Notícia

Jornal Integração

Revólveres matam mais

Publicado em 25 janeiro 2019

Não deixa de ser engraçado o pensamento de algumas pessoas sobre as armas. Alguns estão achando que vão comprar uma Glock igual a do presidente Bolsonaro por uns 500 reais. Ficarão surpresos quando visitarem uma loja de caça e pesca, talvez uma surpresa equivalente quando, em 1992, em Lancaster, perto de Los Angeles, um funcionário da Walmart disse-me “Brazil, good guns”, fiquei intrigado e fui na seção de caça e pesca e deparei-me com um mostruário enorme da Taurus. Armas que não se vendem por aqui, calibres proibidos.

Esse pessoal também acha que os bandidos chegarão às suas casas fazendo barulho e urrando como drogados. Impressionante que não vejam nos jornais que os bandidos sempre atacam à surdina, quando o cidadão está entrando ou saindo de casa. Em outras palavras, o cidadão sempre é pego de surpresa e quando a arma está fora do alcance. Há ainda outra questão que não consideram, pensa-se que atirar em alguém é mais fácil para o cidadão de bem do que para o bandido. Claro que não é!

Uma grande preocupação para quem possui arma em casa são as crianças, curiosas por natureza, e o aparecimento de doenças mentais. O cidadão comum imagina que os suicidas e os assassinos já nasçam com uma disposição e que um teste psicológico seja suficiente para detectar isso. Quando alguém mata a própria família, incluindo crianças, todos ficam sem entender. Pois é! Ignoram que a personalidade e o comportamento também possam mudar por causa de um acidente automobilístico ou ferimento qualquer na cabeça ou ainda devido a um câncer cerebral -não que isso seja determinante-. Sugiro que leiam o livro do Carl Sagan “Os Dragões do Éden” que trata disso também.

E o maior mito de todos, algumas pessoas creem que atirarão igual ao Jerônimo daquela novela da TVS (SBT) de 1984, um tiro, um bandido morto. A maioria das pessoas que eu conheço que tem armas atiram muito mal. Se no Tiro de Guerra, a maioria mal acertava o alvo de 4 m2, imaginem com um revólver... Bem, tem muito motoqueiro que pensa que seja motociclista... Sem falar dos que pensam que com um dia de treino será como um policial de elite do Bope... Em suma, é muita gente postando ideias tão bobas.

Cabe lembrar que ter armas em casa não é proibido no Brasil. Para se ter uma ideia, veja-se as estatísticas do Vale Paraibano. As armas de fogo foram empregadas em 70% dos homicídios e latrocínios em 2018. Outros 20% foram praticados com armas brancas e o uso de paus, pedras e ainda as mortes por agressão responderam por 10% do total. E entre as armas de fogo mais utilizadas, 98% correspondem ao uso de revólveres e pistola e 2% a espingardas.

Entre os anos 1980 e 2016, o percentual de homicídios no país cometidos com armas de fogo saltou de 40% para 71% do total, de acordo com o Atlas da Violência, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A Região Metropolitana do Vale é a única do Estado de São Paulo a ultrapassar o índice de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes, o patamar que é tido como tolerável pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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ANTERIORES

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Cidades inviáveis

Observo nas redes sociais um movimento contra o Congresso Nacional, especialmente para diminuir a quantidade de senadores e deputados alegando uma economia fantástica... Tem que ser um pouco inocente para acreditar nisso. Mas mesmo que seja uma economia a considerar, por que não se questiona o que realmente representaria uma economia fantástica e em escala como os custos dos municípios e estados inviáveis?

A Firjan -Federação das Indústrias do Estado do Rio- fez um levantamento dos custos financeiros das cidades brasileiras e descobriu que um em cada três municípios brasileiros não consegue gerar receita suficiente sequer para pagar o salário de prefeitos, vereadores e secretários. É um problema que atinge 1.872 cidades e que só sobrevivem por causa das transferências de Estados e da União para bancar o custo, custo que é crescente no Brasil atual.

