Dose de reforço da vacina da Pfizer após duas doses de CoronaVac produz uma proteção mais efetiva contra a variante Ômicron do que uma terceira aplicação da CoronaVac, indica um estudo divulgado nesta terça-feira (5) pela Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz ).
O estudo avaliou dados do e-SUS, do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) e do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Os dados abrangem de 6 de setembro de 2021 a 10 de março de 2022, e foram divididos em dois períodos, de 6 de setembro de 2021 a 14 de dezembro de 2021, quando a variante Delta era a dominante no Brasil; e de 25 de dezembro de 2021 a 10 de março de 2022, quando havia maior circulação da variante Ômicron.
Para avaliar a efetividade da dose de reforço em pessoas vacinadas com duas doses de CoronaVac foram desenhados três cenários. No primeiro, foram analisadas pessoas que receberam as duas doses da vacina produzida no Instituto Butantan e não reforçaram a imunização nos seis meses seguintes. Os pesquisadores calcularam que a efetividade de apenas doses contra infecções sintomáticas durante o período de maior circulação da variante Ômicron foi de 8,1%, enquanto a proteção contra desfechos graves da doença chegou a 57%.
No segundo cenário, foram avaliados casos em que as pessoas receberam uma dose de reforço também de CoronaVac, o que produziu uma proteção adicional considerada limitada pelos pesquisadores. A efetividade contra infecções sintomáticas foi de 15%, e contra casos graves, de 71,3%.
O terceiro cenário, em que a dose de reforço foi com a vacina da Pfizer, apresentou os maiores percentuais de efetividade: de 56,8% contra infecções sintomáticas e de 85,5% contra casos graves. Além disso, o estudo mostrou que, 90 dias após a dose de reforço, a proteção contra casos graves não caiu, o que foi observado na vacinação com três doses da CoronaVac.
Um estudo divulgado pela Revista científica Nature mostrou que uma dose de reforço da vacina da Pfizer/BioNTech após as duas doses da CoronaVac aumenta a eficácia contra a Covid-19 para 92,7%.
Uma equipe de cientistas anunciou na quarta-feira (23), ter desenvolvido uma pílula anticoncepcional masculina com 99% de eficácia em camundongos, um avanço aguardado há anos na medicina. As informações foram divulgadas pelo O Globo
As expectativas dos cientistas são de que as pesquisas, que não apresentaram efeitos colaterais nos animais, sejam testadas em humanos ainda neste ano, e que a pílula esteja disponível no mercado até 2027.
As descobertas sobre o novo contraceptivo serão apresentadas durante a reunião de primavera da American Chemical Society e representam um marco na oferta de métodos de controle de natalidade para o público masculino.
Desde que a pílula anticoncepcional para mulheres foi aprovada, na década de 1960, utilizada hoje por mais de 214 milhões de mulheres no mundo, os pesquisadores têm trabalhado em busca de um equivalente masculino.
“Vários estudos mostram que os homens estão interessados em compartilhar a responsabilidade contraceptiva com suas parceiras”, afirmou o doutor Abdullah Al Noman, graduado da Universidade de Minnesota, responsável por apresentar a pesquisa.
Mas, até agora, apenas preservativos e a vasectomia estão entre os métodos eficazes disponíveis para os homens.
Como funciona a pílula
No caso das mulheres, o anticoncepcional feminina usa hormônios que alteram o ciclo menstrual, uma combinação do estrogênio e da progesterona. Seguindo a mesma lógica, os esforços para desenvolver a versão masculina costumavam se concentrar no hormônio da testosterona.
Essa abordagem apresentou efeitos colaterais graves nos testes, como ganho de peso, depressão e aumento dos níveis de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), o que consequentemente aumenta o risco de doença cardíaca, além de baixa efetividade.
O novo modelo, por outro lado, utiliza um método não hormonal, concentrado em uma proteína chamada receptor de ácido retinoico RAR-alfa. Isso porque o ácido retinoico desempenha um papel importante no crescimento celular, na formação de espermatozoides e no desenvolvimento embrionário. Mas, ele precisa interagir com o RAR-alfa para desenvolver essas funções, e os experimentos de laboratório mostraram que camundongos sem o gene criado pelo receptor RAR-alfa são estéreis.
Os cientistas desenvolveram então um composto chamado YCT529 que bloqueia a ação do RAR-alfa. Ele foi projetado para atuar especificamente com o receptor RAR-alfa, e não com outros receptores relacionados, como RAR-beta e RAR-gama, a fim de evitar ao máximo possíveis efeitos colaterais.
Os testes em animais foram um sucesso. Quando administrado oralmente a camundongos por quatro semanas, o YCT529 reduziu drasticamente a contagem de espermatozoides do animal e foi 99% eficaz na prevenção da gravidez sem efeitos adversos observáveis. Após a interrupção do medicamento, os camundongos levaram entre 4 e 6 semanas para recuperar a fertilidade.
No Brasil, p esquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP), de Botucatu, também descobriram uma forma de desenvolver o que pode vir a ser o primeiro anticoncepcional masculino. Publicado recentemente na revista Molecular Human Reproduction, um estudo apontou que, a partir de uma proteína chamada EPPIN, descoberta há duas décadas e com papel no controle da movimentação dos espermatozoides, é possível a criação de medicamentos que impactem a fertilidade do homem.