O Sistema Único de Saúde (SUS) foi capa da revista Pesquisa Fapesp deste mês de fevereiro. Aumento dos casos de Covid-19, tentativas de desmonte da saúde pública e falta de governança trouxeram à tona as fragilidades e também a importância do SUS na assistência à população e na garantia do direito constitucional à saúde.
A Pandemia causada pelo Sars-Cov-2 fez mais de 220 mil vítimas, deixou alas de hospitais e unidades de terapia intensiva (UTI) lotadas, evidenciando a necessidade e a importância do SUS no amparo da população. Principalmente dos aproximadamente 150 milhões de brasileiros que não possuem um plano de saúde particular e contam exclusivamente com o apoio do SUS.
Para o sanitarista Reinaldo Guimarães, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) “Apesar dos pesares, o SUS foi uma joia na pandemia. Sem ele, estaríamos em uma situação mais dramática, como se pode ver em países onde as pessoas não procuram assistência porque não podem pagar.” afirma.
Construir um sistema de saúde universal e gratuito em um país com a proporção do Brasil, tanto em dimensão geográfica quanto em densidade demográfica, é uma tarefa desafiadora. Em três décadas de existência o SUS surpreendeu por propor um atendimento ilimitado e sem nenhum tipo de cobrança. “Não conheço sistemas universais de saúde de países com a extensão territorial, tamanho da população e desigualdades regionais e sociais como o Brasil que tivessem o desempenho e os êxitos do SUS em apenas 30 anos, apesar de tantos obstáculos”, garante Jairnilson Silva Paim, professor da Universidade Federal da Bahia.
A proposta de oferecer assistência sem nenhum tipo de compensação financeira, entretanto, não pesa tanto no bolso da União quanto parece. Gastamos menos com o SUS do que outros países com sistemas universais semelhantes gastam. E mesmo com pouco recurso, a existência de algum tipo de amparo é crucial para a sobrevivência de muitos. Para a abrasquiana Ligia Giovanella, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp-Fiocruz) a ideia de que há ineficiências na atenção básica desconsidera fatores como a diversidade geográfica, econômica e social dos municípios. “É impróprio sugerir redução de recursos em um sistema tão subfinanciado como o SUS.”
Para a pesquisadora, uma das formas de tornar o SUS mais eficiente seria apostar na universalização da cobertura de equipes de saúde da família. Atualmente, a cobertura está disponível para apenas 63% da população. “A atenção primária, se bem estruturada, pode resolver mais de 80% das demandas, mas não deve existir descolada de uma rede de qualidade”, afirma.
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4º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde
Os debates sobre a saúde coletiva no Brasil não param por aqui. Do dia 23 a 26 de março acontece mais uma edição do Congresso. Jairnilson Silva Paim, professor da Universidade Federal da Bahia, Fabiola Vieira, do IPEA e Francisco Funcia, da ABRES, entrevistados para a matéria de capa da revista da Fapesp estarão presentes no Congresso de Política, Planejamento e Gestão da Abrasco.
Serão 15 mesas exclusivas com pesquisadoras e pesquisadores de destaque da área, além de mais de 700 apresentações de trabalhos científicos aprovados, em ambiente totalmente virtual e pensado para o público da Saúde Coletiva. Saiba mais.