Estudo de professora da UFPE revela que redução do número de animais causa impacto negativo na floresta. O trabalho foi realizado pela pesquisadora no interior de São Paulo
Fragmentos de mata atlântica com redução da quantidade de mamíferos de médio e grande porte têm uma riqueza de espécies vegetais cerca de 53% menor do que as áreas com maior presença animal, revela estudo de professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
O trabalho, realizado na mata atlântica do interior de São Paulo, comprova que conservar os remanescentes florestais sem preservar as comunidades de mamíferos de médio e grande porte pode causar alterações negativas junto às árvores.
Na opinião da autora do trabalho, Cecília Alves-Costa, que passou no último concurso para o Departamento de Botânica da UFPE, para manter a diversidade florística é preciso impedir a caça nos fragmentos de mata atlântica. Ela também sugere a ligação entre os remanescentes, por meio de corredores vegetais, para permitir o fluxo gênico entre as populações de mamíferos, ou seja, evitar problemas genéticos decorrentes do isolamento.
Entre os mamíferos que funcionam como dispersores de sementes, de médio e grande porte, estão as antas, veados, porcos-do-mato (queixadas e catetos), pacas e cotias. A pesquisadora comparou áreas com e sem o acesso de mamíferos para verificar o efeito da exclusão dos animais. Cada parcela tinha dois metros quadrados. Ao todo, foram 40 parcelas, metade telada e o restante de livre acesso aos animais.
Vinte parcelas, metade telada e o restante de livre acesso, foram instaladas em fragmentos preservados. Igual número foi implantado em uma área devastada, para efeito de comparação.
Comparação — "O teste mostrou, de maneira incontestável, que a porcentagem de mortalidade de plantas diminui com a exclusão dos animais", disse a bióloga à Agência Fapesp. Claudia quer agora verificar se os resultados obtidos pela exclusão se repetem em áreas impactadas por décadas. A hipótese inicial é que a resposta seja positiva, embora vários outros estudos ainda sejam necessários para que a conclusão apareça.
O trabalho da pesquisadora, apresentado no encontro da Associação de Biologia Tropical e Conservação (ABTC), em julho, venceu o prêmio Luis Bacardi, iniciativa que destaca os melhores trabalhos da área de biologia da conservação em áreas tropicais.
Notícia
Jornal do Commercio (PE)