A combinação da Covid-19 com outras patologias vem se revelando um dos grandes desafios para o trabalho de médicos e cientistas em busca de desvendar os agravantes e complicadores da doença – e segundo pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Biologia da Unicamp, um dos grandes problemas da doença pode estar ligado a distúrbios digestivos, especialmente ao refluxo. A pesquisa foi realizada com apoio da Fundação de Ampara à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e também apontou problemas de digestão como a síndrome de Barrett como um fato capaz de aumentar o risco de morte quando combinado com a Covid-19.
Segundo a pesquisa, a alteração no pH do tecido do esôfago pode favorecer o aumento da carga viral nos pacientes infectados – e ainda que a pesquisa não tenha sido revisada, a descoberta vem sendo respaldada por médicos especializados no aparelho digestivo, por conta principalmente da ACE2, gene responsável pela entrada do novo coronavírus nas células. Processos inflamatórios no esôfago, por exemplo, aumentam a presença da enzima ACE2 no organismo e, assim, facilita a entrada do vírus no organismo.
Outras pesquisas similares estão sendo desenvolvidas com o mesmo intuito no mundo, combinando questões digestivas com o agravamento da Covid-19. A pesquisa trabalha com análise de pacientes que enfrentaram casos graves da doença, a partir de prontuários e dos detalhes médicos do desenvolvimento da doença. Trata-se, portanto, do desenvolvimento de uma hipótese que ainda carece de maiores pesquisas e comprovação científica – mas que poderá contribuir para o controle e a determinação da doença no futuro.
Por isso, valem cinco dicas para evitar o refluxo – conforme detalhadas por estudo publicado pela Universidade de Harvard, nos EUA: Manter um peso normal, não fumar, praticar ao menos 30 minutos diários de exercícios, não consumir café, chá ou refrigerante em excesso (não mais do que dois copos) e manter uma alimentação equilibrada. De acordo com gastroenterologista Andrew Chan, autor do estudo de Harvard, essas dicas são essenciais para afastar o quadro de refluxo – e, segundo a nova pesquisa, para também combater o quadro mais grave da Covid-19.