Nomeado pelo Governador Geraldo Alckmin para a Diretoria Cientifica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Henrique de Brito Cruz, dará posse ao novo reitor da Unicamp em abril de 2005.
Ele sucederá José Fernando Perez e assumirá uma das diretorias mais importantes da Fapesp, da qual partem as propostas de políticas e programas para financiar projetos de Ciência e Tecnologia no Estado.
Será mais um salto na trajetória de Brito Cruz no campo da ciência, que começou - brinca ele com os conjuntos de química para crianças ou brinquedos como o Engenheiro Eletrônico Philips. "Eu sempre quis entender como as coisas funcionavam. E na minha cabeça foi se formando esse interesse por estudar e posteriormente, a idéia de me tornar físico", conta.
Brito Cruz é reitor da Unicamp desde abril de 2002. Professor titular do Instituto de Física da Unicamp, do qual foi diretor por duas vezes, graduou-se em Engenharia de Eletrônica no ITA, em 1978. Na Unicamp, fez seu mestrado e doutorado em Física, estudando fenômenos ultra-rápidos e usando lasers de pulsos ultra-curtes.
Mas diz que conseguiu seguir este caminho graças ao incentivo de um professor, durante a adolescência. "Sempre gostei de Exatas e esse incentivo, essa orientação que tive no Ensino Médio me ajudou muito", diz, lembrando aos professores da importância de ficarem atentos aos interesses de seus alunos.
Quando prestou vestibular. Brito Cruz já queria ser físico experimental. "Durante muito tempo, as Ciências Biológicas predominaram. Depois, nos anos 70 foi a vez da Física. Nos anos 80, Ciência da Computação. Na década de 90, Genômica. E por aí vai. As ciências vão se somando e motivando os jovens. Mas quem quiser se firmar nesse nicho da pesquisa precisa ter disposição para estudar muito. Precisa gostar", avisa Brito.
A dedicação o levou a pró-reitoria de Pesquisa da Unicamp de 1994 a 1998 ao Conselho Superior da Fapesp desde 1365 e à presidência desta entidade de 19S6 a 2002. à Academia de Ciências do Estado de São Paulo e à Academia Brasileira de Ciências e da Ordem do Mérito Científico. "A indústria brasileira precisa de mais pesquisa. É uma área promissora, as oportunidades têm sido crescentes no País. Temos que ter em mente que a área de pesquisa não é apenas para quem quer. Tem que gostar e tem que ter jeito."
Segundo o reitor, há muitos professores que ajudam seus alunos a escolher um caminho profissional. Eles estão nas escolas particulares e públicas. "E, dentro da universidade, é grande o percentual de estudantes de escolas públicas que se destacam como pesquisadores", afirma.
O estudante de Engenharia Elétrica António Carlos Torrezan é um exemplo. Sempre estudou em escola pública e dedicou-se com afinco para ganhar as bolsas de estudo e prêmios que conquistou (veja texto na página 6). "Tive que trabalhar duro todos os dias para alcançar minha meta. Acabei entrando no ramo de pesquisa pela minha curiosidade. Direcionei minhas energias e busquei as pessoas certas para me ajudar", conta.
Torrezan conheceu o pesquisador Gilberto Medeiros, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LXLS), num curso na Unicamp. "Era sobre Nanotecnologia, unia área que eu não conhecia, mas tinha interesse. Não tinha grandes pretensões, mas no decorrer do curso percebi a chance de começar minha iniciação científica. E aproveitei. Gilberto se tornou meu orientador", lembra o mestrando.
Prêmio de melhor aluno da turma em 2004, formou-se em julho deste ano e mostrou que gosto e jeito, para ele, são virtudes, não obstáculos.
Notícia
Correio Popular (Campinas, SP)