Insatisfeito com o nível de vedação apresentado pelas resinas existentes no mercado contra infiltrações em coberturas de edifícios e residências, o engenheiro civil Celso Martinez Júnior, da Martinez & Micheloni Ltda, de São Carlos, pensou em criar um sistema misto, utilizando folhas de alumínio com a resina. Montou, então, um projeto de inovação tecnológica com a Universidade de São Paulo, USP-São Carlos, e com a colaboração da Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. Juntos, acabam de testar um novo sistema contra infiltrações - de resina-compósito - 100% eficaz e de grande durabilidade. =
Em busca da folha de alumínio mais adequada acabei encontrando uma indústria - fabricante de cabos telefônicos no estado de São Paulo - que tinha folhas de alumínios revestidas com polímeros (compósito) como resíduo", conta Martinez. As folhas são aparas de 90 cm de largura e comprimento variável, agora embaladas em bobinas, a pedido de Martinez. "Com um pouco mais de mão de obra, esta indústria tem a oportunidade de diversificar sua produção, transformando a sucata em um novo produto de linha, com alguns pequenos ajustes em termos de espessura e apresentação", acrescenta.
A intenção de Martinez não é de produzir a resina-compósito, mas trabalhar na sua aplicação. Ele acredita que haveria condições de se produzir pelo menos 1 tonelada/mês do novo material e que certamente haveria redução nos custos, com o aumento no volume de produção. Sem contar o benefício ambiental indireto, de se transformar dois tipos de resíduo em matéria prima, já que, além do compósito, a resina utilizada também é um subproduto, proveniente da indústria petroquímica no processo de síntese do estireno.
Os testes de resistência e durabilidade da resina-compósito foram feitos por Martinez e Fazal Hussain Chaudhry, coordenador do projeto na USP São Carlos. Amostras das folhas de compósito emendadas por ar quente a 400oC foram submetidas a testes de resistência térmica, abrasão e choque, simulando o envelhecimento de até 5 anos. "Nenhuma emenda rompeu, apesar dos testes de resistência térmica terem esquentado o material até 75ºC e depois resfriado com jatos d'água até 25ºC", prossegue Martinez. Ele também testou o novo sistema em condições reais, aplicando-o em mais de 20 edifícios e residências, com áreas variando entre 50 e 400 m2. Algumas aplicações já tem 2 anos de exposição ao tempo, sem qualquer sinal de infiltração.
A única restrição da resina-compósito é relativa à abrasão: o sistema só pode ser utilizado para eliminar infiltrações em coberturas de edifícios, sobre garagens ou outras lajes de concreto, onde não haja circulação diária, porque não resiste a pisoteio nem punção.
O investimento da empresa na pesquisa foi da ordem de 7 mil reais em 2 anos, enquanto o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, foi de 8 mil reais, mais 400 dólares. Os direitos de produção e comercialização do novo sistema estão protegidos, no Brasil, por um depósito de patente junto ao Instituto Nacional de Patentes Industriais. INPI, e, no exterior, através de um registro no Patent Cooperation Treaty, PCT, para países asiáticos, americanos e europeus.
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Agência Estado