A situação mais grave é a das cidades pequenas que, em geral, têm um comércio local precário e as prefeituras cobram poucos impostos, sendo que algumas cidades só começaram a cobrar IPTU após a crise. Esses municípios não têm capacidade de atrair empresas e, consequentemente, mais emprego, mais renda e mais arrecadação.

Para se criar um município, deveriam avaliar se suas comunidades têm condições econômicas para sustentar-se. Essa análise nunca é feita e, nas últimas três décadas, foram criados 1.578 novos municípios. Hoje, das 5.570 cidades brasileiras, 3.810 têm população inferior a 20 mil habitantes.

E o levantamento da Firjan mostra que, em média, a receita própria das cidades com população inferior a 20 mil habitantes é de 9,7%, ou seja, 90,3% da receita vem de transferências públicas. Em muitos casos, a receita própria do município é praticamente zero. Em 2016, dos municípios brasileiros, 81,7%, ou seja, 3.714, não geraram nem 20% de suas receitas. Eis o real problema do custo político do Brasil.

Na média, os gastos com a máquina pública, que incluem o executivo e o legislativo, consomem 21,3% do orçamento dos municípios com menos de cinco mil habitantes e, para poder-se comparar, é quase o equivalente ao que se gasta com educação. E do que esse país precisa mesmo?

Já para as cidades com cinco a dez mil habitantes, gastam com a máquina, em média, 18,8% do orçamento. E de dez a vinte mil, 16,7%. Nos grupos seguintes, cai em torno dos 15%, até 500 mil, e acima disso, 11,6%. Esses números demonstram que o custo da autonomia municipal não é um bom negócio para pequenos municípios.

O dinheiro destinado a uma nova cidade para custear despesas fixas com a máquina pública poderia ser gasto em investimentos e melhorias para a população. Por isso, é preciso pensar na fusão de cidades e não na criação de novas. Só no grupo dos 1.872 municípios que não geram receita para bancar a máquina pública, a fusão representaria uma economia de R$ 6,9 bilhões por ano ao país, segundo os cálculos da Firjan.

Mas não é isso que propuseram os senadores que aprovaram e já está em discussão na Câmara dos Deputados como o Projeto de Lei Complementar 137/15, que regulamenta a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios. Estima-se a criação de centenas de novos municípios, na contramão do desejado.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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A Seleção Natural de Darwin

Desde que foi publicado o livro “A Origem das Espécies” em 1859, de Charles Darwin, em que o naturalista inglês detalha os conhecimentos adquiridos em sua viagem no navio Beagle pelo mundo, especialmente pela América do Sul e sugere uma teoria para a evolução da vida no planeta.

Para ele, a diversidade que se observa deve ser produto da evolução, as espécies dão origem a outras espécies, através de mudanças mínimas e sutis, mas com tempo suficiente os resultados podem ser espetaculares.

Curiosamente, o na primeira edição, o livro chamava-se “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life” ou “Da Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida”. Somente na sexta edição de 1872 o título foi abreviado.

A explicação que Darwin ofereceu era tão simples que hoje parece óbvia, mas mesmo assim, a explicação de como a evolução funciona estava repleta de lacunas e as provas eram fracas, tanto que ele confiou que os cientistas completariam seu trabalho e provariam a teoria.

Havia muito poucos fósseis ou exemplos para entender, como um dos conceitos básicos da Teoria que é Seleção Natural, como comprovar algo desse porte, onde achar as evidências? E esse conceito foi afastado quando o botânico holandês, Hugo de Vries, estudou a hereditariedade da prímula da noite, que ocasionalmente, gera prole bastante diferente dela mesma, novas espécies. De Vries descobriu a mutação.

A Seleção Natural ficou esquecida até que os estudos do frade Gregory Mendel fossem conhecidos. E também os estudos do lago Niassa, o terceiro maior lago da África, que tem 560 km de comprimento, 80 km de largura máxima e uma profundidade máxima de 700 m. Tem uma área estimada de 31 mil quilômetros quadrados, dos quais 6400 são de Moçambique.

