O novo reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Antônio Celso Alves Pereira, assume hoje o cargo ante uma ameaça de greve dos funcionários que querem o pagamento do 13° salário atrasado. Mas esse professor de Direito Internacional Público, 57 anos, não perde sua calma mineira e diz que logo após a posse vai se reunir com os funcionários. Antônio Celso quer criar novas formas de financiamento dos custos da universidade que tem 30 mil alunos, 2 mil professores e 4.500 funcionários. Esta será uma das suas principais metas. O objetivo é conseguir mais recursos ampliando-se a prestação de serviços a entidades públicas e privadas. Ele acredita que a universidade tenha todas as condições de se transformar num centro de inteligência do estado, como quer o governador Marcello Alencar.
- Quais serão suas principais diretrizes?
- Estamos assumindo a reitoria num momento muito importante da vida da Uerj. Nos últimos oito anos a universidade passou por importante transformação. Antes, formava quadros especializados para o mercado de trabalho. Por ser uma universidade nova, ela não possuía uma tradição de pesquisa nem de extensão. Nos últimos oito anos, fruto de um processo de modernização que começou na gestão do reitor Ivo Barbieri, a Uerj criou instrumentos e estruturas de pesquisa. Hoje tem um corpo importante de pesquisadores em todas as áreas em que atua.
- O Governador Marcello Alencar quer a Uerj como um centro de inteligência do estado. Um núcleo irradiador de propostas e alternativas viáveis para o Rio de Janeiro.
- Talvez este seja o nosso projeto mais importante. Queremos uma inserção mais positiva da Uerj no estado. É o povo do estado que mantém a universidade, que é pública e gratuita. Mas não adianta ser pública e gratuita e não ser efetiva na sua comunidade. Nós queremos manter com o governo do estado uma integração, que possibilite, por exemplo, o fornecimento de tecnologia para a implantação de indústrias. Agora, com a vinda da Volkswagen, nossa unidade de engenharia de produção, em Resende vai trabalhar em cooperação estreita com a nova fábrica. Também pretendemos levar a ação da universidade para o interior, através de cursos especiais. E todas as vezes que o governo necessitar de estudos e pesquisas, a universidade estará apta a realizar esse trabalho, pois tem quadros para isso.
- A UERJ tem projetos específicos para a interior?
- A Uerj mantém, por exemplo, uma unidade, o Instituto Politécnico de Friburgo, que tem um projeto interessante de incubadora de empresas, em parceria com a Firjan e outras entidades. Temos duas faculdades de formação de professores em Caxias e São Gonçalo. Queremos operar também na formação de quadros para turismo e outras atividades. E além disso temos todas as condições de prestar uma série de serviços ao Estado em toda a áreas tecnológica.
- Uma das principais críticas às universidades está na deficiência em formar e aperfeiçoar professores. Na Uerj é assim?
- Hoje temos um quadro de professores altamente qualificado. Nos últimos anos a universidade investiu muito no aperfeiçoamento dos seus professores, com financiamento de cursos no exterior. Nós temos um índice razoável de produtividade. Mas a minha administração vai perseguir a qualidade. Queremos currículos que reflitam realmente as necessidades do mercado de trabalho e os interesses da sociedade.
- Qual a sua posição em relação á avaliação da qualidade do ensino proposta pelo atual ministro?
- As universidades brasileiras precisam realmente trabalhar no sentido de avaliar os seus próprios cursos. Queremos aqui, também, um bom processo de avaliação interna. Já temos um projeto em andamento nesse sentido, que vai ser aperfeiçoado.
- O problema do financiamento do ensino público superior é cada vez mais sério. "O governo federal que se concentrar no primeiro grau e os estados não têm verbas suficientes." O senhor mesmo está começando sua gestão com uma ameaça de greve de funcionários. Como pretende lidar com essa questão?
- De fato a universidade brasileira está passando por uma série crise de financiamento. No caso da Uerj,embora seja uma universidade pública e gratuita, mantida pelo governo do estado, não pode, ficar esperando, passivamente, que,a,situação do estado melhore.- Sem abrir mão da sua atual condição de universidade mantida pelo estado, vamos procurar ampliar, de forma considerável, a captação de recursos através da prestação de serviços, e intensificar uma estreita parceria com todos os órgãos do estado e a iniciativa privada. Assim poderemos ampliar nossas fontes de investimento. A Uerj quer se manter como universidade pública e gratuita mas não quer ficar simplesmente à espera de que a situação melhore para que possa trabalhar com mais qualidade.
- O senhor pode dar exemplos?
- Nós já temos hoje, por exemplo, um convênio com a Receita Federal pelo qual fazemos exames de mercadorias importadas. Nosso centro de produção mantém uma série de cursos de especialização destinados à iniciativa privada e que são pagos. Todas as universidades brasileiras estão caminhando nessa direção.
- O senhor é a favor da criação de uma fundação para a Uerj?
- Sim. A exemplo do que já acontece em outras faculdades, criaremos uma fundação que permitirá maior agilidade administrativa e na captação de recursos.
Notícia
Jornal do Brasil