Um amplo relatório sobre biocombustíveis, com mais de 700 páginas, composto por 137 especialistas de 82 instituições de pesquisa em 24 países e que aponta o etanol como alternativa positiva para a sustentabilidade do planeta. Este é o resultado de um trabalho que se propõe a discutir questões polêmicas sobre sustentabilidade, competição por terra e produção de alimentos e que resultou na obra Bioenergy & Sustainability (Bioenergia e Sustentabilidade), patrocinada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pelo SCOPE (sigla em inglês para Comitê Científico para Problemas do Ambiente), ligado à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
O trabalho, em inglês, coordenado pelos cientistas Gláucia Mendes Souza, Reynaldo L. Victoria, Carlos A. Joly e Luciano M. Verdade, membros de programas de pesquisa sobre bioenergia, mudanças climáticas e biodiversidade, foi lançado em abril na sede da FAPESP, em São Paulo-SP, e em maio em Bruxelas, capital da Bélgica. A próxima divulgação está prevista para Washington, EUA.
“Trata-se de um amplo painel acerca do tema no mundo, mostrando o papel importante da bioenergia para a mitigação dos efeitos do aquecimento global, criação de riquezas no meio rural e das muitas outras oportunidades que o desenvolvimento da bioenergia pode oferecer”, explica Heitor Cantarella, diretor do Centro de Solos e Recursos Ambientais do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e um dos autores do trabalho. “Procurou-se fazer um documento isento, com informações científicas sobre o assunto. Considerações e recomendações são dadas para entidades governamentais no sentido de estimular a correta implantação de iniciativas para a produção de bioenergia, incluindo, como exemplo positivo, o etanol brasileiro”.
O relatório
Com base em mais de duas mil referências e estudos, o relatório fornece uma análise abrangente de tecnologias e práticas atuais da bioenergia, incluindo produção, sistemas e mercados, além do potencial de expansão sustentável e de maior adoção da bioenergia, em paralelo com uma revisão crítica de seus impactos.
O relatório está dividido em seções. A primeira é uma apresentação e a segunda, um Sumário Executivo, abrangendo o Sumário Técnico e os números da bioenergia – amplo levantamento de dados de produção atual de biomassa e de uso da terra, de tecnologias de conversão e das necessidades futuras, considerando benefícios sociais e ambientais. Em seguida, o volume traz discussões de temas transversais, cada um com suas respectivas conclusões e recomendações: segurança energética, bioenergia e segurança alimentar, segurança ambiental e climática, desenvolvimento sustentável e inovação e as lacunas do conhecimento para expansão sustentável da bioenergia.
Entre as conclusões estão a confirmação do valor da bioenergia como alternativa energética e para redução de impactos provocados pela queima de combustíveis fósseis; as possibilidades de aumentar a segurança energética e diminuir efeitos das mudanças climáticas, o que também contribuiria para compensar o desmatamento, a degradação de terras cultivadas e pastagens e a emissão de gases do efeito estufa; e, ainda, que existem áreas suficientes para ampliar o cultivo da biomassa, que a maioria dessas terras está na América Latina e África e que seu uso não representaria ameaças à segurança alimentar e à biodiversidade.
O trabalho, totalmente gratuito, está na internet e pode ser consultado pelo link: http://bit.ly/bioenfapesp RC
Da redação, com informações da FAPESP