O lago foi descoberto por David Livingstone, um missionário e explorador britânico que foi um dos primeiros europeus explorar o interior da África. Quase cem anos depois, algo incrível foi descoberto neste lago, seus peixes, a prova que precisava. Descobriram uma variedade enorme de espécies, que diferem uns dos outros na forma do corpo, boca, dentes, cores etc. O mais incrível é que são todos membros da mesma família, são ciclídeos. Inicialmente, estimaram em mais de 400 espécies de ciclídeos. Em estudo mais recente, liderado por George Turner, foi estimado que no lago há mais de 700 espécies desse peixe. Isso é mais do que todas as espécies de peixes em todos os lagos e rios da Europa ou América.

Estima-se que há dois milhões de anos, um ciclídeo entrou no lago. Ao longo do tempo, o nível do lago aumentou e diminuiu, criando diferentes habitats, cada um com seus próprios recursos a explorar e cada um evoluindo seu próprio grupo de ciclídeos. Há espécies que se alimentam de algas e outras que são carnívoras, todas descendentes de um único ciclídeo.

No final dos anos 1950, a evolução tinha uma nova fórmula, combinando seleção natural, isolamento, hereditariedade mendeliana e teoria matemática, chamada Síntese

Neodarwiniana.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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Turismo ainda ruim

Recebemos no INPE um jovem alemão para um estágio tecnológico. Quando ele quis visitar a cidade de São Paulo, perguntou-me pelos pontos turísticos... Depois de pensar, lembrei-me do Planetário -que quero visitar novamente, já que o visitei em 1972-, do zoológico, que é muito bom, com passeio melhor que os de Orlando e Tampa, pensei na Sé e alguns prédios arquitetônicos e no Museu do Ipiranga que está fechado. Em suma, tive dificuldade. Ao contrário do Rio de Janeiro que tem o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, São Paulo não tem um ícone marcante, além do Monumento às Bandeiras.

O Turismo no Brasil é outro gigante adormecido, com um potencial gigantesco, sol e praias de beleza inacreditável, turismo religioso, histórico, de aventura e cultural, Floresta Amazônica, Caatinga, Pantanal, dunas... Mas com desempenho de envergonhar os responsáveis da área.

E foi divulgado que, em 2018, nenhuma das cem cidades mais visitadas por estrangeiros no mundo era brasileira, uma piora em relação ao ano anterior, já que o Rio de Janeiro era a única cidade na lista e ocupava a 94ª posição, agora, é a 101a.

Ao que parece, a Olimpíada e a Copa do Mundo, que expuseram bem o Brasil, não produziram um resultado expressivo, visto que, em 2017, 6.588.770 visitaram o país, pouco mais que na Olimpíada de 2016 (com 6.546.696 de turistas) e na Copa do Mundo de 2014 (com 6.429.852). Ainda estamos perdendo feio para a Torre Eiffel que é visitada por sete milhões de pessoas todo ano.

Entre os que vieram, 2,6 milhões eram argentinos, e foi 14% a mais do que em 2016. Depois, recebemos dos Estados Unidos 475 mil viajantes, registrando uma queda de 7%, e o Chile com 342 mil pessoas, 5% a mais.

Pelo estado de São Paulo, entraram um terço (2,14 milhões) de todos os turistas estrangeiros. O Rio de Janeiro fica em segundo lugar com 1,36 milhão ou um quinto do total e o Rio Grande do Sul em terceiro com pouco menos de um quinto ou 1,27 milhão.

A maioria dos turistas vieram por avião (63,5%), pelas estradas, vieram 2,25 milhões de visitantes e, por navios, 52,5 mil turistas.

Em fevereiro do ano passado, o Brasil passou a adotar o visto eletrônico para Austrália, Japão, Canadá e Estados Unidos, que provocou uma procura maior de pedidos de autorizações de entrada no país. O “e-Visa” facilitou a concessão de vistos para turistas e reduziu o custo, de US$ 160 para US$ 40 (além de uma taxa de US$ 4,24) e o prazo médio, que era de 30 dias, caiu para até cinco dias. Veremos se produziu algum resultado plausível.

