Ser mulher solteira, desquitada ou viúva, ter mais de 60 anos, ler pouco, já ter tido fratura, apresentar dificuldade para realizar atividades físicas rotineiras (tomar banho, andar ou comer) e achar que não tem boa visão estão entre os fatores que aumentam as chances de queda no indivíduo idoso. Os dados são resultado do primeiro levantamento sobre o perfil do idoso "caidor", realizado pela fisioterapeuta Mônica Rodrigues Perracini, coordenadora do Centro de Reabilitação Gerontológica da Unifesp (São Paulo).
Além da queda em si, "outra complicação que pode ocorrer com o tombo é o medo e a insegurança que a pessoa passa a ter ao sair de casa, pegar ônibus ou ir à padaria. Com o tempo, isso a faz ter uma vida sedentária e a conseqüente má forma física", afirma Perracini. A pesquisa foi realizada com base nos dados coletados junto a 1.667 idosos do Lar Escola São Francisco.
TOMBOS E TROPEÇOS - A fratura de quadril é a principal conseqüência das quedas, seguida pela de punho. Segundo Mônica Perracini, "o risco de morte também pode aumentar com a cirurgia de quadril, pois o idoso fica imobilizado, o que acarreta uma maior chance de complicações".
Como o custo da prótese é muito elevado (cerca de 5 e 6 mil reais), muitos pacientes optam por realizar a cirurgia de quadril utilizando placas e pinos, cujo preço é bem mais acessível, explica a fisioterapeuta.
O estudo analisou dois tipos de "caidores": o indivíduo que costuma sofrer tombos uma vez ao ano; e o que cai com maior freqüência (mais de uma vez por ano). São considerados "caidores crônicos" os indivíduos que caem mais de duas quedas por ano. O perfil dessa parcela da população mostra que os tombos também fazem parte do cotidiano de homens e mulheres solteiros, desquitados ou viúvos.
PREVENÇÃO - Com o resultado do trabalho - obtido com base nos dados coletados no Período de 1991 a 1995 - Perracini acredita que "será possível investir mais em medidas preventivas e de reabilitação para evitar as quedas. Isso vai desde o acompanhamento das doenças já existentes até a adaptação ambiental do paciente, adequando o seu lar para reduzir os riscos existentes no local (tapetes, piso derrapante, iluminação deficiente). O Projeto Epidoso foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Segundo a fisioterapeuta, existem muitas formas de evitar tombos e quedas. Quando o problema é visual, é possível corrigí-lo na maioria dos casos. Se o idoso tiver um problema físico, serão indicados exercícios específicos para a 3 a idade com o objetivo de fortalecer os músculos e aumentar o equilíbrio e a mobilidade, conclui a especialista.
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Diário do Nordeste