A mecânica e metalúrgica Dambroz, localizada em Caxias do Sul (RS), prevê que o segmento de petróleo dobre o tamanho da companhia e represente 50% de seu faturamento em 2005. Hoje esse mercado tem participação insignificante nos resultados da empresa.
Segundo Luiz Fernando Dambroz, gerente-comercial, a companhia entrou no mercado petrolífero há três anos através da Rede Petro — RS, iniciativa vinculada à Rede Brasil de Tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), que promove troca de informações e aproximação entre as empresas do setor e as demandas do mercado e da Petrobras.
A Dambroz está finalizando o desenvolvimento de uma unidade de bombeamento de petróleo conhecida como "cavalo-de-pau". Segundo Dambroz, a empresa desenvolveu uma nova tecnologia que reduzirá custos na operação do equipamento, que atualmente conta com apenas um fabricante no Brasil.
A tecnologia consiste em construir o motor do equipamento integrado ao redutor — utilizado para reduzir a rotação do motor —, o que dispensa o acoplamento por correias e reduz gastos com energia. Além disso, a variação de velocidade passou a ser controlada por computador, o que dispensa a necessidade de parar o equipamento para realizar ajustes. "Enviamos oito equipamentos para serem testados pela Petrobras no Ceará. Se eles forem aprovados, o nosso faturamento em 2005 deve dobrar e chegar a R$ 80 milhões apenas com as vendas dos cavalos-de-pau. Acreditamos que essa tecnologia irá modificar mundialmente o sistema de bombeamento de petróleo", diz.
O projeto contou com financiamento de R$ 950 mil da Petrobras, proprietária da patente. A Dambroz está finalizando ainda outro projeto para fixar plataformas no chão do oceano e irá assinar até abril um novo contrato com a Petrobras para nacionalizar equipamentos utilizados na colocação de tubos na terra para bombear petróleo.
De acordo com Suzana Sperry, coordenadora-executiva da Rede Petro — RS, existem mais de 140 empresas. 90 centros de pesquisa e oito universidades participantes da rede, que iniciou sua operação no final de 1999. "A grande maioria das empresas é de pequenas e médias. Nosso objetivo é aproximá-las das universidades para proporcionar desenvolvimento tecnológico", afirma Sperry.
A Rede Petro - BC, que abrange a região da Bacia de Campos (RJ), existe há um ano e hoje conta com 140 integrantes — entre empresas, laboratórios e institutos de pesquisa.
Entre as iniciativas da rede está a de uma fábrica de Goma Xantana, insumo utilizado na composição de fluidos de perfuração de poços de petróleo que atualmente é importado. O projeto conta com empresas de Campos e parceria da Universidade de Campinas (Unicamp), que irão desenvolver o goma a partir da cana-de-açúcar.
Outro projeto em fase de implantação é o processo para qualificação de profissionais e produção de soldas molhadas a partir da implantação de um simulador de condições marítimas, com a utilização de uma câmara hiperbárica. Atualmente, as avaliações dependem de tecnologia importada. O projeto é uma parceria da Rede Petro - BC com a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e Petrobras.
Rede Brasil
De acordo com Marcelo Lopes, secretário-executivo da Rede Brasil de Tecnologia (RBT), a expectativa é que até o final de 2004 todos os Estados do Brasil estabeleçam núcleos da Rede Petro através das Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia. "Realizamos um evento em Brasília no final de 2003 para divulgar o projeto e todos os Estados mostraram interesse. Hoje, além das redes de Campos e do Rio Grande do Sul que já estavam estabelecidas. Ceará, Bahia e Minas Gerais já montaram seus núcleos", afirma Lopes.
O cadastro da RBT conta hoje com 693 empresas, institutos de pesquisa e prestadores de serviços tecnológicos. "Qualquer empresa pode se cadastrar, independentemente de integrar um núcleo regional da rede", diz.
Segundo ele, o objetivo da RBT em 2004 é atingir um cadastro de 5 mil entidades. "Nossa perspectiva é que a verba para o projeto liberada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia seja de R$ 50 milhões, comparado com R$ 10 milhões em 2003".
Para Lourival Monaco, secretário-executivo de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, iniciativas similares aos da RBT já ocorrem através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
"São Paulo tem interesse na criação de uma diretoria da Rede Petro porque temos um grande mercado e competência intelectual. Com descobrimento das jazidas de gás natural teremos grande demanda por tecnologia de uso e aplicação do combustível. Além disso, os processos relacionados aos derivados de petróleo geram pequenas empresas, nas quais temos todo o interesse", comenta Monaco.
Ele afirma que em março São Paulo deve receber a visita do ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. "Vamos aguardar a vinda do ministro para discutirmos parcerias e a questão da Rede Petro é um dos itens que será considerado", diz Monaco.
Gabriel Attuy
Americanos negociam parceria
Empresas da região de Macaé (RJ) estão estudando a formação de joint ventures com companhias norte-americanas para atuar no mercado brasileiro de petróleo e gás.
Em reunião promovida pela Câmara de Comércio Internacional da prefeitura de Macaé (Cacim) no final de fevereiro, empresários do Estado de Oklahoma se encontraram com empresas da região para iniciar negociações.
De acordo com Adolfo José Moura, diretor-operacional da Cacim, algumas das empresas estrangeiras que participaram do encontro foram Ram Energy Inc.. Kimray Oil.& Gas Equipment e Taylor Valve Technology. "Estamos promovendo a aproximação financeira entre as empresas interessadas, que atuam principalmente na fabricação de válvulas de bombeamento de óleo e motores estacionários", diz Moura.
Ele afirma que para as empresas nacionais a vantagem é a transferência de tecnologia, que poderá levar à nacionalização de equipamentos e processos a curto prazo. "Iremos realizar uma nova reunião em abril e acredito que até o final do primeiro semestre deste ano já teremos alguns resultados concretos", comenta.
O contato com as empresas nacionais interessadas foi feito através da Rede Petro em Macaé e a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip).
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DCI