Uma rede formada por 12 empresas, 7 universidades e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai estudar o genoma do eucalipto com o objetivo de aumentar a produtividade e competitividade da planta no cenário mundial. O projeto Genolyptus foi lançado ontem no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso. Para o presidente, o trabalho em rede propiciará um desenvolvimento mais acelerado de espécies mais resistentes e mais viáveis economicamente. "O mundo funciona em rede, até o crime trabalha em rede", afirmou.
De acordo com o presidente, é crescente o número de trabalhos de inovação tecnológica no País, o que pode ser verificado pelo aumento na quantidade de artigos de pesquisadores brasileiros em publicações internacionais. "Isso é importante porque o Brasil passa a viver a mesma etapa de desenvolvimento de outros países", disse.
O projeto Genolyptus tem previsão de duração de cinco anos e custará R$ 12 milhões. Deste valor, 70% sairá dos cofres do governo e também do Fundo Verde-Amarelo, de interação universidade-empresa. Em dezembro de 2001, o Fundo liberou R$ 2 milhões para o início dos trabalhos e assegurou mais R$ 2 milhões para este ano. O ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, afirmou que a perenidade do projeto está assegurada pelos fundos setoriais.
Os outros 30% serão investimentos do setor produtivo. "Durante esse primeiro momento, o programa é pré-competitivo, já que o conhecimento servirá para todos os participantes; depois, as empresas desenharão suas próprias estratégias e passarão a competir entre si", explica o ministro.
O diretor-geral da Klabin, Josmar Verillo, acredita que os resultados começarão a ser sentidos antes do término da pesquisa. Este é o primeiro projeto da indústria em biotecnologia, que já trabalhava com estudos em melhoramento genético.
Segundo o coordenador da Rede, Dario Grattapaglia, professor da Universidade Católica de Brasília, serão usadas plantações espalhadas por todo o território nacional, em que se estudará as melhores formas de aumentar a produção, diminuir a poluição das indústrias e criar plantas mais resistentes a doenças. "A ciência genômica tem de estar vinculada ao esforço operacional de campo", explica Grattapaglia.
Para o gerente de planejamento, tecnologia e desenvolvimento da Suzano-Bahia Sul Celulose, Luiz Antônio Cornacchioni, o projeto vai facilitar as pesquisas de melhoramento genético que a indústria já faz há 30 anos. "Vamos poder agilizar o nosso processo", disse. A Suzano vai fornecer material genético de parte dos eucaliptos que serão estudados, investirá cerca de R$ 1,5 milhão neste projeto e no projeto Foresters da Fundação de Amparo a Pesquisa de São Paulo (Fapesp) por um período de dois anos e ainda terá um pesquisador da empresa envolvido com os outros cientistas. A Suzano e a Bahia Sul, que tiveram sua gestão unificada no ano passado, produziram 25 milhões de mudas de eucaliptos em 2001. As indústrias têm florestas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Maranhão.
O País tem, hoje, a maior área plantada do mundo de eucaliptos, planta australiana - mais de 3 milhões de hectares - e é o maior produtor mundial da celulose - cerca de 6,3 milhões de toneladas por ano. Dos 300 milhões de metros cúbicos de madeira consumidos por ano, cerca de 100 milhões são eucaliptos. As indústrias nacionais que usam o eucalipto para a produção de papel e celulose representam 4% do PIB do País, 8% das exportações e geram aproximadamente 150 mil empregos. Um outro projeto de genoma do eucalipto, voltado para o seqüenciamento genético, está sendo desenvolvido pela Fapesp.
Notícia
Gazeta Mercantil