A FDA, agência federal dos EUA, gerou polêmica após aprovar, no dia 7 de junho, o primeiro medicamento contra Alzheimer em quase duas décadas
A agência federal dos Estados Unidos, Food and Drug Administration (FDA), gerou polêmica após aprovar, no dia 7 de junho, o primeiro medicamento contra Alzheimer em quase duas décadas. Até agora, o que sabemos sobre esse novo remédio que causa questionamentos entre médicos e especialistas?
Com uma base de evidências limitada, além de várias pausas e recomeços em seu processo de desenvolvimento e aprovação, a droga, chamada aducanumabe, será marcada e vendida como Aduhelm.
Envolvido no desenvolvimento clínico do medicamento, o Dr. Stephen Salloway, professor de neurologia e psiquiatria da Brown University, explicou que acredita muito no potencial do remédio.
“Eu realmente acredito que isso dá início a uma nova era na luta contra a doença de Alzheimer”, disse Salloway, que dirige o Programa de Memória e Envelhecimento do Hospital Butler e pesquisa a doença de Alzheimer há 30 anos.
Salloway também foi o investigador principal da Butler para os ensaios de Fase 1 e Fase 3 de aducanumabe, co-presidente do comitê de direção investigativa do programa de Fase 3 e aconselhou o fabricante do medicamento, Biogen, sobre protocolos de segurança e gerenciamento de efeitos colaterais.
Ao site especializado em estudos médicos, Medical Xpress, o Dr. detalhou as diferenças do aducanumabe para outros tratamentos do Alzheimer. “É importante saber que esta é a primeira droga que tem como alvo um componente central da doença de Alzheimer: as placas amilóides que desempenham um papel fundamental na perda de memória”, disse.
“O aducanumabe é um anticorpo monoclonal feito a partir de células imunológicas de pessoas idosas sem declínio cognitivo ou declínio cognitivo incomumente lento. Ele se liga às placas amilóides e as fragmenta. As outras drogas para o Alzheimer se concentram nos neurotransmissores; eles alteram diferentes substâncias químicas no cérebro para ajudar a melhorar o funcionamento, mas não abordam realmente a patologia subjacente da doença”, completou.
Sobre os questionamentos de colegas de profissão sobre a aprovação do medicamento, Salloway afirmou entender as dúvidas, mas crê que a gravidade da condição favoreceu uma aprovação acelerada da FDA.
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“Eu apoio a exigência da FDA para o estudo adicional para confirmar os resultados positivos. Acho que é a coisa certa a se fazer. Acho que eles estão tentando encontrar um equilíbrio entre disponibilizar esse tratamento para uma doença devastadora sem ter que esperar mais cinco anos, mas também exigir mais dados e monitoramento cuidadoso dos pacientes. Essa aprovação, em minha opinião, vai acelerar a pesquisa de Alzheimer”, concluiu.
Principal motivo para a aprovação acelerada do aducanumabe é a pandemia da Covid-19. Isso porque o Alzheimer pode aumentar em até três vezes o risco de morte pelo coronavírus.
Os resultados foram mostrados em um artigo publicado na revista “Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association”, em abril, com o apoio da Fapesp, Faperj e CNPq.
Além de aumentar a chance de morte, o Alzheimer também mostrou ter uma taxa de infecção por Covid-19 maior quando em pacientes acima dos 80 anos. No geral, esse quadro é encontrado em pessoas com doenças neurodegenarativas, mesmo que recebam tratamento.