Empresa brasileira de biotecnologia nasce de parceria com Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer e estabelece uma rede com instituições de pesquisa, incluindo o Instituto Butantan.
A Recepta Biopharma - especializada em pesquisa e desenvolvimento de anticorpos monoclonais para tratamento do câncer - e o Instituto Butantan, centro de excelência em pesquisa, desenvolvimento e produção de fármacos - inauguram hoje o Laboratório de Anticorpos Monoclonais. O trabalho a ser desenvolvido no novo laboratório é inédito no Brasil e tem como objetivo o domínio da tecnologia de geração de linhas celulares de anticorpos monoclonais para produção comercial.
A construção desse laboratório é parte de um projeto do Instituto Butantan, no valor total de R$ 8 milhões, apoiado pela Recepta e pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), com recursos do Ministério da Saúde e do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Esse projeto inclui também a realização de ensaios de imunohistoquímica - análises utilizadas para saber qual antígeno é expresso por determinando tumor a fim de desenvolver anticorpos específicos para os antígenos - na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), além da condução de testes clínicos de Fase II (em pacientes).
A criação e implantação da Recepta foi liderada pelo professor José Fernando Perez, diretor presidente da empresa, físico que foi por quase doze anos diretor científico da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Perez identificou as competências necessárias para a realização do projeto, concebeu e estruturou a rede de instituições parceiras e atraiu investidores para a inovadora parceria com o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (ILPC). Nos primeiros dois anos de operação da Recepta foram investidos cerca de R$ 3 milhões e, para os próximos cinco anos, estão previstos investimentos de R$ 30 milhões.
A Recepta foi também uma das empresas contempladas no primeiro programa de subvenção econômica para a inovação tecnológica do MCT para um projeto que inclui a identificação de novos alvos terapêuticos e geração de novos anticorpos monoclonais, pesquisa a ser desenvolvida com a filial de São Paulo do ILPC.
"O projeto da Recepta responde a interesses estratégicos do sistema de saúde do país e se enquadra em duas prioridades da Política Industrial, de Tecnologia e de Comércio Exterior (PITCE) do governo federal", destaca Perez. Ele acrescenta que "o nosso modelo de parcerias reconhece a excelência das instituições de pesquisa do país, hoje subutilizada. É importante, também, enfatizar que o Instituto Ludwig é muito mais do que um simples sócio da empresa, pois agrega a competência de toda sua rede global de cientistas que irão colaborar com os pesquisadores associados à Recepta".
Para Andrew Simpson, diretor científico global do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer em Nova York, "a Recepta começa seu trabalho em um país que é considerado como um dos mais promissores para o desenvolvimento de novas terapias para o combate ao câncer. Há oportunidades interessantes de pesquisa clínica no Brasil, pois o país tem pesquisadores talentosos, tanto em clínicas, como em laboratórios, e com pacientes que precisam de novas opções de tratamento. Além disso, nós temos muita confiança nas práticas clínicas, que observam os mais altos padrões de ética no cuidado com os pacientes".
Tratamento do câncer
O ILPC licenciou à Recepta a propriedade intelectual, exclusiva e mundial, sobre quatro anticorpos monoclonais: hu3S193 - Anti-LeY; 58-1066 - Anti-LeB; MX35 e A34 (209-342). Anticorpos monoclonais são proteínas usadas pelo sistema imunológico para identificar e neutralizar bactérias, vírus ou células tumorais. O anticorpo reconhece um alvo específico, o antígeno, que está presente em células estranhas ao organismo.
Os anticorpos descobertos e desenvolvidos pelo ILPC mostraram-se potencialmente eficazes para tratar diversos tipos de tumores, especialmente os de origem epitelial (carcinomas e adenocarcinomas). Em relação ao anticorpo monoclonal hu3S193 - Anti-LeY, por exemplo, a Recepta conduzirá ensaios clínicos de Fase II em pacientes com tumor de ovário, ainda este ano. Este será o primeiro teste clínico oncológico de Fase II conduzido por uma empresa brasileira.
"Os anticorpos monoclonais se caracterizam como terapia direcionada, afetando primariamente apenas as células tumorais que expressam o antígeno específico de cada anticorpo. Por essa razão, os efeitos colaterais são mais toleráveis pelo organismo. Além disso, os anticorpos monoclonais podem ser utilizados em combinação com a quimioterapia", informa Perez.[14]
O diferencial no modelo de negócios da Recepta é a atuação em parceria com instituições científicas, hospitais e diversos pesquisadores, formando uma ampla rede de colaboração. Para ensaios pré-clínicos, a Recepta está se associando à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Para a realização de testes clínicos, a empresa tem como parceiros: Hospital Sírio-Libanês, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, e Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Rio de Janeiro.
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