Notícia

Tribuna Impressa

Registro de violência também é alto na área central da cidade (1 notícias)

Publicado em 20 de junho de 2004

Por Adriana Silva - sub-editora chefe da Tribuna
Há dez bairros periféricos da cidade onde a incidência de violência contra a criança e o adolescente ocorre com maior freqüência. A constatação, entretanto, não é um indicativo de que a violência é uma realidade da periferia. Do outro lado, na área central, o número de registros deste tipo de violência também é grande. Essa é uma das realidades locais apontadas no projeto Políticas Públicas e Violência Contra Crianças e Adolescentes em Araraquara, divulgado há uma semana pela Tribuna, que mais intrigaram os pesquisadores, segundo informou a coordenadora dos trabalhos, professora doutora Maria Tereza Miceli Kerbauy. O projeto foi realizado pelo Departamento de Sociologia e Política da Unesp, em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comcriar) e os conselhos tutelares. Tereza afirmou que os bairros onde mais ocorreu violência, considerando os quase cinco anos de pesquisa, foram os Jardins Del Rey, Iguatemi, Maria Luiza, Hortênsias, Brasil, Santa Lúcia, Roberto Selmi Dei, Vila Biagioni, José Bonifácio e Parque São Paulo, além da área central da cidade. Os tipos de violência registrados na periferia e no centro são os mesmo, o que se modifica é a faixa etária vítima. Nos bairros periféricos, as maiores vítimas são as crianças, enquanto no centro a violência contra os adolescentes ocorre em maior número. Foram analisados 509 boletins de atendimentos feitos nos conselhos tutelares e 272 Boletins de Ocorrência (BO) registrados na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Os atendimentos envolvem negligência, maus-tratos, atentado violento ao pudor e abuso sexual, entre outros tipos de violência. Para Tereza. é difícil, neste momento, fazer uma avaliação preliminar dos resultados da pesquisa, que ainda são parciais. Mas ressalta que os dados colocam em debate, pelo menos princípio, a relação de que a violência decorre da ausência de equipamentos públicos - uma realidade não verificada, por exemplo, no Selmi Dei e na área central da cidade. Encaminhamento A coordenadora acredita que até o final do ano será possível concluir a segunda fase do projeto, que é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) Ela explica que no próximo período os pesquisadores vão trabalhar no estudo da violência e dos dados sócio-econômicos da região onde ela incide. Tereza reitera que o objetivo do trabalho, além de mapear a violência, é montar um banco de dados e implantar uma rede de atendimento à criança e ao adolescente. Também faz parte das metas do grupo a indicação ao governo municipal, no encerramento do projeto, de políticas públicas integradas à criança e ao adolescente.