A pandemia, que assusta, mata e para o mundo, trouxe uma grande notícia para o Brasil – a reconversão industrial, que nada mais é do que a adaptação das empresas para produzir equipamentos para a guerra contra o coronavírus, como respiradores, máscaras, aventais, luvas e outros acessórios utilizados por médicos, pessoal de enfermagem e auxiliares. No caso das máscaras, até mesmo pela população em geral, conforme determinação da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Uma coisa tem que ficar bem clara: nenhuma dessas empresas deixou ou vai deixar de fabricar seus produtos originais. A adaptação é um esforço da indústria diante do novo período histórico que veio com a pandemia.
Exemplos: a Mercedes Benz, que produz caminhões, automóveis etc. em suas fábricas no mundo inteiro, no Brasil, já está montando respiradores, um produto usado nas Unidades de Terapia Intensiva e de extrema importância para a sobrevivência de um infectado. Também estão montando respiradores, Scania, Honda e Peugeot – grandes empresas mundiais.
A Ford de Camaçari, na Bahia, por exemplo, está produzindo máscaras, outro produto importante para os trabalhadores de atividades essenciais, como médicos, enfermeiros e auxiliares. No Rio Grande do Norte, as indústrias de confecção Hering e Guararapes abriram um espaço para produzir máscaras, a pedido do governo do Estado.
Além dessas empresas, muitas outras já estão produzindo álcool em gel, como a Ambev, que distribuirá 500 mil unidades gratuitamente.
As universidades também estão dando a sua contribuição no combate à pandemia. A USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, por meio de sua faculdade de engenharia, a Politécnica, está desenvolvendo projetos de baixo custo para ventiladores. A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) disponibiliza R$ 20 bi para pequenas e médias empresas, também entrando nessa corrida em benefício da sociedade.
A grande expectativa é que essa reconversão industrial venha para ficar e reforce a nossa combalida indústria, que há 30 anos produzia cerca de 25% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e agora estagnou em perto de 9%.
Todos esses produtos da área da saúde estão sendo produzidos na China, que virou a grande oficina do mundo.
Durante três horas, ontem (6), o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas de Estudos Socioeconômicos) detalhou, em videoconferência, tudo o que vem acontecendo em nosso País com relação à reconversão industrial. Seus técnicos, gabaritados, estão produzindo textos que serão discutidos com empresários, governadores, Congresso (Câmara e Senado) e o governo federal.
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), participou do debate e parabenizou o Dieese pelo trabalho.
A reconversão industrial foi utilizada também após as duas guerras mundiais. Com uma diferença: nesses dois grandes períodos de destruição da humanidade, muitas fábricas foram reconvertidas para matar. E depois voltaram à sua produção normal.
A expectativa, agora, aqui no Brasil, é que a reconversão industrial se converta numa nova linha de produção para a saúde. Com a boa notícia, claro, de que sejam criados novos empregos. E deixemos de depender, pelo menos em grande parte, da China.