De qualquer forma é preciso atacar o custo altíssimo do Brasil, especialmente para estimular o turismo interno, fomentar mais empresas de turismo, especialmente as individuais que promovem o turismo religioso e de festas locais em larga escala. É preciso ainda criar algum seguro para garantir o turista. Para o turista estrangeiro, o governo poderia articular um retorno em espécie ao turista para gastar no país. Ou ainda facilitar pagamento, através de empréstimos nos moldes da venda de aviões e outros produtos. Enfim, precisamos de muita criatividade.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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O Evangelho de Lucas

Lucas, ou Lucano Sírio, nasceu em Antioquia, era médico, escritor e, provavelmente, também pintor de quadros. Seu pai chamava-se Enéias e sua mãe Íris. Acredita-se ter ele morrido aos 84 anos de idade em Tebas, Grécia. Desde o século II, a Igreja é unânime em afirmar que o autor do terceiro Evangelho é Lucas. Nas cartas de Paulo encontramos esse nome citado três vezes: Colossenses 4,14; 2 Timóteo 4,11; e Filemon 24. Lucas seria “o querido médico” que acompanhava Paulo em suas viagens e com ele esteve preso nas perseguições.

Uma confirmação desse fato, encontramos no livro dos Atos dos Apóstolos, em que o autor começa, a certo momento, a usar o “nós”, o que nos leva a inferir que ele acompanhava Paulo nas viagens (At 16,9-17; 20,5-15; 21,1-18; 27,1-28,16).

Lucas dedicou seu livro a Teófilo (Lc 1,3; Atos 1,1-2), que possivelmente teria patrocinado a produção e a difusão da obra de Lucas. Contudo, lendo a obra, encontraremos os verdadeiros destinatários, não esquecendo que teófilo significa amigo de Deus. Lucas tem uma grande preocupação social e preferência pelos pobres, os humildes e pequenos e, principalmente, os marginalizados, os pecadores públicos e as mulheres, estas que eram tão ausentes da vida social no mundo palestino.

O Evangelho e os Atos dos Apóstolos são obras que foram pensadas e para serem lidas como uma só. Conforme o próprio Lucas revela: em minha primeira narração, ó Teófilo, contei toda a sequência das ações e dos ensinamentos de Jesus (At 1,1). Enquanto em Atos: descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo (At 1,8). Em suma, o evangelho apresenta o caminho de Jesus, Atos apresenta o caminho da Igreja e, juntos, formam o caminho da salvação.

Há que se observar seu testemunho: muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como no-los transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra. Também a mim me pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escrevê-los para ti segundo a ordem, excelentíssimo Teófilo, para que conheças a solidez daqueles ensinamentos que tens recebido (Lc 1,1-4)

Observe que a cidade de Jerusalém é o ponto de chegada do caminho de Jesus e ponto de partida do caminho da Igreja, que continua a missão de Jesus até os confins da terra.

Ao examinar Lucas 16,16, conclui-se que ele oferece uma visão completa de como a salvação que Deus oferece se manifesta e se realiza na história: a lei e os profetas duraram até João. Desde então é anunciado o Reino de Deus, e cada um faz violência para aí entrar.

Deus manifesta inteiramente o seu projeto de salvação através da ação e da Palavra de Jesus que revela e concretiza o Reino de Deus nos limites geográficos da Palestina, dentro do seu povo. Então, o Espírito de Deus que estava presente em Jesus é entregue à comunidade que o acompanhara, para continuar a ação e a palavra dele no mundo inteiro, em todos os tempos e lugares. E, tal como Paulo, saiu para anunciar o evangelho aos pagãos.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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A trégua natalina de 1914

O período natalino é tomado de um sentimento de paz e amor entre as pessoas, entre as nações. Neste Natal, no Brasil, parece que será de divisão, ódio e de desinteresse em promover os valores pregados por Jesus Cristo, o Salvador.

