em Ribeirão.
“Além de ser um avanço significativo para a saúde pública, há um fator econômico importante, já que hoje, só no ramo de diagnóstico, o governo brasileiro importa 3 bilhões de dólares ao ano”, diz Stabeli.
Uma comissão composta por representantes do governo do Estado, Prefeitura de Ribeirão, Supera Parque e da Fiocruz foi constituída em julho para estudar como será o investimento na planta industrial.
Segundo Stabeli, o grupo de trabalho já concluiu o estudo e o apresentará ao governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), até a primeira quinzena de novembro.
Cidade terá 1º laboratório da Fiocruz do Estado
Rodrigo Stabeli confirmou que o laboratório da Fiocruz em Ribeirão Preto será o primeiro do Estado de São Paulo. A fundação é o maior laboratório farmacêutico do Brasil, com a função de produzir conhecimento e tecnologias voltados para a melhoria do SUS.
Uma parceria entre a fundação, a USP e o Supera Parque deu início, em julho, à reforma do antigo prédio do parque tecnológico de 800 m², dentro da universidade. Segundo ele, a previsão é que o prédio fique pronto em dezembro e as pesquisas comecem em janeiro de 2018.
Além de Stabeli, o pesquisador titular da Fiocruz, Ricardo Tostes Gazzinelli – um dos principais nomes da imunologia do País – virá para compor a equipe. “Ele está com um projeto de R$ 6 milhões aprovado pela Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] há três semanas, que visa estudar substâncias para o combate da malária”, anunciou Stabeli que, por sua vez, está com um projeto que visa desenvolver um novo tratamento imunológico contra zika, também com apoio da Fapesp. A pesquisa também deverá ser realizada em Ribeirão Preto.
O laboratório terá também como integrantes três pesquisadores da USP Ribeirão – os docentes João Santana da Silva, Fernando Cunha e Eduardo Barbosa Coelho.
Importância do teste rápido
- Com o resultado do teste em 40, o paciente poderá sair da consulta com o diagnóstico preciso (dengue, zika ou chikungunya)
- Com isso, o médico já passará a prescrição necessária para o tratamento
- Além do benefício à saúde, há a questão financeira, já que o governo brasileiro importa hoje R$ 19 bilhões de dólares por ano para ter acesso a medicamentos, diagnósticos e equipamentos médicos não disponíveis no país
- A princípio, o teste rápido será feito para dengue, zika e chikungunya, mas tem capacidade para abranger até 18 doenças, como febre amarela, malária e HPV