Notícia

Inovação Tecnológica

Radar de laser detectou rio de fumaça que escureceu São Paulo (147 notícias)

Publicado em 22 de agosto de 2019

Mix Vale Le Point (França) online Jornais Virtuais Boa Vista Já Pampulha online O Tempo (Contagem, MG) online Super Notícia 91,7 FM O Tempo online Desacato Planeta online Radar Santa Maria Portal do Holanda Televisa (México) O Eco Blog Jornal da Mulher Blog do Axel Grael TN Sustentável W Rádio Brasil Portal Neo Mondo Algomais online SP Agora Projeto Colabora WikiTribune (Reino Unido) El Comercio (Equador) Em Tempo (Manaus, AM) online Agência France Presse Le Parisien (França) online Le Journal de Montréal (Canadá) online El Economista (Argentina) online EcoDebate Cariri como eu vejo Larsavision.tv (México) Journal de Brazza (Congo) El Día (Argentina) online Blog do Hélcio Silva Atemporal Climatempo Actualité Israel .com (Israel) NSS Oaxaca (México) Climate News Network (Reino Unido) News Locker Nouvelles Du Monde Vanguardia (México) Maville (França) Mega Curioso Maville (França) A SociedadeRN Amazônia Journal du Tchad.com (Chade) UniverSmartphone (França) Izland BipBip (França) Le Défi Plus (Maurício) online Journal de Conakry.com (Guiné) Mosaïque FM (Tunísia) online Journal du Cameroun.com (Camarões) Ouest-France (França) online Le Journal de Québec (Canadá) online Orange Actu (França) TV5Monde (França) online Sciences et Avenir (França) online Le360 (Marrocos) La Libre (Bélgica) online Geo (França) online La Dernière Heure (Bélgica) online Bourse Direct (França) TN24 (Tunísia) Journal du Senegal.com (Senegal) Journal du Niger.com (Niger) Journal du Gabon.com (Gabão) Journal du Benin.com (Benin) RTL Info (Bélgica) Tambacounda.info (Senegal) ImprenÇa Mopays.com (Maurício) Journal De Kinshasa.com (Congo) Revista Ecológico online L'Echo (Bélgica) online Le Monde d'Antigone (França) El Mañana (México) online Sin Frontera Magazine (México) online Tamaulipas En Línea (México) Punto y Coma (México) Grillo Político (México) En Mocoa (Colômbia) La Hora (Peru) El Sol del Poniente (México) La República (Peru) online Classifique 106.5 (Argentina) online 24 México (México) FM Blue 105.3 (Argentina) online Palco Noticias (México) Por Esto! (México) online 24 Heures (Suíça) online Tribune de Genève (Suíça) online APWR - Associação Park Way Residencial Alma Rosa (México) Démian Blog (Uruguai) Resonancia digital DebeLeer - América Latina vLex México Regionvalles (México) Red Crucero (México) Yatusabe La Bandera Noticias (México) REA Nayarit (México) La Estrella de la Noticia (EUA) Noticias Antioquia (Colômbia) Actual Mitu Noticiero Universal (Espanha) Diario Democracia online (Argentina) Yucatán al Instante (México) Kakren Digital TheWorldNews.net 20 Minuten (Suíça) L'essentiel (Luxemburgo) SP Agora

Dois sistemas que permitem o monitoramento de poluentes atmosféricos estão ajudando os cientistas a entender fenômenos raros observados na cidade de São Paulo na última segunda-feira (19/08): o escurecimento repentino do céu no meio da tarde e a chuva acinzentada observada logo depois em algumas partes da Região Metropolitana.

Ainda no domingo (18/08), uma intensa pluma de material particulado com mais de 3 mil metros de altitude foi detectada por uma equipe do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) por meio do sistema Lidar. Sigla em inglês para "detecção de luz e medição de distâncias" (Light Detection And Ranging), o Lidar é um radar de laser que permite o sensoriamento remoto ativo da atmosfera para a detecção de poluentes.

"O sistema ilumina o céu e as partículas presentes na atmosfera refletem a luz, que captamos com um telescópio. Ao analisar esse sinal, conseguimos identificar o tipo de partícula e a distância da superfície em que ela se encontra," explica o professor Eduardo Landulfo, que trabalha com a tecnologia Lidar há mais de 20 anos.