Não sabemos nem o ano em que Jesus nasceu, quanto mais o dia e mês. Historicamente, o 25 de dezembro foi tomado simbolicamente, provavelmente, quando escolhido, coincidia com a noite mais longa do ciclo solar no hemisfério norte -o solstício de inverno-, para indicar o início de uma era de luz, já que os dias ficam mais longos até o solstício do verão, dia mais longo. Cristo teria nascido no ano 1.

A comemoração do nascimento de Jesus sempre moveu o ânimo da humanidade, ou da parte cristã. Um exemplo incrível foi o Natal de 1914, nas trincheiras da Bélgica e França, onde soldados alemães e ingleses fizeram uma trégua espontânea.

Tudo teria começado na véspera, quando um dos lados começou a cantar o “Adeste Fidelis” e o outro também cantou, cada um como se cantava na sua terra. Em português cantamos uma versão bem próxima do original latim: Fiéis, caminhantes / Vinde com alegria / Bem-vindos, bem-vindos / Todos a Belém / Recém-nascido é o rei dos anjos / Bem-vindos, adoremos / Nosso Senhor / E na manjedoura / São reis e pastores / Que se aproximam / Cheios de emoção / Nos acheguemos, também, festejemos / Bem-vindos, adoremos.

É uma música que promove a aproximação das pessoas para uma causa mais nobre, como um chamado do anjo aos pastores, convidando para adorar o Deus nascido homem. Não deixa de ser curioso que esta música também tem sua autoria atribuída a Dom João IV, rei de Portugal, no século XVII, escrita em Latim.

Na versão alemã da história, na antevéspera do Natal, os ingleses receberam uma cesta de natal do rei que continha chocolate e cigarro entre outras coisas e os soldados alemães receberam bebidas e roupas. Era o primeiro ano da Primeira Guerra Mundial e ainda não havia escassez de produtos. Houve um cessar fogo para recuperar os corpos dos mortos e enterrá-los.

Depois, os soldados começaram a conversar entre si em inglês, eram muitos os alemães que haviam trabalhado na Grã-Bretanha. Ao contrário da crença de muitos de que apenas soldados haviam participado, muitos oficiais participaram dos eventos e, em alguns casos, até conduziram negociações, como o tenente Kurt Zehmisch, que era professor de francês e inglês.

Em outro lugar, os soldados alemães trouxeram no campo de batalha dois barris de cerveja. E os ingleses levaram pudins de Natal aos alemães. Segundo o tenente alemão Niemann, em sua região, um jogo de futebol foi realizado. Pelo menos 100.000 soldados das partes em conflito participaram da trégua e confraternização com o inimigo.

Obviamente, essa iniciativa não agradou os senhores da guerra que atuaram nos anos seguintes para que isso não ocorresse. Como ocorre nos dias de hoje, os inimigos da paz dão a ideia de que o espírito natalino é hipocrisia, fingimento... Pobres coitados! Que Deus se apiede dessas almas e nos dê coragem para viver a felicidade verdadeira do Natal e preencha nossos corações com a esperança de dias melhores. Feliz Natal!

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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Pobreza aumenta

Quase quatorze anos de governos petistas -ou seja, corruptos, incompetentes e usurpadores do poder- ainda produz nefastos efeitos na nossa não tão pujante economia. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) mostrando que em apenas um ano, o Brasil passou a ter quase 2 milhões de pessoas a mais vivendo em situação de pobreza. Em 2016, havia no país 52,8 milhões de pessoas em situação de pobreza no país e, em 2017, subiu para 54,8 milhões, um crescimento de quase 4%, e representa 26,5% da população total do país, estimada em 207 milhões.

E a população em condição de pobreza extrema aumentou em 13%, saltando de 13,5 milhões para 15,3 milhões. Ou seja, 7,4% dos brasileiros estavam abaixo da linha de extrema pobreza em 2017. Em 2016, quando a população era estimada em cerca de 205,3 milhões, esse percentual era de 6,6%.

