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Correio do Povo (Porto Alegre, RS)

Quatro pontos para mitigar a crise hídrica (1 notícias)

Publicado em 16 de outubro de 2022

Por Da Redação

Quatro pontos para mitigar a crise hídrica Na publicação da revista Nature, endossada por mais de 90 pesquisadores, os cientistas sugerem quatro pontos de ação para mitigar a crise hídrica. O primeiro deles é a otimização do uso da água. O artigo aponta que apenas 13% do solo cultivado no Brasil conta com irrigação e aponta que aquíferos encontram-se em solo brasileiro subutilizados. “ O setor agrícola deve construir resiliência climática utilizando essas águas subterrâneas, especialmente durante secas extremas ”, diz o texto. Entretanto, é necessário que esse uso seja feito de forma sustentável, para evitar o esgotamento das fontes. Para tal, voltamos à questão da gestão hídrica: é necessário um bom monitoramento de recursos hídricos.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em livro lancado em comemoração a seus 60 anos, reúne o trabalho de diversos cientistas e aponta os benefícios de seguir esta estratégia. “ Uma política pública que resultasse num grande esforço de monitoramento de recursos hídricos, tanto superficiais quanto subterrâneos, se pagaria facilmente com o ganho de receita, empregos e arrecadação de impostos que a agricultura irrigada propiciaria ”, garantem. Isso é válido também para a melhor gestão dos recursos já utilizados hoje em dia, necessidade para que consequências mais graves não sejam observadas nos próximos anos.

Os autores propõem que o Estado seja responsável por um plano de secas, vendo a escassez de água como um problema de segurança nacional e internacional. Um monitoramento da disponibilidade de água subterrânea é uma obrigação. De acordo com o artigo, o Brasil supervisiona a água subterrã nea em 409 locais em todo o país, enquanto a rede indiana tem mais de 22 mil pontos de monitoramento.

Outro ponto destacado no artigo da Nature é a questão da diversificação das fontes de energia. Os pesquisadores observam que, quando não há água suficiente para gerar eletricidade, o país se volta à queima de combustíveis fósseis, por meio das termelétricas, mais caras e poluentes. “[ A diversificação das fontes de energia] é necessária, a gente precisa avançar mais nesse aspecto ”, concorda Marques. E preciso pensar soluções para o armazenamento de energia eólica e solar. “ São energias intermitentes.

Quando tem sol está gerando, quando não tem, não gera. Só que a demanda na rede varia. Então, a gente tem a necessidade de poder armazenar essa energia. Hoje a gente tem basicamente duas formas de armazenar energia: uma é combustível, seja nuclear, gás, carvão, óleo, e a segunda é água atrás da barragem. Ainda não temos outra tecnologia de armazenamento, então, na medida em que a gente vai instalando mais fontes de energia renováveis, nós precisamos também pensar em como vamos armazená-la para poder atender às variações na demanda ”, estimula. Por fim, os cientistas defendem o fim do desmatamento na Amazônia.

De acordo com os especialistas, o desmatamento é um fator contribuidor para a crise hídrica brasileira e mundial. Isso por conta de um fenômeno chamado de “ rios voadores ”, em que a umidade da transpiração das árvores amazônicas é carregada pelas nuvens para outros locais. “ E preciso ressaltar a importância da água para o Brasil, para a vida. E quanto tempo a gente ficou imaginando que a água era um recurso infinito? A água talvez seja nosso bem mais precioso, que a gente precisa mais dar atenção ”, finaliza Cataldi.