A Prefeitura de Santo André contou com uma grande contribuição da Universidade Federal do ABC (UFABC) na obtenção dos R$ 41 milhões, oriundos do PAC - Cidades Históricas, para restauro da Vila de Paranapiacaba. O projeto apresentado ao governo federal teve como base pesquisa coordenada pelo professor do Bacharelado em Engenharia Ambiental e Urbana da instituição, Gilson Lameira de Lima.
O projeto teve início em 2004 e foi concluído em 2007. Com financiamento de R$ 300 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) o trabalho gerou as bases para a elaboração do Plano Técnico, também sob responsabilidade do professor nos anos de 2012 e 2013. "Na época, a Vila sofria com a deterioração e o esvaziamento. Os primeiros dois anos foram gastos com levantamento do estado e dos materiais empregados. O resultado final foi a criação de um manual técnico para o trabalho de recuperação do conjunto arquitetônico", explica Lima.
De acordo com Lima, entre as dificuldades para o restauro de Paranapiacaba estava o fato de que ela é habitada por pessoas de baixa renda, a maioria sem ligação alguma com as antigas famílias que trabalhavam na ferrovia. Sem laços históricos, conhecimento e recursos a população tinha pouco a contribuir e dificuldades para compreender a importância da arquitetura local. Mesmo assim, a decisão da Prefeitura de manter os habitantes é considerada acertada pelo pesquisador da UFABC.
"Restaurar sem as pessoas dentro das casas é mais fácil, claro. Mas não seria justo expulsá-las. Fizeram o correto integrando-as ao projeto. Houve um trabalho de conscientização na população local e pegamos um conjunto de quatro casas geminadas, durante o período da pesquisa, para restaurar. Usamos isso para treinar a mão de obra local. Hoje Paranapiacaba conta com profissionais para fazer esse trabalho", garante.
Dos R$ 41 milhões recebidos pela Prefeitura, cerca de R$ 32 milhões serão aplicados no reparo de 242 casas, foco da pesquisa do docente da UFABC. A expectativa é de que em um ano e meio os trabalhos de restauração estejam concluídos, o que dará outro aspecto à Vila Ferroviária. "Em um País em que muitas pesquisas acadêmicas acabam engavetadas, ver meu projeto ser implantado me deixa bastante satisfeito".