O IBGE considera situação de extrema pobreza quem dispõe de menos de US$ 1,90 por dia, o que equivale a aproximadamente R$ 140 por mês, e a pobreza quem recebe menos de US$ 5,50 por dia, ou R$ 406 por mês, conforme definido pelo Banco Mundial.

Em 2017, eram 9,7 milhões de brasileiros vivendo com renda domiciliar per capita inferior a R$ 85 por mês, em 2016 foram 8,2 milhões, ou seja, aumento de 18,3%. Em 2017, eram 26,9 milhões de pessoas que viviam com menos de um quarto do salário mínimo, ou R$ 234,25 -o salário mínimo era de R$ 937-, em 2016, eram 25,9 milhões.

Como se pode adivinhar, a maioria dos que vivem abaixo da linha da pobreza estão no Nordeste, são mais de 25 milhões, ou 44,8% da população. A região Sul tinha 3,8 milhões de pessoas pobres, ou 12,8% da população sulista. No Sudeste, eram 15,2 milhões de pessoas, o equivalente a 17,4% da população.

O estado do Maranhão é o estado com maior proporção de pobres, 54%. Os estados Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Piauí, Ceará, Alagoas e Bahia tinham quase metade da população pobre também. Já Santa Catarina é o que tem o menor percentual de pobres, 8,5%.

Na média nacional, os 10% mais ricos ganhavam 17,6 vezes mais que os 40% mais pobres, ou R$ 6.629 contra R$ 376 (renda do trabalho e outros, incluindo programas sociais). A Região Nordeste é que apresenta a maior desigualdade, 20,6 vezes, ou R$ 4.544 contra R$ 221. Em seguida, vem a Região Norte, com uma diferença de 18,4 vezes, o Centro-Oeste, com 16,3 e o Sudeste com 11,4. A menor desigualdade foi da Região Sul, onde os mais ricos ganhavam 11,4 vezes mais que os mais pobres.

E a desigualdade entre brancos e pretos e pardos diminuiu um pouco. Os pretos ou pardos representavam 75,2% das pessoas com os 10% menores rendimentos em 2017, contra 75,4% em 2016. Na classe dos 10% com os maiores rendimentos, a participação de pretos ou pardos aumentou de 24,7% em 2016, para 26,3% em 2017.

Porém a situação não parece ser tão desesperadora, a pesquisa do IBGE calculou que para o país eliminar a pobreza extrema precisaria investir cerca de R$ 1,2 bilhão por mês. Já com R$ 10,2 bilhões mensais, seria possível erradicar toda a pobreza do país. Fazível, além de alimentar o PIB.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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Expectativa de vida cai

Não aconteceu no Brasil, mas nos Estados Unidos da América. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, CDC, em 2017, a expectativa de vida ao nascer foi de 78,6 anos, enquanto que no ano anterior fora 78,7. E no vizinho Canadá são três anos e meio a mais. No caso das mulheres, a expectativa de 81,1 anos se manteve estável de 2016 para 2017, mas a dos homens caiu de 76,2 para 76,1.

Por décadas, a expectativa de vida nos EUA cresceu e, agora, a tendência é de queda, caiu em 2015, ficou estável em 2016 e caiu novamente no ano passado. É o período mais longo de expectativa de vida em declínio desde o fim dos anos 1910, quando a Primeira Guerra Mundial e a pior pandemia de gripe da história moderna mataram cerca de um milhão de americanos. Em 1918, a expectativa de vida era de 39 anos.

O aumento nas taxas de suicídios e de overdoses por drogas nos Estados Unidos fez baixar a expectativa de vida dos americanos em 2017. Segundo o CDC, foram registradas 2,8 milhões de mortes no ano passado, quase 70 mil a mais do que no ano anterior, o maior número de mortes anual desde o início da contagem há mais de um século.

Das dez principais causas de morte no país, apenas a taxa de óbitos por câncer caiu em 2017. Houve aumento em suicídios, AVC (cérebro), diabetes, doença de Alzheimer, gripe, pneumonia, doenças respiratórias crônicas e lesões não intencionais.

