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Reconhecimento em neurologia (1 notícias)

Publicado em 02 de maio de 2007

Por Thiago Romero

Sarah Teixeira Camargos, doutoranda na UFMG, ganha International Scholarship Award, concedido pela Academia Norte-Americana de Neurologia, por estudo sobre uma doença do movimento, a distonia dopa-responsiva

Sarah Teixeira Camargos, médica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), recebe nesta quarta-feira (2/5), em Boston, nos Estados Unidos, o International Scholarship Award, concedido pela Academia Norte-Americana de Neurologia (AAN).

O prêmio, oferecido a médicos que não sejam norte-americanos ou canadenses, menores de 35 anos, e que tenham realizado trabalho de destaque no campo da neurologia, será entregue durante a 59ª Reunião Anual da AAN, que termina no dia 5. Ao todo, sete pesquisadores de países diferentes foram premiados.

"Esse prêmio é muito importante e gratificante, pois passa pelo crivo da AAN. Trata-se de um prêmio curricular, de reconhecimento e não financeiro", disse Sarah à Agência Fapesp. A academia, no entanto, banca os custos de passagens, hotel e inscrição para o congresso dos ganhadores.

O trabalho premiado é resultado da tese Avaliação fenotípica e genotípica de Parkinson e distonia familiares em um ambulatório de referência em Distúrbios de Movimento, que deverá ser defendida até o fim do ano.

"O trabalho descreve algumas mutações ainda não descritas em um subgrupo de distonia, que é a dopa-responsiva", explica Sarah, que fez uma análise genética de seis famílias brasileiras com distonia dopa-responsiva.

"A distonia consiste em contrações musculares causadas por movimentos de torção, movimentos repetitivos e posturas anormais. A distonia dopa-responsiva foi descrita em 1971 e se caracteriza basicamente por uma distonia de início precoce — na infância — que começa nos pés e rapidamente se espalha para os outros membros."

De acordo com o orientador do trabalho, Francisco Eduardo Cardoso, professor do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, existem vários estudos em andamento envolvendo pesquisadores brasileiros para a identificação das causas genéticas de doenças do movimento, como parkinsonismo e distonia.

"Mas uma das peculiaridades da nossa investigação é que fizemos uma busca ativa de causas genéticas em pacientes não selecionados previamente. Isso levou à constatação de que genes e mutações conhecidas estão presentes na população brasileira, apesar da existência de novos defeitos que ainda não foram identificados", disse Cardoso.

"A descoberta que deu à Sarah o prêmio já representa isso, ou seja, mutações não descritas que causam distonia dopa-responsiva. Há outros achados, até mais significativos, que em breve estaremos em condições de anunciar", afirmou.

A fase clínica da pesquisa foi realizada no Ambulatório de Movimentos Anormais da UFMG, em Belo Horizonte. A parte experimental foi desenvolvida por Sarah em 2005 e 2006, no Laboratório de Neurogenética do Instituto Nacional do Envelhecimento, nos EUA.

Para mais informações sobre o estudo, acesse http://www.abstracts2view.com/aan2007boston/view.php?nu=AAN07L_P08.066

(Agência Fapesp, 2/5)