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Raízes do Império Inca (1 notícias)

Publicado em 27 de dezembro de 2004

A área, que vem sendo estudada há pelos menos quatro décadas, pode ser considerada, a partir de agora, o berço do Império Inca. Um artigo publicado na revista Nature, na edição desta quinta-feira (23/12), mostra o resultado dos estudos realizados em mais de 20 centros urbanos e cerimoniais entre os rios Fortaleza e Pativilca, ambos ao norte da capital, Lima. As datações revelaram que a área mais antiga existente no norte do Peru foi ocupada cerca de 3.100 mil anos antes de Cristo. Com isso, o registro passa a ser, por uma diferença de 400 anos, o mais antigo da América do Sul. "A escala e a sofisticação desses locais são muito maiores do que as observadas em qualquer outro local já encontrado no Novo Mundo naquele tempo e, talvez, em todos os tempos", disse o antropólogo Jonathan Haas, do Museu Field, de Chicago, em comunicado da instituição norte-americana. Haas assina o artigo ao lado de Winifred Creamer e Álvaro Ruiz, antropólogos da Universidade do Norte de Illinois. Os locais mapeados pelo trio, todos próximos da costa, variam bastante em termos de extensão. Os arcaicos centros urbanos ocupavam uma área que variava de 10 hectares a 100 hectares. Várias plataformas de sustentação para as pirâmides - a mais alta com 26 metros de altura - também foram identificadas. Em alguns dos centros urbanos havia até sete estruturas do tipo. "Com essas novas informações, temos que repensar nossas idéias sobre o desenvolvimento social, econômico e cultural dos primórdios da civilização no Peru e em toda a América do Sul", disse Ruiz ao comentar as descobertas feitas no Vale Supe. Segundo os pesquisadores, se os resultados publicados agora forem somados aos obtidos para as regiões peruanas de Áspero e Caral, é possível afirmar que as comunidades da antiga civilização sul-americana de 5.000 anos de idade ocupavam uma área de 1,8 mil quilômetros quadrados. Além disso, o complexo sistema cultural do norte do Peru teria funcionado por pelo menos 1.200 anos.
(Agência Fapesp, 23/12)