O número de suicídios no ano passado foi de mais de 47 mil, ou 14 para cada 100 mil habitantes, o maior dos últimos 50 anos. Em 2016, foram menos de 45 mil. Mais de um terço das mortes na categoria “lesões não intencionais” foram por overdose acidental pelo uso de drogas. As mortes por overdose ultrapassaram 70 mil, 10% mais do que no ano anterior, porém menor do que os 21% de 2015 para 2016.

Já no Brasil, a situação está melhor, em 2017 a expectativa de vida média foi de 76 anos. É um aumento de três meses e 11 dias a mais do que para uma pessoa nascida em 2016. A expectativa de vida dos homens aumentou de 72,2 anos em 2016 para 72,5 anos em 2017, enquanto a das mulheres foi de 79,4 para 79,6 anos.

A probabilidade de um menino recém-nascido não completar o primeiro ano de vida é de 13,8 a cada mil nascimentos em 2017. Já para as recém-nascidas, 11,8. E a mortalidade na infância (de crianças menores de cinco anos de idade) caiu de 15,5 por mil em 2016 para 14,9 por mil em 2017, sendo que 85,7% morreram no primeiro ano de vida e 14,3% entre 1 e 4 anos de idade. Em 1940, a chance de morrer entre 1 e 4 anos era de 30,9%.

Nas Unidades da Federação, a maior expectativa de vida é a de Santa Catarina, 79,4 anos, e a menor no Maranhão, 70,9 anos. Para os que conseguem completar 65 anos em 2017, teriam a maior expectativa de vida, ou seja, mais 20,3 anos, no estado do Espírito Santo, 18,3 anos para os homens e mais 22 anos para as mulheres. Já em Rondônia, a pior expectativa para uma pessoa que completasse 65 anos em 2017 teria mais 16 anos. A pior expectativa para mulheres com 65 anos é de mais 17,2 em Rondônia e para homens no Piauí, com mais 14,6 anos.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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O Evangelho de Mateus

Evangelho é uma palavra grega que significa boa notícia ou boa mensagem. Jesus anunciou a boa nova, mas não escreveu. Isso coube ao discípulo e aos apóstolos. O Evangelho atribuído a Mateus foi o evangelho mais importante até o fim do século II, e praticamente formou o alicerce das comunidades cristãs, comprometidas com a pessoa de Jesus e dispostas a continuar sua ação no tempo e no lugar em que viviam.

Este evangelho não é o primeiro, mas foi colocado no começo do Novo Testamento pelo motivo de ser o mais apropriado para anunciar a passagem das promessas contidas no Antigo Testamento para a sua realização em Jesus Cristo e por meio dele.

A autoria deste livro foi atribuída a Mateus que era apóstolo de Jesus (Mt 10,3), conforme atestou o bispo Papias, do século II, e foi aceito por todos. O autor do evangelho é mais um redator, alguém que organizou diversos documentos, coletâneas catequéticas, escritas ou orais, sobre palavras e atos de Jesus, bem como episódios de sua vida e juntando deu forma ao livro que hoje conhecemos.

No ano 70 d.C., o Império Romano sufocou o movimento judaico revolucionário, tomou Jerusalém e destruiu o templo. Os judeus dispersaram. As comunidades cristãs que aí existiam saíram antes do evento previsto por Jesus (Mt 24,2). Algumas foram para Pela, no lado oriental do rio Jordão, outras se espalharam pela Síria e Fenícia, e outras ainda se refugiaram junto à comunidade de Antioquia na Síria.

E foi provavelmente de Antioquia, pelos anos 80 d.C., que Mateus escreveu o seu evangelho para essas comunidades que tinham nascido na Palestina. Isso explica um pouco as preocupações de Mateus. Ele é um judeu convertido ao cristianismo e se dirige ao mesmo tipo de pessoas.

Mateus quer mostrar que Jesus e a sua ação realizam tudo o que o Antigo Testamento anunciava e prometia. Depois, que o cristianismo também é uma ruptura com a religião judaica oficial, perpetuado em formas e vivências que já estavam muito distantes do projeto de Deus revelado e realizado em Jesus.

