As universidades estaduais de São Paulo são mantidas com 9,57% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Servições (ICMS). De acordo com os dados de 2000, isso representou cerca de R$ 2,25 bilhões no total. Mas essa verba não é dividida em três partes iguais. Ela segue, mais ou menos, a proporção de alunos de cada instituição.
"A USP recebe um pouco mais da metade dos recursos e a Unesp e a Unicamp praticamente dividem o resto", explica o pró-reitor de graduação da Unicamp, Ângelo Cortelazzo. "Apesar de a Unesp ter o dobro de alunos de graduação da Unicamp, ela não recebe o dobro de verbas porque os estudantes da pós-graduação e o setor de saúde, que abrange os hospitais universitários, são levados em conta."
A divisão dos recursos é a mesma todos os anos. "Ao longo do tempo, essas porcentagens foram sofrendo pequenos ajustes, mas toda instituição sempre acha que seus recursos são insuficientes porque há muito para se fazer."
Cortelazzo lembra que, nas três universidades, a pesquisa é praticamente financiada por agências externas, sendo a maioria delas governamentais, como a Fapesp (estadual) e a Capes (federal). "Mas a Unicamp, por exemplo, recebe também investimentos de empresas privadas que estão interessadas em algum projeto que estamos desenvolvendo."
Na Unicamp, afirma o pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da Unesp, Marcos Macari, 15% do orçamento total é captado nas agências financiadoras. "0 problema é que, por ter vários campi, a Unesp acaba tendo gastos duplicados", diz o chefe de gabinete da reitoria da Unesp, Luiz Antônio Vane. "Precisamos de várias bibliotecas, laboratórios e restaurantes universitários, o que não ocorre com a mesma freqüência nas outras duas."
Outra dificuldade, lembra, é que, só neste ano, a Unesp aumentou suas vagas em 10% e a divisão do ICMS não foi modificada. "Estamos crescendo sem novas verbas."
NOS CAMPI, A DIFERENÇA VISÍVEL DAS UNIVERSIDADES
A diferença mais visível entre a USP, a Unesp e a Unicamp está na estruturação de seus campi. Enquanto a USP e a Unicamp têm um campus central, com quase todos os seus cursos, a Unesp tem suas unidades espalhadas por todo o Estado. "Esta característica geográfica é a principal diferença da Unesp e colabora para o desenvolvimento de várias regiões de São Paulo", afirma o pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da instituição, Marcos Macari.
"Além de desenvolverem tecnologias específicas para as cidades onde se situam, esses campi formam recursos humanos qualificados que acabam ficando no município e ajudando no desenvolvimento regional", diz Marcari.
Mas essa difusão pode causar algumas dificuldades. "Além de gerar mais despesas, pode ser complicado manter a unidade de uma instituição quando ela está dividida em vários campi", afirma o consultor de ensino superior e ex-reitor da USP, Roberto Leal Lobo.
"A integração do conhecimento e a ampliação da cultura geral também se tornam mais complexas, já que o estudante tem menos possibilidades de matérias optativas." A vantagem, diz Lobo, é que cada campus tem mais autonomia para definir suas prioridades.
Macari afirma que, para estimular a troca de conhecimento dos vários cursos, a Unesp está formando os "centros virtuais de pesquisa". "Esses centros integram docentes e alunos de diversas unidades que estão trabalhando com temas parecidos", explica. "Eles trocam informações e solucionam suas dificuldades mesmo à distância."
O pró-reitor de graduação da Unicamp, Ângelo Cortelazzo, lembra que são necessários campi no interior e que a Unesp cumpre bem esse papel. "Mas um campus com vários cursos facilita uma formação mais ampla do estudante."
Ele conta que as três universidades estaduais de São Paulo aprovaram um acordo que permite aos alunos cursar uma matéria optativa durante seis meses em qualquer uma das instituições, desde que ela não exista na universidade onde estuda: "Isso é para incentivar o estudante a ter uma visão global da carreira."
Notícia
Jornal da Tarde