Relatório inédito alerta sobre as principais ameaças aos polinizadores pelo uso desordenado de agrotóxicos e desmatamento e aponta o grau de dependência da agricultura alimentícia desses insetos, sobretudo as abelhas. O diagnóstico foi feito por pesquisadores que produziram o “Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil”, lançado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A polinização na agricultura contribui para a variabilidade genética das plantas, aumento da produção e a qualidade dos frutos. A redução das florestas e alguns pesticidas mais tóxicos são as principais causas de extinção dos insetos. Segundo a bióloga Vera Imperatriz, revisora do relatório de polinização brasileiro e professora aposentada do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo, existem outras causas que constituem perigo aos polinizadores, entre elas cita as mudanças climáticas, a perda de habitat, poluição ambiental, espécies invasoras e patógenos. Dentre os poluentes ambientais, os agrotóxicos são os mais preocupantes, aponta o estudo.
Na contramão deste diagnóstico, em janeiro, o Ministério da Agricultura brasileiro liberou o registro de 28 agrotóxicos e princípios ativos, entre eles o Sulfoxaflor, inseticida que ligado ao extermínio das abelhas. O estudo propõe que se fique atento às regulamentações de agrotóxicos.
A lista de insetos que sobrevoam culturas agrícolas supera o número de 600, dos quais no mínimo 250 com potencial de polinizador, revela o estudo. As abelhas predominam, representando 66% das espécies, mas os besouros, as borboletas, as mariposas, as aves, as vespas, moscas, morcegos e os percevejos também fazem parte da lista. Em termos econômicos, a polinização representou R$ 43 bilhões em 2018 para o País. Para chegar a este valor, os pesquisadores calcularam o produto da taxa de dependência de polinização pela produção anual considerando 67 cultivos.