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Reduzir a proteína na dieta pode ser uma opção para combater a obesidade e diabetes, segundo estudo (64 notícias)

Publicado em 17 de agosto de 2022

Reduzir a ingestão de proteínas pode ajudar a controlar a síndrome metabólica e alguns de seus principais sintomas, como obesidade, diabetes e pressão alta. Isso é de acordo com um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e dinamarqueses para comparar os efeitos de dietas de baixa proteína e baixa caloria em humanos. Os resultados foram publicado na revista nutriente.

A síndrome metabólica é um conjunto de condições – incluindo pressão alta, açúcar elevado no sangue, acúmulo de gordura na cintura e colesterol alto – que aumentam o risco de doenças cardíacas, derrame e diabetes.

“O estudo mostrou que o consumo de proteína pode ser reduzido para 0,8 gramas [g] por quilo [kg] de peso corporal foi suficiente para atingir quase os mesmos resultados clínicos de uma dieta com restrição calórica, mas sem a necessidade de reduzir as calorias consumidas. Os resultados sugerem a possibilidade de que a restrição proteica seja um dos principais fatores que levam aos conhecidos efeitos benéficos da restrição alimentar. Com isso, a dieta de restrição protéica pode ser uma estratégia nutricional mais atrativa e relativamente mais fácil de ser seguida por pessoas com síndrome metabólica”, afirma Rafael Ferraz-Bannitz, PhD da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo). . de São Paulo) e primeira autora do artigo.

O estudo foi financiado pela FAPESP por meio de bolsa de doutorado Ferraz-Bannitz e projeto temático coordenado pelo professor da Unicamp Marcelo Mori (Universidade Estadual de Campinas), que visa utilizar diferentes estratégias para mimetizar os efeitos da restrição calórica.

A pesquisa envolveu uma equipe multidisciplinar e internacional com cientistas da USP, da Universidade de Copenhague (Dinamarca), do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) – Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão ( CEPID) pela FAPESP com sede na Unicamp.

dieta controlada

Durante 27 dias, os pesquisadores acompanharam 21 pacientes diagnosticados com síndrome metabólica. Os voluntários foram divididos em dois grupos e permaneceram internados no Hospital das Clínicas da FMRP-USP durante todo o tempo para que a dieta pudesse ser monitorada e seguida rigorosamente.

A necessidade calórica diária de cada participante foi calculada com base na taxa metabólica basal (consumo energético de repouso). Em um grupo, os pacientes receberam uma dieta individualizada com 25% menos calorias do que o considerado ideal. Os alimentos foram selecionados de acordo com o padrão recomendado para a população geral (50% carboidratos, 20% proteína e 30% gordura).

No segundo grupo, o consumo calórico diário também foi calculado individualmente com base na taxa metabólica basal. E embora o valor calórico dado para cada pessoa tenha sido respeitado (nunca ultrapassado), o percentual de proteína na dieta foi reduzido e permaneceu em torno de 10% (60% carboidratos e 30% gordura). Um fato importante é que não houve diferença no uso do sal. Em ambos os grupos, os pacientes consumiram 2 g de sal por dia.

O estudo mostrou que tanto as dietas restritas em calorias quanto as restritas em proteínas promoveram a perda de peso devido à redução da gordura corporal, melhorando assim os sintomas da síndrome metabólica. Sabe-se que a redução da massa gorda está associada à redução da glicemia, dos níveis lipídicos e da pressão arterial.

“Após 27 dias de monitoramento, ambos os grupos tiveram resultados semelhantes: redução dos níveis de açúcar no sangue, perda de peso, controle da pressão arterial e queda nos níveis de triglicerídeos e colesterol. Tanto a dieta com restrição calórica quanto a que reduziu o consumo de proteínas melhoraram a sensibilidade à insulina após o tratamento. Os pacientes também apresentaram diminuição da gordura corporal, principalmente em torno da cintura e circunferência da cintura, mas sem redução da massa magra. [músculos]diz Maria Cristina Foss de Freitas, professora da FMRP-USP e coordenadora do estudo.

Os resultados confirmam estudos anteriores em camundongos. “Mas desta vez conseguimos realizar um ensaio clínico randomizado e totalmente controlado por 27 dias com um cardápio personalizado de acordo com a necessidade de cada paciente”, enfatiza Foss de Freitas.

Dessa forma, foi demonstrado em humanos que a manipulação dos macronutrientes de uma dieta – proteína, gordura ou carboidratos – é suficiente para alcançar os efeitos benéficos da restrição alimentar. “Vimos que a restrição de proteínas é suficiente para reduzir a gordura corporal e manter a massa muscular. Isso é muito importante, pois com muitas dietas restritivas, a perda de peso também é acompanhada pela diminuição da massa muscular”, comenta Ferraz-Bannitz.

O estudo não descreveu os mecanismos moleculares que poderiam explicar os efeitos benéficos da dieta pobre em proteínas, mas os pesquisadores levantam a hipótese de que o consumo mínimo de proteínas promove uma mudança no metabolismo dos pacientes, ou uma melhora na capacidade energética do corpo para proporcionar a queima de gordura para energia como forma de produção de energia para as células.

“Ficamos com apenas hipóteses, e uma delas seria a ativação de vias de sinalização molecular que interpretam a redução de aminoácidos essenciais como um sinal de redução da ingestão alimentar e, assim, levam a um aumento da produção de hormônios, o que normalmente é observado durante jejum. Estudos em modelos animais já mostraram que essas vias de sinalização estão envolvidas nos efeitos tanto de dietas com restrição calórica quanto com restrição de proteínas, levando à perda de gordura em ambos os casos”, diz Mori.

Apesar dos resultados promissores, deve-se destacar que o estudo foi baseado no uso de dietas individualizadas. Mori destaca ainda que a pesquisa foi realizada com uma população específica: pacientes com síndrome metabólica que sofriam de diabetes, obesidade, pressão alta e colesterol alto.

“No entanto, é difícil não pensar em extrapolar esse resultado. Sabemos que uma dieta vegana tem se mostrado benéfica em casos de síndrome metabólica e também foi constatado que a ingestão excessiva de proteínas, como é comum no Ocidente, pode ser um problema. Portanto, é necessária uma avaliação caso a caso. É importante lembrar que uma deficiência de proteína pode levar a problemas graves, que já foram bem descritos, por exemplo, em gestantes”, diz.