A 55ª Reunião Anual da SBPC, o maior encontro público de ciência na América Latina, começa neste domingo à noite, no Recife, e durante cinco dias deve acolher cerca de 15 mil pessoas ao campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ávidas para participar de intensa e múltipla programação científica e cultural, sob o tema geral "Educação, Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social". Pela primeira vez, haverá uma série de palestras transmitidas para seis cidades do interior.
O megaencontro compreende 91 simpósios (que incluem cinco ciclos temáticos), 53 conferências, 52 minicursos, 15 encontros, sete assembléias, 155 sessões de pôsteres, exibindo 3.895 trabalhos, dos quais 1.016 são da 10ª Jornada Nacional de Iniciação Científica.
Os ciclos temáticos, com conferências e simpósios, são: "Educação e Inclusão Social", "Integração e Soberania", "Qualidade de Vida", "Desigualdades no Brasil" e "Biodiversidade".
Outros temas em debate: Reforma da Previdência, Desenvolvimento Regional e Inovação. Palestras de destaque: "Educação e Inclusão Social", pelo ministro da Educação, Cristóvam Buarque; "Os 50 anos do DNA", por Keith H. S. Campbell, da Escola de Biociências da Universidade de Nottingham, Reino Unido; e "Ciência como Fator Estratégico de Soberania", pelo ministro da C&T, Roberto Amaral.
Haverá três sessões especiais: 8º Encontro Nacional do Programa Especial de Treinamento (PET); Sessão de Painéis do 468 Concurso Cientistas de Amanhã, e Ato de Instalação do Conselho do Instituto Ciência Hoje. Serão entregues os Prêmios José Reis de Divulgação Científica e Érico Vannucci Mendes, concedidos pelo CNPq, bem como os prêmios do Concurso Cientistas de Amanhã. Outros eventos importantes: 11ª SBPC Jovem, 11ª Expociência, SBPC na Comunidade, SBPC Cultural, Feira do Livro e Expo-Municípios.
Estas são as seis cidades do interior que assistirão palestras por meio de videoconferência: Nazaré da Mata, Vitória de Santo Antão, Palmares (Zona da Mata), Caruaru (Agreste), Salgueiro e Arcoverde (Sertão).
ENSINO DA MATEMÁTICA: CRISE AGUDA
Sueli Druck, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, denuncia neste artigo "a dramática situação do ensino básico da Matemática no Brasil", que, a seu ver, "não admite paliativos". Para a professora, "não há dúvida de que qualquer tentativa de solução só será possível através de um projeto nacional para a Matemática, como Já ocorreu no caso da Química".
A NOSSA SBPC: ONTEM, HOJE E SEMPRE
Glaci Zancan, presidente da SBPC
A comunidade científica, reunida na SBPC nos últimos 55 anos, esteve sempre à frente na busca permanente por dotar o país da infra-estrutura necessária à geração do conhecimento. Assim, graças aos esforços de gerações, nasceram as agências de fomento: CNPq, Capes, Fapesp, Finep, Facepe e todas as outras em âmbito estadual. Isso sem falar na infra-estrutura, no sistema de pós-graduação que a todos nos orgulha.
No decorrer do regime militar, os pesquisadores que permaneceram no país lutaram bravamente para manter as reuniões da SBPC como um fórum de discussão crítica e livre sobre os problemas nacionais. Como um baluarte da liberdade de expressão, a entidade tornou-se um símbolo de resistência da sociedade civil. Como as reuniões anuais foram crescendo, os pesquisadores decidiram concentrar-se em eventos especializados e assim surgiram as diferentes sociedades científicas. O avanço do conhecimento fez com que elas também passassem a realizar seus encontros anuais. As reuniões da SBPC ficou cabendo o papel de grande fórum de crítica, divulgação e popularização da ciência.
Com a queda do regime militar e a abertura política, a comunidade científica, representada pela SBPC, participou ativamente na formulação da Constituição de 1988. Na última década, com o aperfeiçoamento da democracia, a SBPC, instituição voltada para a promoção da ciência, passou a atuar basicamente no debate e na formulação de políticas para C&T e na defesa da escola pública em todos os seus níveis. O extraordinário avanço do conhecimento, em contrapartida à baixa inserção da pesquisa nas Universidades, traz enorme responsabilidade para os dirigentes da comunidade científica - a luta permanente por melhores condições de trabalho e pela expansão da base de pesquisa do país. Também é tarefa dos acadêmicos comprometidos socialmente motivar os jovens à reflexão crítica e à busca permanente de respostas que ajudem a solucionar os problemas enfrentados pelas populações marginalizadas.
Buscando congregar as competências que cresceram ao longo dos últimos 40 anos, a SBPC passou a reunir sob seu manto, na forma de uma federação, as sociedades científicas independentes. Hoje, 65 Sociedades de todas as áreas do conhecimento estão a ela associadas. É um diálogo permanente, que transforma a SBPC em porta-voz das preocupações e propostas comuns. Assim, a comunidade, congregada na entidade mãe, tem participado ativamente no Congresso Nacional e nas Assembléias Legislativas da discussão de projetos de Lei que incorporam, cada vez mais, a ciência na vida diária dos cidadãos, contando, inclusive com uma Assessoria Parlamentar junto à Câmara Federal.
Para atender à necessidade de divulgação do conhecimento, a SBPC dispõe de vários instrumentos que vão de revistas impressas às eletrônicas e ao site , que registra nossas atividades.
Cada vez mais os cientistas são chamados a opinar e participar dos mais diferentes Conselhos, criados pela mudança constitucional. A escolha dos representantes nessas instâncias é uma das tarefas permanentes da diretoria da SBPC. que, para isso, consulta todas as sociedades associadas, além de seu próprio Conselho. Mas é preciso entender que a SBPC somos todos os seus sócios e que seu futuro depende essencialmente do engajamento em suas atividades. A SBPC é entidade sem fins lucrativos e o trabalho de todos seus dirigentes é voluntário.
Incorporar a ciência na vida diária dos brasileiros é tarefa imensa e exige a participação de todos quantos acreditam que possamos ter um país com menos desigualdades. A SBPC deve liderar essa tarefa e dar apoio às outras Sociedades. Já somos o 12° país em produção de conhecimentos novos, mas a defasagem ainda é imensa. E ante o explosivo avanço do conhecimento, o país precisa ampliar sua competência científica para manter e ampliar sua inserção no mundo globalizado.
Nossa 55ª Reunião Anual debaterá esses múltiplos desafios. Esperamos que a sociedade pernambucana venha discutir conosco as alternativas de como a educação e a ciência poderão promover a inclusão social.
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