Segundo o pesquisador, a pluma de poluição começou a pairar sobre a Região Metropolitana de São Paulo entre 4 e 5 horas da tarde de domingo - resultado de queimadas que ocorreram muito provavelmente de quatro a sete dias antes.

Posteriormente, com auxílio de imagens de satélites da Nasa e de um modelo que prevê a trajetória percorrida por massas de ar, os pesquisadores concluíram se tratar de partículas provenientes de queimadas ocorridas nas regiões Centro-Oeste e Norte, entre Paraguai e Mato Grosso, abrangendo trechos da Bolívia, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

Convergência

O pesquisador Saulo Ribeiro de Freitas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), explicou que a massa de ar poluído gerada pelas queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste geralmente é empurrada a 5 mil metros de altitude por ventos que sopram do Atlântico para o Pacífico (de leste para oeste), até esbarrar na Cordilheira dos Andes.

A fumaça começa então a se acumular sobre o leste do Amazonas, Acre, Venezuela, Colômbia e Paraguai - até que o chamado sistema anticiclone, com ventos que circulam a 3 mil metros de altitude no sentido anti-horário, começa a transportar a massa poluída na direção sul, margeando os Andes.

"O que ocorreu no início desta semana foi a convergência dessa massa de ar poluído que vinha do norte com uma frente fria vinda do sul. Os ventos convergiram e fizeram o rio de fumaça se curvar em direção à região Sudeste. Além da fuligem, outros poluentes presentes na atmosfera - como monóxido de carbono, dióxido de carbono, ozônio, óxido nitroso e metano - interagiram com as nuvens trazidas pela frente fria e potencializaram a formação de smog [termo em inglês que representa a mistura entre fumaça e neblina]," detalhou Saulo.

O transporte atmosférico de emissões de queimada sobre a América do Sul vem sendo monitorado no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe desde 2003, por meio do sistema CATT-BRAMS (Coupled Aerosol and Tracer Transport model to the Brazilian developments on the Regional Atmospheric Modelling System).

"Trata-se de um produto pioneiro que faz previsão para até três dias da qualidade do ar e que tem sido adotado em vários centros do mundo, entre eles o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), dos Estados Unidos," contou o pesquisador.

As previsões da qualidade do ar feitas no CPTEC podem ser consultadas diariamente pelo endereço http://meioambiente.cptec.inpe.br. Nas imagens obtidas pelo modelo BRAMS (foto) é possível ver que no dia 16 de agosto o "rio de fumaça" descia no sentido sul, atingindo Porto Alegre (RS) e parte da Argentina. Aos poucos, vai sendo desviado para o Sudeste e, no dia 20 de agosto, já cobre boa parte do Estado de São Paulo.

Chuva negra

De acordo com o professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Artaxo, durante sua trajetória rumo à região Sudeste, a pluma das queimadas interagiu com o vapor d'água na atmosfera, alterando as propriedades das nuvens.

"As partículas funcionam como núcleo de condensação da água. Assim, gotículas de chuva menores são formadas, mas em grande quantidade e isso faz com que uma maior parte da radiação solar seja refletida de volta para o espaço, a ponto de escurecer o solo, como aconteceu no último domingo," disse.

Segundo Saulo, a chuva de cor acinzentada também foi resultado dessa interação da fuligem com as nuvens. "A fumaça entranhou nas gotículas de chuva, sendo depois depositada na superfície da cidade de São Paulo", disse.

Trata-se de um fenômeno esperado do ponto de vista da química atmosférica, afirmou Artaxo, e não deve causar alarde. "Essa chuva não faz mal para as pessoas. Apenas caiu de uma nuvem com alta influência de queimadas," disse.

Análises feitas com uma amostra da água turva colhida na Zona Leste da capital pela bióloga Marta Marcondes, professora da Universidade Municipal de São Caetano (USCS), revelaram uma quantidade de sulfetos 10 vezes maior que a média normalmente observada em águas pluviais. "Essas substâncias normalmente estão relacionadas com a queima de biomassa e de combustíveis fósseis. Também chamou a atenção a grande quantidade de material particulado que ficou presa no filtro e a turbidez sete vezes maior que o normal," disse.

A equipe da professora Pérola de Castro Vasconcellos, do Instituto de Química da USP, por sua vez, identificou na água da chuva a presença de reteno, substância proveniente da queima de biomassa e considerada um marcador de queimadas.