O radiotelescópio Bingo, que está sendo instalado na Serra do Urubu, na cidade de Aguiar, no Sertão da Paraíba, deve começar a ter o pleno funcionamento até o fim de 2024, de acordo com informações do coordenador geral do projeto, Élcio Abdalla. O equipamento é capaz de explorar fenômenos…
O radiotelescópio Bingo , que está sendo instalado na Serra do Urubu, na cidade de Aguiar, no Sertão da Paraíba, está em fase de finalização, com os serviços de terraplanagem quase concluídos para a instalação das estruturas metálicas. Já foram construídas uma casa de comando e uma usina solar no local. As 15 cornetas-antenas estão sendo transportadas de São Paulo para o Sertão da Paraíba, enquanto as peças da estrutura metálica, fabricadas na China, já estão prontas.
O Bingo está sendo instalado na Serra do Urubu, em Aguiar, e, embora inicialmente previsto para operar em 2021 , o projeto enfrentou atrasos devido a questões burocráticas e à pandemia. A expectativa é de que o radiotelescópio comece a funcionar ainda em 2024.
Engenheiros paraibanos estão na China aprendendo sobre a montagem das três principais estruturas metálicas: o espelho primário, o espelho secundário e as torres das cornetas, para replicar o processo no Brasil, garantindo a verificação e certificação de todas as peças.
Com um investimento de R$ 16 milhões do Governo da Paraíba, o projeto Bingo deve fortalecer a pesquisa na região e vai promover a inovação científica no país, além de desempenhar um papel crucial na formação de estudantes em tecnologias avançadas.
Liderado pelo Brasil com cooperação internacional, o Bingo estudará cosmologia e astrofísica, buscando vestígios de matéria e energia do universo primitivo, logo após o Big Bang, por meio de ondas de rádio.
O projeto conta com a participação do Governo da Paraíba, Governo Federal, Fapesq PB, Finep, FAPESP, governo chinês, além de várias universidades e institutos de pesquisa ao redor do mundo.
Por que a Paraíba foi escolhida?
A escolha do município de Aguiar, no Sertão paraibano, para a instalação do Bingo foi resultado de uma intensa pesquisa. A região não possui contaminação ou interferência de sinais de celular ou aeronaves, o que é fundamental para o funcionamento do radiotelescópio.
A estrutura do Bingo é equivalente ao tamanho do Maracanã. A antena parabólica de espelhos do radiotelescópio tem um corpo aproximado ao de um campo de futebol. Ela ficará apontada em um ponto fixo do céu e permitirá que, em 24 horas, cerca de 1/8 de toda a esfera celeste seja observada.
“Ciência já está sendo feita”
Apesar do atraso e do radiotelescópio ainda não operar como era inicialmente previsto, Élcio Abdalla, coordenador geral do projeto, ressaltou que estudos em relação às áreas nas quais o equipamento vai ser apontado para o céu, para mapear energia e matéria escura, além das ondas de rádio, estão em curso, porque não é possível que um projeto de tamanha envergadura seja conduzido “às cegas”.
“Quando a gente fala da parte científica, na verdade, essa parte já está em pleno funcionamento, só que ainda no papel. Se você considerar a parte de observação, essa não está ocorrendo, mas todo o projeto científico tem uma parte anterior que são feitos testes teóricos, que quando nós virmos alguma coisa (no céu), como é que vamos interpretar, quando tivermos tais e tais ruídos, como vamos eliminar? Estamos fazendo já de antemão”, explica.
O que o Bingo vai estudar?
O radiotelescópio Bingo, quando pronto, vai ser responsável por investigar a distribuição de massa do universo, tentar entender a matéria e a energia escura, além de procurar saber o que são as rajadas rápidas de rádio.
“A principal pergunta científica que nos motivou ao projeto é saber o que significa a chamada parte escura do universo. A parte que vemos corresponde a apenas 5% do universo e é muito pouco. Temos objetos 20 vezes maiores e mais intensos e que nós não compreendemos. Além disso, queremos compreender também a origem das emissões enormes de energias que, inicialmente, pensava-se ser algo terrestre ou um ruído, mas depois verificou-se que era energia vinda do espaço”, disse Élcio Abdalla quando o projeto do radiotelescópio foi lançado.
Por Gustavo Demétrio*