O Evangelho não é a biografia de Jesus, é uma continuidade do anúncio e da missão de Jesus, dos quais as comunidades são chamadas a participar. E isso ocorreu em duas etapas, na primeira, o anúncio era muito simples e consistia em proclamar a acusação de que a sociedade tinha assassinado um inocente que só queria a justiça (Atos 2,23.32-36). Surpreendidas e arrependidas, as pessoas convertiam-se a Jesus. Depois, então, aprendiam sobre a vida de Jesus, uma catequese, muito resumida. Lendo Atos 10,36-43, podemos ter uma ideia de como era essa primeira catequese.

Cada evangelista apresenta Jesus de uma forma. Para Mateus, Jesus é o “Deus conosco” (Mt 1,23), uma clara citação do Profeta Isaías (7,14): “a virgem conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco”. Encerrando o evangelho, Jesus envia seus discípulos em missão, batizando as pessoas e ensinando-as a observar tudo o que ele ensinou e faz a grande promessa: “eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20).

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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4 segundos para salvar vidas

No Brasil, vê-se muitas placas e instruções em luminosos e nas rádios para se manter distância do carro da frente, mas afinal, qual é essa distância? Em algumas poucas estradas, há marcadores pintados na pista indicando qual distância se deve manter. Mas essa orientação é pouco efetiva, ficando para o motorista usar o bom senso. E parece que o bom senso da maioria não tem senso algum.

Na América do Norte, por entender que a distância depende da velocidade (se dividir distância por velocidade, obteremos o tempo em segundo), orientam os motoristas a medir a distância contando os segundos entre o carro da frente e o próprio usando uma referência fixa. Com isso, criaram a regra dos 4 segundos, quando a velocidades estiver acima de 30 mph (ou 50 km/h), especialmente em tráfego intenso ou quando houver muitos obstáculos.

Assim, para velocidades acima de 50 km/h, manter-se 3 segundos do carro da frente já é considerada uma situação arriscada e perigosa. Com 2 segundos, considera-se extremamente arriscada e perigosa. E avaliando a agressividade na direção: 4s é uma situação de baixa agressividade, 3s é agressão moderada e 2s alta agressão. Na rodovia Dutra, ninguém mantém distância maior que 1 segundo, exceto eu que fico entre 2 e 3. Mas estou me esforçando para ficar nos 4 segundos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dirigir um carro é o comportamento mais perigoso em que a maioria das pessoas se envolve todos os dias, cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito, e que são a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

A principal causa de acidentes de trânsito é a condução agressiva, responsável por mais da metade de todas as mortes no trânsito. Define-se a condução agressiva como o funcionamento de um veículo motorizado de uma maneira que ponha em perigo pessoas ou propriedades, incluindo excesso de velocidade, bloqueio de outros motoristas, condução fora da estrada, gestos obscenos e xingamentos ou gritos com raiva de outros motoristas.

Se as mortes preocupam a OMS, deveria preocupar ainda mais as autoridades do Brasil, pois o trânsito foi responsável pela morte de 38 mil pessoas em 2016, ou 19 mortes por 100 mil habitantes. Muitas mortes que poderiam ser evitadas. E os políticos tem a oportunidade de fazer algo com isso.

A Faculdade de Medicina da USP, com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) fez um estudo das vítimas de mortes violenta na cidade de São Paulo e descobriu que a maioria das vítimas consumiu álcool ou drogas antes de morrer. Os testes foram feitos nos Institutos Médicos Legais da cidade de São Paulo em 2014 e 2015. As vítimas eram adultas que foram feridas fatalmente ou tiveram morte súbita, inesperada ou violenta.

A pesquisa analisou amostras de sangue de 365 vítimas, que representam estatisticamente a população adulta da capital paulista. A maior parte delas (26%) é de casos de homicídios, seguidos por acidentes de trânsito (20%) e suicídio (10%). O laboratório identificou indícios de uso de drogas ou álcool em 55% dos casos.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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