O estilo de vida com pouca atividade física e uma dieta baseada no consumo de altos teores de açúcar, sal, colesterol e gordura saturada - é conhecido por induzir processos inflamatórios e problemas cardiometabólicos, bem como maior ocorrência de obesidade e doenças autoimunes.
Estudo coordenado pela Universidade de São Paulo (USP) aponta que as pessoas que já tiveram dengue anteriormente são duas vezes mais propensas a desenvolver sintomas da Covid-19 quando infectadas pelo vírus.
A pesquisa, coordenada pelo professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP Marcelo Urbano Ferreira, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi divulgada na revista científica Clinical Infectious Diseases .
O professor e pesquisador disse à Agência Fapesp que os resultados do estudo demonstram que as populações mais expostas à dengue correm mais risco de adoecer se forem infectadas pelo novo coronavírus. “Este é um exemplo do que tem sido chamado de sindemia [interação sinérgica entre duas doenças de modo que uma agrava os efeitos da outra]: por um lado, a Covid-19 tem atrapalhado os esforços de controle da dengue, por outro, esta arbovirose parece aumentar o risco para quem contrai o novo coronavírus”.
O estudo
A pesquisa foi realizada com 1.285 participantes, todos residentes da cidade de Mâncio Lima, no Acre. Análises de amostras de sangue foram obtidas em novembro de 2019 e novembro de 2020.
O material coletado foi submetido a testes capazes de detectar anticorpos contra os quatro sorotipos da dengue e também contra o novo coronavírus. As análises apontaram que 37% dos participantes já haviam contraído a dengue até novembro de 2019 e 35,2% já haviam sido infectados pelo SARS-CoV-2 em 2020.
“Por meio de análises estatísticas, concluímos que a infecção prévia pelo vírus da dengue não altera o risco de um indivíduo ser contaminado pelo SARS-CoV-2. Por outro lado, ficou claro que quem teve dengue no passado apresentou mais chance de ter sintomas uma vez infectado pelo novo coronavírus”, explicou à Agência Fapesp a pós-doutoranda no ICB-USP e primeira autora do artigo, Vanessa Nicolete.
Os pesquisadores do estudo não sabem precisar as causas do fenômeno descrito no artigo. Eles concluíram que epidemias sequenciais de dengue e Covid-19 impõem uma carga extra de doença para populações amazônicas, sem nenhuma evidência de que as infecções causadas pela dengue tenham proteção cruzada contra a Covid-19.